Júlio Almeida, in Diário de Notícias
Crise. O primeiro-ministro veio ontem em socorro da falta de liquidez que afecta o tecido empresarial, fruto de uma conjuntura económica que não se coibiu de classificar, repetidamente, de "muito adversa". Para obviar às dificuldades no acesso ao crédito, as empresas vão contar com três novas linhas de apoio
Novos apoios para as PME, turismo e sector exportador
A comitiva governamental encabeçada pelo primeiro-ministro, que teve ainda ao seu lado os ministros da Economia e do Trabalho e Segurança Social, passou grande parte da tarde de ontem no Europarque, em Santa Maria da Feira, a explicar, de viva voz, a micro, pequenas e médias empresas, os novos apoios a que se poderão candidatar para enfrentar as dificuldades da actual conjuntura económica, recorrentemente classificada como "muito adversa".
Os cerca de cem empresários foram conhecendo, em primeira mão, as ajudas financeiras que estarão a caminho em socorro da falta de liquidez, vulgarmente designado fundo de maneio, que atinge o tecido empresarial no curto prazo. O encontro prolongou-se pela noite, altura em que José Sócrates finalmente desvendou as tão esperadas medidas: três linhas de crédito e um programa para incentivar a fusão de empresas, totalizando 1,400 milhões de euros.
O "objectivo é muito claro". Passa por "proteger as empresas" nos tempos conturbados devido à crise financeira internacional. "São a melhor forma de resolver os seus problemas de acesso ao crédito, a principal dificuldade que a economia enfrenta".
As linhas de crédito são "segmentadas e diferenciadas" em função das empresas, adequando-os à sua dimensão. Assim, a linha de crédito das PME é de 400 milhões de euros, sendo que 200 milhões estão afectos às micro empresas (até 10 trabalhadores) - , com a condições de os beneficiários manterem o nível de emprego -, e outros 200 às pequenas e médias, ou seja, entre 10 e 50 trabalhadores. Completam as medidas as linhas de 500 milhões de euros para o sector exportador e de igual valor para o turismo, ambos "muito afectados pelas dificuldades financeiras".
O Governo vai lançar ainda um novo programa de 300 milhões de euros para incentivar a fusão de empresas, já que "a dimensão é um problema antigo da estrutura empresarial ". E assim, espera-se conseguir "dar um incentivo forte para criar escala e fazer face à conjuntura".
"O Governo está próximo das empresas e com objectivo de proteger as empresas do impacto da crise internacional que estamos a viver", resumiu José Sócrates.
As linhas de crédito anunciadas são orientadas para as dificuldades actuais. "O que nos preocupa são os próximos meses, de 2008 e 2009, onde há agora maior dificuldade de acesso a crédito", acrescentou.
Esclareceu, a propósito, que as linhas de crédito, somam-se às já definidas anteriormente (PME Invest) para que as empresas possam ter maior capacidade de enfrentar as dificuldades.
"A estratégia do Governo para fazer face à crise é clara", disse Sócrates, recordando as medidas tomadas. Primeiro, estabilizar o sistema financeiro, em curso, com garantias aos bancos e promoção de capitais próprios dos mais fortes "para concederem mais crédito, servir melhor a economia e disponibilizar a liquidez financeira indispensável" para a actividade económica.
Em segundo lugar, "proteger as empresas" no acesso ao crédito. Enunciou, ainda, o investimento público, "fundamental para as empresas manterem a actividade", dando uma "resposta concertada" em sede de Orçamento de Estado.