Marta Marques Silva, in Económico
Os depósitos a prazo têm sido uma das principais fontes de financiamento estável para a banca.
Os portugueses sentiram a necessidade de recorrer às suas poupanças em Dezembro, e para isso muito terá contribuído o recente corte no subsídio de Natal, de acordo com os especialistas contactados pelo Diário Económico. A tão valiosa base de depósitos a prazo, até agora o principal motor de sucesso da desalavancagem das instituições nacionais e um forte contributo para o financiamento bancário, cedeu pela primeira vez em 15 meses, de acordo com os dados já divulgados pelo Banco Central Europeu. Em Dezembro, o total de depósitos a prazo de particulares caiu 543 milhões de euros, o que não é apenas a primeira queda desde Setembro de 2010, mas também o maior tombo mensal desde Maio de 2009.
Cristina Casalinho, economista-chefe do BPI, considera que ainda "é muito cedo para se dizer que este comportamento configura uma tendência, sobretudo por ocorrer em Dezembro altura em que as despesas aumentam. E, em 2011, por virtude do aumento da tributação sobre o subsídio de Natal, a despesa teve de ser suportada por recurso a poupança, designadamente aplicada em depósitos." Também João Duque, presidente do ISEG, acredita que o corte de 50% no valor excedente do salário mínimo poderá ter levado muito portugueses a recorrer às poupanças, "até para fazer face a despesas já contratadas e para as quais contavam com este subsídio para as liquidar." No entanto, adianta que: "Também não descarto a possibilidade de este ser um primeiro sinal de uma tendência futura. É um sinal velado. Teremos de aguardar pelo dados dos próximos meses."