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9.12.15

Já nasceram mais de 77.500 bebés este ano

In "TVI 24"

Um aumento que inverte a curva da demografia portuguesa. Os dados são do Instituto Ricardo Jorge, com base nos testes do pezinho realizados até 30 de novembro.

O número de crianças nascidas em Portugal aumentou este ano, atingindo os 77.621 nascimentos no final de novembro, mais 2.168 do que no mesmo período do ano passado, segundo o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

Com base nos recém-nascidos rastreados no Teste do Pezinho, o INSA apurou que, até 30 de novembro deste ano, tinham nascido 77.621 crianças.

Setembro foi o mês com mais nascimentos (8.099), seguindo-se julho (7.773) e outubro (7.549).

Em 2014 tinham sido rastreadas 75.453 crianças, com outubro a ser o mês com mais nascimentos (7.829), segundo a Lusa.

O Teste do Pezinho é um indicador do número de crianças nascidas em Portugal, uma vez que se trata de uma amostra de sangue colhida no pé da criança entre o seu terceiro e sexto dia de vida.

Através deste teste são rastreadas 24 doenças hereditárias do metabolismo e o hipotiroidismo congénito e está a decorrer um estudo para fibrose quística.

Estão a nascer mais seis bebés por dia

Joana Pereira Bastos, Raquel Moleiro, in "Expresso"

Nascimentos aumentam pela primeira vez desde 2010. Até novembro, foram realizados mais 2168 testes do pezinho do que em 2014. Já nasceram cerca de 78 mil bebés

Este ano estão a nascer, em média, mais seis bebés por dia. Segundo dados do Instituto Ricardo Jorge, entre 1 de janeiro e 30 de novembro foram realizados 77.621 testes do pezinho — exames de rastreio feitos a todos os recém-nascidos —, mais 2168 do que no mesmo período do ano passado. Apesar de faltar ainda um mês para acabar o ano, já é, por isso, praticamente certo que a natalidade vai finalmente aumentar, depois de quatro anos em queda abrupta.

A notícia do aumento de nascimentos chegou a ser dada no ano passado, também com base no número de testes do pezinho, mas acabou por não se confirmar. Alguns exames foram contados em duplicado, o que distorceu os dados. Na realidade, a natalidade diminuiu novamente em 2014, voltando a bater-se um novo mínimo histórico (82.367 bebés).

Este ano, no entanto, parece não haver dúvidas: deverá mesmo aumentar, ainda que de forma ligeira, assegura ao Expresso Laura Vilarinho, responsável pelo Programa Nacional de Diagnóstico Neonatal, que efetua estes exames de rastreio de 25 doenças genéticas.

Só em novembro, foram realizados mais 500 testes relativamente ao mesmo mês de 2014. À exceção de janeiro e outubro, em que os testes desceram, todos os meses registaram uma subida. Apesar do aumento, o número de nascimentos ocorridos em 2015 deverá continuar, ainda assim, a ser dos mais baixos de que há registo. E não são esperadas subidas significativas nos próximos anos.

“Independentemente da conjuntura económica, dificilmente voltaremos a superar a barreira dos 100 mil nascimentos, a não ser que Portugal consiga reverter o saldo migratório”, diz a demógrafa Maria João Valente Rosa. A natalidade tem vindo a decrescer, de forma constante, desde a década de 1970, mas a crise económica dos últimos anos tornou a queda ainda mais abrupta. Só entre 2010 e 2014, os nascimentos caíram quase 20%.

BOA MÃE OU BOA TRABALHADORA
Para a pediatra Maria do Céu Machado, que integrou a Comissão para a Política da Natalidade em Portugal, criada pelo Governo de Passos Coelho, “a perceção de uma certa melhoria da conjuntura económica, que começou a instalar-se desde meados do ano passado, nomeadamente a partir da descida do desemprego, pode ter contribuído para o aumento do número de nascimentos”.

Maria João Valente Rosa, no entanto, tem dúvidas de que esse seja o principal fator. A idade, acredita, pesou mais. “Nos últimos anos, as pessoas foram adiando o projeto de ter filhos à espera de melhores dias. Mas o tempo passou. Muitas mulheres começaram a chegar ao limite da idade fértil e já não podiam adiar muito mais.”

Em 2014, a idade média da mulher ao primeiro filho ultrapassou, pela primeira vez, a barreira dos 30 anos. Mas a crise não chega para explicar o retardamento da maternidade, uma tendência que vem a acentuar-se desde o início dos anos 1980. Nessa altura, as portuguesas eram mães, em média, aos 23.

A valorização académica e profissional faz com que as mulheres optem por ter filhos cada vez mais tarde, quando têm a carreira mais consolidada. “A verdade é que ter um bebé ainda representa um risco para o emprego da mulher. Em muitas empresas ainda há a ideia de que ou se é boa mãe ou se é boa trabalhadora”, lamenta Valente Rosa.

Por isso, a investigadora da Universidade Nova de Lisboa defende que, mais do que incentivos fiscais, são precisas medidas que promovam uma melhor conciliação da vida familiar e profissional e maior partilha de responsabilidades entre pai e mãe, que ainda é “profundamente desigual”.

“É preciso pensar além de uma legislatura. Temos de pensar a 20 anos e apostar numa mudança de mentalidades”, diz. Maria do Céu Machado concorda: “As medidas mais importantes para reverter a tendência de decréscimo da natalidade têm a ver com a proteção do emprego da mulher. Muitas empresas ainda veem a gravidez com maus olhos”, condena.

O caso de Sónia Ribeiro, de 35 anos, e Paulo Vieira, de 40, concentra num só quase todas as explicações: a crise, o adiamento da maternidade, as empresas pouco amigas da multiplicação da espécie e a retoma. Foram pais pela segunda vez há cinco meses. Lorena, a filha mais velha, teve de esperar até aos nove anos para ter a irmã que pedia desde que aprendeu a falar. Ao interregno os pais chamaram crise. Primeiro veio a financeira, que lhes entrou casa adentro, e que por arrasto trouxe a crise de natalidade.

Em 2011, quando a troika chegou a Portugal, Sónia tinha um café na vila de Sintra. O resgate financeiro oficializava a recessão mas ela já a sentia há meses nas contas da empresa. Fechou as portas um ano depois, quando as despesas ameaçavam ultrapassar o lucro. Durante seis meses a casa geriu-se só com o salário de Paulo, avaliador e vendedor de automóveis.

“Foi um período muito difícil, no desemprego, a que se seguiram dois anos e meio de trabalho precário, como auxiliar educativa num colégio privado, a recibos verdes”, recorda Sónia. “Por mais que quiséssemos, não tínhamos condições para ter mais um filho. Só avançámos com a segunda gravidez depois de me prometerem que iria assinar contrato.” Isso nunca aconteceu. Estava a caminho da maternidade, quando lhe ligaram da escola a dizer que precisavam de conversar com urgência. Dias depois soube o motivo: “Afinal não havia contrato e, com uma bebé de dias nos braços, propuseram-me um horário das 18h às 22h. Recusei e vim-me embora”.

Voltou ao desemprego, mas por pouco tempo. Em novembro, tinha a filha quatro meses, Sónia reiniciou a procura de trabalho. Uma empresa privada de transporte escolar precisava de um condutor. Ela candidatou-se e ficou. Pediram-lhe que começasse imediatamente. Explicou que tinha uma bebé e precisava de inscrevê-la numa creche. O empregador resolveu depressa o entrave: das 7h às 9h e das 16h às 18h30, nas voltas entre colégios de Sintra e Lisboa, Morgana vai na carrinha, no seu ‘ovo’, ao lado da mãe.

INCENTIVOS À NATALIDADE
MEDIDAS APROVADAS ESTE ANO NO PARLAMENTO
. Flexibilidade de horário aos pais funcionários públicos, com possibilidade de trabalho a meia jornada e redução de 40% do vencimento
. Possibilidade de as licenças parentais por parto passarem a ser gozadas em simultâneo por mãe e pai
. Aumento do valor do subsídio parental inicial de 83% para 90%, se os 180 dias forem partilhados entre o pai e a mãe

MEDIDAS PROPOSTAS PELO GOVERNO
. Alargar a rede de creches nos grandes centros urbanos
. Promover a criação de creches partilhadas por agrupamentos de empresas
. Assegurar o funcionamento da escola pública a tempo inteiro até aos 14 anos
. Alargar aos avós a possibilidade de redução de horário ou justificação de faltas para assistência aos netosexto publicado na edição do Expresso de 5 dezembro 2015

15.12.14

Taxa de natalidade estabiliza, depois de anos de quedas abruptas

Alexandra Campos, in Público on-line

De Janeiro a Novembro deste ano tinham nascido apenas menos 58 bebés do que no mesmo período de 2013. Mas a taxa de natalidade em Portugal continua a ser das mais baixas da Europa.

As piores previsões não se confirmaram. Em 2014, o número de nascimentos deverá ser semelhante ao de 2013, contrariando a tendência verificada nos últimos três anos, em que sucessivas quedas abruptas na taxa de natalidade fizeram soar campainhas de alarme e colocaram na agenda política o fenómeno do declínio demográfico.

Este ano, entre Janeiro e Novembro, o número de “testes do pezinho” (exames de rastreio feitos aos bebés nos primeiros dias de vida) indica que nasceram em Portugal apenas menos 58 crianças do que no mesmo período do ano anterior. Ao longo destes 11 meses, foram rastreados 75 985 recém-nascidos, enquanto no mesmo período do ano passado tinham sido estudados 76 043, especifica Laura Vilarinho, responsável pela Unidade de Rastreio Neonatal, Metabolismo e Genética do Instituto de Saúde Dr. Ricardo Jorge, que acompanha a evolução dos nascimentos com base nestes testes de diagnóstico precoce.

Depois de um primeiro semestre que fazia pensar numa nova quebra da natalidade em 2014, o aumento verificado nestes últimos meses compensou a descida, e, se em Dezembro não houver surpresas, teremos um ano idêntico do de 2013. “De Janeiro a Novembro, o número de testes é semelhante ao do ano passado”, constata Laura Vilarinho, satisfeita com esta “recuperação”.

Poderá dizer-se que estamos perante uma mudança de tendência? Cautelosa, Laura Vilarinho lembra que a queda da natalidade em Portugal não é um fenómeno recente e que só depois de o total de nascimentos ter ficado abaixo dos 100 mil por ano é que começou a ser um tema de discussão e preocupação. Quando o programa de rastreio neonatal se iniciou, em 1979, nasciam cerca de 160 mil crianças por ano em Portugal, ou seja, quase o dobro do que acontece actualmente (em 2013 nasceram 82 787 bebés).

Outros especialistas ouvidos pelo PÚBLICO defendem também que ainda é cedo para retirar conclusões. “Poderá ser o princípio de uma inflexão. Mas provavelmente é conjuntural. Nos anos anteriores, houve um adiamento da maternidade, uma contenção, mas não podíamos continuar sempre a baixar. A expectativa de que as circunstâncias iam mudar não se verificou e as pessoas não esperaram mais, concretizaram o seu desejo de ter filhos”, ensaia, em jeito de explicação, a demógrafa e professora catedrática no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa Ana Fernandes. A especialista sublinha, porém, que a taxa de natalidade “não é tudo” e que é preciso olhar para a taxa de fecundidade – ou seja, o número de filhos por mulher em idade fértil.

O problema é que, no ano passado, Portugal detinha já a mais baixa taxa de fecundidade dos países da União Europeia (média de 1,21) e a idade média no nascimento do primeiro filho ascendia aos 29,7 anos. “É impressionante”, admite Ana Fernandes, que acredita, mesmo assim, que a situação poderá não ser irreversível. “Nos anos 90, Itália tinha uma taxa de fecundidade semelhante a esta e recuperou. França também conseguiu recuperar, graças a uma série de políticas e de incentivos”, exemplifica. A demógrafa pensa até que em Portugal se poderá estar a assistir já àquilo que designa como “uma revalorização da maternidade”.

Efeito “calendário”?
“Com a percepção de crise, uma percentagem de mulheres foi adiando a maternidade à espera de melhores dias, até ao limite biológico em que poderia ser tarde de mais. É o chamado efeito calendário”, corrobora Paulo Nossa, docente de Geografia da Universidade de Coimbra e investigador do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, que não se surpreende com os números de 2014. Mas ainda é cedo para bater palmas, acentua: “Um ano não justifica, por si só, o mínimo sorriso de optimismo”.

Recordando as recentes projecções demográficas do Instituto Nacional de Estatística até 2060, que apontam para um ligeiro acréscimo da fecundidade, Paulo Nossa nota que, mesmo assim, Portugal manter-se-á “na cauda da natalidade” na União Europeia, onde, de resto, nenhum país está a substituir gerações. Soluções? “Os países com melhor desempenho a este nível são aqueles onde os horários de trabalho são mais flexíveis e as tarefas domésticas mais partilhadas”, explica.

Voltando aos números do “teste do pezinho”, tudo indica portanto que este ano Portugal não voltará a bater um recorde negativo em termos de natalidade, como se temia. Mas, à semelhança do que aconteceu nos últimos anos, com as mortes a suplantarem o total de nascimentos, voltaremos a registar um saldo natural negativo, uma vez que o número de óbitos se mantém relativamente estável, rondando pouco mais de 100 mil por ano.

5.7.12

Quebra na natalidade coloca nascimentos em mínimos históricos

in RR

No primeiro semestre deste ano nasceram menos quatro mil bebés, do que em igual período do ano passado.

A taxa de natalidade nacional está em vias de chegar a mínimos históricos este ano. Os nascimentos podem nem sequer chegar aos 90 mil.

Dados do Centro de Genética Médica Doutor Jacinto Magalhães - citados pelo “Diário de Notícias” – mostram que no primeiro semestre deste ano nasceram menos quatro mil bebés, do que em igual período do ano passado.

Os números têm por base o chamado "teste do pezinho".

Se a tendência se mantiver haverá menos oito mil bebés no final do ano em relação a 2011, ou seja, os números devem ficar pelos 89 mil nascimentos.

Estes números podem ser explicados pela crise: “A precaridade, a imprevisibilidade, a incerteza, faz com que as famílias pelo menos tentem adiar os filhos que querem ter. Obviamente que num quadro de elevado desemprego e de grande incerteza face ao futuro do país e da situação económica e financeira, é natural que as famílias pensem assim, sobretudo nos casos em que têm idade para adiar a vinda dos filhos. Pode ser uma causa para estes últimos dois anos em que a fertilidade se deprime ainda mais”, explica Filomena Mendes, demógrafa da Universidade de Évora.