João Silvestre, in Expresso
Desemprego e recessão são as grandes ameaças ao cumprimento do défice de 2013. Um ponto a mais na taxa de desemprego agrava contas em 0,3. No caso do PIB, um ponto 'vale' 0,4. Juros, petróleo e procura externa são os principais riscos no exterior.
O Governo estima que o défice se agrave em três décimas por cada ponto a mais na taxa de desemprego. O Orçamento do Estado prevê uma taxa média de 16,4% em 2013, um número considerado excessivamente otimista para muitos especialistas, principalmente porque em agosto chegou já a 15,9%. Ou seja, basta que a taxa de desemprego média do próximo ano seja de 17,4% para o défice derrapar para 4,8%.
Mais desemprego significa menos receitas fiscais e contributivas e também maiores gastos com subsídio de desemprego e prestações sociais. Em termos de PIB, o ponto a mais na taxa de desemprego representaria um agravamento da recessão de 1% para 1,2%. Este ano, um dos problemas que impediu o Governo de chegar ao défice de 4,5% foi precisamente o desemprego. Só em quebra nas contribuições sociais e aumento dos subsídios, as contas derraparam em cerca de 1000 milhões (0,6% do PIB).
O agravamento do desemprego é, de acordo com análise de riscos do Governo, uma das duas ameaças internas ao défice do próximo ano. A outra é a queda do PIB. O Governo pe Passos Coelho prevê uma contração de 1% mas calcula que, por cada ponto a mais de recessão, as contas se agravem em 0,4 pontos. Neste cenário, o desemprego seria de 16,9% em vez de 16,4%.
Na vertente externa, o Orçamento do Estado destaca três riscos: petróleo, juros e procura externa. As simulações realizadas pelo Ministério das Finanças apontam para quedas adicionais do PIB de 0,34 pontos, 0,11 pontos ou 0,2 pontos nos cenários em que, respetivamente, o preço do petróleo é superior em 20 dólares à média anual prevista (que é de 96,9 dólares), as taxas de juro de curto prazo ficam 1 ponto acima do esperado (1,4% em vez de 0,4%) ou a procura externa cresce a um ritmo um ponto inferior (1,8% em vez 2,8%).
Nestes três cenários, o défice melhoraria no caso do petróleo (0,05 pontos), ficaria inalterado caso a procura externa crescesse mais lentamente ou agravar-se-ia no cenário de subida mais rápida das taxas de juro de curto prazo (0,09).