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7.5.20

Pandemia tira 8,2% aos rendimentos do trabalho, mesmo com apoios do Estado

Margarida Peixoto, in Negócios on-line

As famílias mais jovens serão as mais afetadas, porque são as mais dependentes dos rendimentos do trabalho. As mais ricas também são, genericamente, as que mais perdem.

A pandemia de covid-19 vai tirar, no curto prazo, 8,2% ao rendimento do trabalho, em termos médios e mensais, das famílias em Portugal. Isto, mesmo considerando que são mobilizadas todas as medidas de apoio disponibilizadas pelo Estado para reagir à crise. Os cálculos são do Banco de Portugal e foram divulgados esta quarta-feira, 6 de maio, no âmbito do Boletim Económico.

Antes da pandemia, o rendimento médio mensal líquido, fruto do trabalho, das famílias em Portugal era de 871 euros. Com o impacto da covid-19 – nomeadamente, a necessidade de muitas empresas colocarem trabalhadores em layoff por não terem faturação para fazer face aos custos fixos – o rendimento médio mensal das famílias cai para 800 euros.

Olhando para o rendimento disponível, a queda estimada é menor, na ordem dos 5,3% – passa de um rendimento mensal líquido disponível de 1.566 euros, para 1.482 euros mensais.

Estes impactos são estimados para o curto prazo, não incorporando outros efeitos de equilíbrio geral da economia, nomeadamente o "contágio entre a redução de atividade nos diversos setores, a ligação entre as quedas de rendimento das famílias e a procura dirigida às empresas", a interação com a banca ou mesmo os custos orçamentais das medidas de apoio em causa. Estes efeitos podem ser "particularmente significativos", assumem os economistas do banco central.

Os cálculos do Banco de Portugal também não têm em conta outro tipo de rendimentos, como por exemplo de rendas, negócios ou ativos financeiros, porque os dados indicam que têm um peso negligenciável (cerca de 4%) no conjunto dos rendimentos das famílias, em termos médios.

Famílias mais jovens e mais ricas perdem mais

O estudo do Banco de Portugal permite ainda concluir que são as famílias mais jovens, e as mais ricas, que perdem mais rendimento. Isto acontece porque estas famílias dependem mais dos rendimentos do trabalho, que são particularmente afetados na pandemia. No caso das famílias mais ricas, a maior perda também decorre do facto de medidas como o layoff terem um limite máximo para o valor do apoio.

Há, contudo, uma exceção: cerca de um terço das famílias muito pobres, que ficam até ao percentil 20 de rendimentos. Neste patamar, o peso das famílias que dependem dos rendimentos do trabalho é comparativamente baixo (34,1% contra, por exemplo, 75,9% no percentil de rendimento médio).

Mas estas famílias estão particularmente vulneráveis: perdem 8,6% do seu rendimento líquido do trabalho, acima da média. Só as famílias mais ricas (acima do percentil 90) perdem mais (11,1%) do que este grupo. Uma possível explicação é que estas famílias têm empregos em setores muito afetados pela pandemia, como o da restauração e alojamento. Aliás, o estudo do Banco de Portugal permite concluir que a pandemia atira cerca de um terço das empresas deste setor para uma situação de défice de liquidez, em que não tem verbas suficientes para pagar os seus custos fixos.

Outra conclusão do estudo é que há, ainda assim, cerca de metade das famílias em Portugal que não veem os seus rendimentos afetados como consequência da pandemia. Isto acontece por dois fatores: ou porque não têm rendimentos do trabalho, ou porque trabalham em setores que não são significativamente atingidos.

6.5.20

Pandemia corta 8,2% ao rendimento do trabalho das famílias

Sérgio Aníbal, Público on-line

Famílias perdem rendimento e mais empresas entram em situação de défice de liquidez, mas simulações do Banco de Portugal mostram também o efeito mitigador das medidas entretanto adoptadas

Uma perda do rendimento do trabalho de 8,2% é um dos impactos que a crise económica trazida pela pandemia trará para as famílias portuguesas, calcula o Banco de Portugal, que antecipa, mesmo num cenário em que as medidas tomadas pelo Governo mitigam os efeitos negativos, ainda um aumento do número de empresas a sofrerem com falta de liquidez financeira.

No boletim económico publicado esta quarta-feira, era suposto o Banco de Portugal apresentar apenas uma análise do que aconteceu à economia portuguesa em 2019.

No entanto, tendo em conta o autêntico terramoto trazido à economia pelo novo coronavírus e pelas medidas de confinamento adoptadas para o controlar, os responsáveis pelo banco central acrescentaram ao documento várias simulações sobre aquilo que pode acontecer às famílias e às empresas durante este ano por causa da pandemia.

Um dos efeitos é a redução do rendimento das famílias. Na simulação realizada, o Banco de Portugal começa por estimar, para cada um dos 38 sectores de actividade, qual será o choque negativo na actividade: por exemplo, no alojamento e restauração, o pressuposto assumido é que as quebras nas vendas durante o período de confinamento serão de 70%. Na construção bem menos: 27%.

Com base nestes números, o banco assume que esta é também a probabilidade de um trabalhador desse sector sofrer perdas no seu rendimento, por exemplo, com a passagem para o regime de layoff nos casos em que seja possível recorrer a esse instrumento.

No total, o número a que o Banco de Portugal chega é a uma perda do rendimento de trabalho de 8,2% para as famílias portuguesas. Essa perda é mais acentuada para os trabalhadores que se encontram nos dois extremos dos escalões de rendimento, os mais ricos e os mais pobres.

Para os 10% com maior rendimento, a perda estimada é de 11,1%. Este valor mais alto do que a média é explicado pelo facto de “o rendimento do layoff e do apoio aos trabalhadores independentes estar limitado a um valor máximo”.

Já para os 20% com menor rendimento, a perda estimada é de 8,6%, também acima da média, algo que acontece porque estes trabalhadores “estão relativamente concentrados em sectores mais afectados pela pandemia ou em segmentos que não beneficiam das medidas de apoio ao rendimento”.

Sem impacto para alguns
O Banco de Portugal calcula ainda qual o efeito no rendimento disponível total das famílias, que inclui outras fontes de rendimento para além do trabalho, como as pensões ou as rendas de imóveis. Neste caso, contudo, assumiu na simulação que estes rendimentos não provenientes do trabalho não sofrem alterações com a pandemia (algo que pode ser totalmente verdade no caso das pensões, mas que não corresponde inteiramente à realidade no caso das rendas imobiliárias, por exemplo).

Assim, sem surpresa, aquilo que se verifica é que a quebra estimada no rendimento disponível das famílias é mais moderada do que a calculada unicamente para os rendimentos do trabalho: 5,3%.

Isto é particularmente evidente no caso das famílias com rendimentos mais baixos, onde as pensões de reforma têm um peso muito alto como fonte de rendimento. Neste caso, a perda de rendimento disponível estimada é de apenas 2,4%.

Com base nestas simulações, o banco assinala ainda que “a pandemia não tem qualquer impacto no rendimento para uma percentagem considerável de famílias”. “É principalmente o caso das famílias que não têm rendimentos do trabalho e daquelas em que todos membros trabalham em sectores não afectados pela pandemia, que representam cerca de 50% do total de famílias”, afirma o relatório.

O Banco de Portugal conclui também que as medidas adoptadas ao longo das últimas semanas para para além do layoff – nomeadamente as moratórias da renda ou da prestação bancária – podem mitigar de forma significativa a quebra dos rendimentos mensais de muitos portugueses.

Usando um outro indicador – o valor médio do rendimento deduzido de despesas – o banco central diz que em vez de uma quebra de 14% quando se consideram apenas as medidas de apoio ao rendimento, a quebra pode ser de apenas 8% quando se considera também a possibilidade de recurso às moratórias. Neste caso, o impacto positivo das medidas é particularmente acentuado nas famílias com rendimentos mais baixos.

Se no caso das famílias as simulações feitas pelo Banco de Portugal dizem respeito ao rendimento, no caso das empresas aquilo que é feito é uma análise à liquidez que estas conseguem ter no actual cenário de crise, o indicador que permite avaliar se serão capazes de sobreviver a este primeiro impacto da pandemia.

Utilizando as bases de dados existentes sobre a empresas que existem em Portugal, o banco central viu qual o nível de liquidez financeira de que dispunham à partida para esta crise e verificou que receitas, despesas variáveis e despesas fixas poderiam esperar ao longo destes meses. O choque assumido nas vendas por cada empresa varia de acordo com o sector a que pertence e de acordo com os dias que demora o confinamento.

Num cenário em que se assume uma duração de 40 dias para o choque na actividade, o Banco de Portugal diz que 17% das empresas sentiriam um défice de liquidez, ficando incapazes de fazer face aos seus compromissos, um valor que se tem de comparar com os cerca de 11% que aconteceriam mesmo sem a pandemia (é normal algumas empresas enfrentarem situações deste tipo mesmo sem crise).

Depois, calcula o Banco de Portugal, se se levar em conta a redução de custos fixos de que podem beneficiar as empresas por causa da medida do layoff simplificado (que o Banco de Portugal estima poder vir a ser usado por 135 mil empresas e 1,2 milhões de trabalhadores), o número de empresas com défice de liquidez diminui para 12%, apenas ligeiramente acima do cenário sem pandemia.

Estas empresas têm nos seus quadros 186 mil trabalhadores, mais 69 mil do que no cenário em que um choque não teria ocorrido.

Claro que há sectores mais afectados do que outros. O relatório destaca que, sem considerar o layoff, o sector com maior percentagem de empresas com défice de liquidez é o do “alojamento, restauração e similares”, ascendendo a 31% das empresas, o que fica 12 pontos percentuais acima do cenário sem pandemia. Com o apoio do layoff, este número, contudo baixa para 19%.

Os sectores “comércio” e “indústrias transformadoras” registam 16% das empresas com défice de liquidez, o que representa um acréscimo face ao cenário sem pandemia de cinco e sete pontos percentuais, respectivamente. Com o layoff estes números baixam para 12% e 9%.

Calor que, quantos mais forem os dias em que o choque persiste, maior a percentagem de empresas que acaba por enfrentar dificuldades ao nível da liquidez. Ainda assim, o banco calcula que, com o recurso ao apoio do layoff, 56% das empresas nunca chega a uma situação de défice de liquidez, seja qual for a duração do choque. E mais, os cálculos feitos, não levam em conta a possibilidade das empresas recorrerem às novas linhas de crédito criadas durante a crise.

1.10.13

Rendimento das famílias contará para pagar lares de idosos nos Açores

in Jornal de Notícias

Os rendimentos do agregado familiar dos idosos que entrem num lar nos Açores vão passar a ser levados em conta para calcular o valor que cada um pagará, revelou esta segunda-feira a secretária regional da Solidariedade Social.

Segundo Piedade Lalanda, o Governo dos Açores pretende rever em 2014 as portarias que definem a "comparticipação familiar" no pagamento de valências das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), sendo o objetivo uniformizar critérios.

A secretária regional explicou que nas creches e ATL, por exemplo, os rendimentos do agregado familiar são levados em conta para calcular essa comparticipação, mas isso não acontece em relação aos lares de idosos.

No caso dos lares, o critério usado é sempre 80% da pensão do idoso, independentemente do seu valor e dos rendimentos da sua família.

"Entendemos que esse critério está desajustado da realidade atual. Alguns idosos têm pensões muito baixas e eventualmente vivem em agregados familiares com alguma capacidade financeira e a família fica isenta de colaborar com o Estado nos cuidados aos seus familiares", afirmou Piedade Lalanda aos jornalistas.

"Queremos usar o mesmo critério que é usado para a infância. No fundo, uniformizar o que é um agregado carenciado", afirmou.

A secretária regional falava em Ponta Delgada, no final da reunião do Conselho Regional de Concertação Estratégica, na qual o Governo dos Açores apresentou aos parceiros sociais a proposta de plano de investimento público para 2014, no âmbito da preparação do orçamento da região para o próximo ano.

Pouco antes, o presidente da União das Misericórdias dos Açores, António Marcos, tinha considerado positiva esta proposta do Governo Regional.

7.10.12

Rendimento das famílias está nos valores de 1999

por Matilde Torres Pereira, in RR

“O consumidor procura uma nova frugalidade”
A vida está mais cara e os portugueses estão mais pobres. Foram cortados subsídios, aumentaram os preços. O professor Pedro Dionísio, do ISCTE, explica como estas mudanças estão afectar profundamente os hábitos de vida.

De acordo com os dados da Pordata e do Instituto Nacional de Estatística (INE), nessa altura, um agregado familiar tinha, em média, 2.111 euros em rendimento disponível, depois de descontados os impostos, dividido por 14 salários anuais.

Desde esse ano, as quebras foram mais frequentes que os aumentos, contrariando o aumento da inflação, com excepção nos anos em que o Governo de José Sócrates subiu os salários da Função Pública. Essa medida levou a que, em 2010, cada família tivesse, em média, 2.188 euros para gastar por mês, mais 77 euros que dez anos antes. Mas foi sol de pouca dura.

Em 2011, ano em que a “troika” entra em Portugal, há registo de nova queda, acentuada: de 2.188 para 2.055 euros. De um ano para o outro, os portugueses perderam, pelo menos, 133 euros mensais.

“Consumidor procura uma nova frugalidade”
Com pouco mais de dois mil euros mensais, num orçamento doméstico corrente, é forçoso fazer mais com menos dinheiro. A realidade das famílias portuguesas levou a uma profunda mudança nos padrões de consumo, como explica o professor de Marketing Pedro Dionísio, do ISCTE-IUL.

“É um consumidor que procura uma nova frugalidade”, diz. “É mais racional e tende para um consumo mais virado para responder às suas necessidades mais básicas e evitar situações supérfluas.”

“Os padrões estão claramente a mudar”, acrescenta Pedro Dionísio, exemplificando: “Na área alimentar, que talvez seja a mais visível, vemos uma procura mais racional. Há outras áreas em que os consumidores tinham gastos relativamente elevados e essas é onde existe contracção devido à retracção do poder de compra - como por exemplo, a área da saúde, os transportes ou o entretenimento”.

Desde há uma década subiram os impostos, os preços dos bens alimentares, os preços dos transportes, dos combustíveis, da luz, gás e água, das rendas e o custo de vida em geral, e com a entrada do Governo de Passos Coelho em 2011, as mudanças foram muitas e gravosas para a maior parte das famílias.

Foram cortados subsídios, aumentaram os preços dos transportes em média em 15%, aumentou o IVA no gás e electricidade de 6 para 23%, houve uma sobretaxa extraordinária no IRS, o IVA aumentou também nos bens de consumo e aumentaram os impostos sobre automóveis e imóveis.

“Em relação a bens duradouros, há uma tendência para prolongar a sua vida útil”, diz o professor. “As pessoas preferem agora manter aquilo que tem do que actualizar os equipamentos”, constata.

E em 2012, volta a ser mais caro viver em Portugal, com novos aumentos na luz e nos transportes. Para 2013, as notícias também não são boas. A salários mais baixos em geral, cortes de subsídios e mudanças nas remunerações de trabalho extraordinário e em dia feriado, acrescenta-se a misteriosa medida que incide sobre o IRS, aprovada em Bruxelas mas desconhecida à maior parte do país.

Menos dinheiro, mais despesas
Os últimos dados do INE, relativos ao segundo trimestre de 2012, mostram que o rendimento médio mensal líquido dos portugueses que trabalham por conta de outrem é de 808 euros.

A falta de dinheiro no bolso leva também a que as empresas e os bancos mudem de estratégia face aos consumidores. “Uma mudança grande tem sido feita pelos bancos no sentido de fazer campanhas pedagógicas para alterar hábitos e valores por parte dos consumidores, nomeadamente, apelando muito mais à racionalização e até à poupança”, aponta Pedro Dionísio.

Entre 2010 e 2011 o poder de compra dos portugueses também se degradou face à média europeia. Se, há dois anos, os salários estavam mais próximos dos praticados nos parceiros europeus, 81% da média, no ano passado caíram mais, arrastando o poder de compra para 23% abaixo da média europeia.

“Temos vindo a assistir simultaneamente a campanhas, por exemplo de hipers e supermercados a nível nacional, mas também por parte outras marcas a procurarem criar soluções que vão ao encontro do consumidor, seja em packs de produtos, seja a encontrar embalagens de acordo com a dimensão das famílias. Isto é outra forma de ajudar a responder a um novo contexto”, diz o professor.

Nas contas do Governo, a nova diminuição do rendimento disponível, a par do desemprego-recorde, irá levar o consumo privado a recuar 2,2% em 2013, depois de uma queda de 5,8% este ano – mas as projecções do Banco de Portugal apontam valores mais altos em ambos os casos.

Mais microondas, menos carros e carne de vaca
Curiosamente, desde há dez anos para cá, aumentaram substancialmente os equipamentos “essenciais” nas casas portuguesas. Por exemplo, enquanto em 2000 apenas 33% da população possuía um micro-ondas, hoje já 83% das famílias tem um em casa. Além do fogão e do frigorífico, dois equipamentos já fixos nas casas há muitos anos, hoje a percentagem de famílias que tem máquina de lavar a loiça subiu 24%.

“O número de equipamentos no lar aumentou muitíssimo ao longo das últimas décadas. Se pensarmos na casa dos nossos avós, praticamente não existiam electrodomésticos”, lembra Pedro Dionísio.

Ainda mais destacada é a diferença do número de casas que tinha computador em 2000, 21%, enquanto em 2010 já quase 60% dos agregados o possuem. Quanto às aquisições de bens duradouros como os automóveis, computadores, máquinas fotográficas, televisores e outros electrodomésticos, tiveram uma queda de quase 32% no quarto trimestre de 2011 relativamente ao ano anterior.

E para fazer face à crise, os portugueses estão a poupar no supermercado. Há 18 meses consecutivos que a compra de bens alimentares está a diminuir. O consumo de produtos alimentares e bebidas não alcoólicas registaram uma diminuição significativa, com destaque para a queda do consumo de carne de vaca, sendo a carne de aves, mais barata, agora preferida.

Na categoria de produtos não alimentares, as vendas baixaram 24% no segmento de entretenimento e papelaria, 15,3% nos bens e equipamento e 10,6 % no sector do vestuário.

O professor do ISCTE explica como também no sector do lazer, os hábitos estão em mudança. “Na área do entretenimento, a solução passa agora por oferecer experiencias marcantes, fortes. Temos visto nesse campo florescerem empresas que apresentam experiencias mais ou menos únicas para um consumidor de classe medias, coisas como a Vida é Bela e a Odisseia”, exemplifica.

“As pessoas podem-se dar ao luxo de, apesar de terem de fazer sacrifícios durante o ano, haver um dia que dão a esse prazer de ter alguma coisa que não é o habitual do dia-a-dia”, finaliza.

8.2.12

Mais de 25% dos portugueses ameaçados de pobreza ou exclusão em 2010

Por Natália Faria, in Público on-line

Mais de um quarto dos portugueses estavam ameaçados de pobreza ou exclusão social em 2010. Os números divulgados nesta quarta-feira pelo Eurostat revelam que 2,7 milhões de portugueses estavam confrontados com pelo menos uma das três formas de exclusão social: risco de pobreza, situação de privação material grave ou, finalmente, a viver em agregados com uma intensidade de trabalho muito baixa.

Comparativamente com o ano anterior, Portugal regista um agravamento da situação de 0,4 pontos percentuais: de 24,9 por cento em 2009 para 25,3 por cento da população em 2010.

Em ambos os casos, a ameaça de pobreza ou exclusão social que paira sobre os portugueses é mais pesada do que na média da União Europeia a 27 que fixava em 23,4 por cento a população em risco de pobreza ou exclusão social, o equivalente a 115 milhões de pessoas.

Na União Europeia como em Portugal, porém, estes números pecam por defeito, como assinala o investigador Carlos Rodrigues Farinha, do Instituto Superior de Economia e Gestão. “Estes dados relativos a 2010 incidem sobre os rendimentos de 2009 que foi um ano com características muito particulares em Portugal, porque foi um ano em que o desemprego começou a aumentar mas em que houve ao mesmo tempo um crescimento dos salários reais da maioria das famílias”, observa, para notar que “mesmo o aumento do desemprego demora algum tempo a repercutir-se nas condições de vida das famílias por causa do subsídio que lhe está associado”.