in Jornal Público
A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) lançou ontem a Campanha Nacional para o Direito à Alimentação. O projecto passa pelo estabelecimento de uma rede de recolha e distribuição de alimentos aos mais carenciados. Não são os consumidores que vão contribuir com os bens, como acontece com as campanhas do Banco Alimentar, mas instituições ligadas à produção alimentar, à hotelaria, à restauração e às bebidas. As empresas vão poder contribuir com sobras e também com alimentos não confeccionados.
O município de Oeiras é o primeiro a acolher o projecto da AHRESP, mas não vai ser o único. Segundo declarações à agência Lusa de José Manuel Esteves, secretário-geral da AHRESP, 307 outras autarquias vão aderir à iniciativa. O papel dos municípios será importante, visto que sabem, "melhor do que ninguém, que instituições sociais existem no concelho e o que precisam".
De acordo com informações que a AHRESP fez chegar ao PÚBLICO, podem contribuir "todas as empresas e instituições privadas e públicas". O objectivo é criar "redes de proximidade, que "se auto-organizem". Assim, cada vez que uma empresa se inscrever no Balcão Único Empresarial, mostrando o seu interesse em fazer um donativo, os parceiros mais próximos são informados e é dado início ao processo de recolha e distribuição dos bens. O objectivo será aproveitar, nomeadamente, as sobras do sector. O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte reagiu à campanha da AHRESP, classificando-a de "no mínimo estranha", visto que os restaurantes "não têm praticamente sobras" e os que as têm "só demonstram falta de competência e má gestão". O sindicato acusou a AHRESP de não se preocupar com a situação dos trabalhadores de empresas filiadas, que recebem o salário mínimo. A AHRESP irá emitir uma posição. A cerimónia de lançamento contou com a presença do Presidente da República, patrocinador da iniciativa. PÚBLICO/Lusa