6.12.12

Perto de 16 mil famílias e empresas estão sem luz no Porto

in Negócios on-line

Os avisos de cortes aumentaram 21,6% entre Janeiro e Outubro, segundo dados do Ministério da Economia. Dificuldades económicas impedem muitos agregados e empresas de pedirem restabelecimento da electricidade.


Quase 16 mil famílias e empresas do Porto estavam sem luz no fim de Novembro e o aviso de cortes subiu 21,6 % entre Janeiro e Outubro, revelou hoje o PCP a citar dados do Ministério da Economia.

Entre Janeiro e Outubro, a EDP fez "59.765 interrupções de fornecimento e 43.877 restabelecimentos de fornecimento de electricidade" no distrito, revela a chefe de gabinete do Ministério da Economia e Emprego, numa resposta enviada ao grupo parlamentar do PCP a 23 de Novembro.

"Isto significa que cerca de 16 mil cortes não foram restabelecidos, consequência de dificuldades económicas crescentes de famílias e também resultado de encerramento de empresas", alerta em comunicado a Direcção da Organização Regional do Porto (DORP) do PCP.

O número mensal de avisos de corte passou de 371.299 em Janeiro para 451.354 em Outubro de 2012, acrescenta o Ministério da Economia, admitindo a "tendência crescente" de incumprimentos. Tal subida corresponde a 21,6 %, de acordo com as contas feitas pela Lusa.

O Ministério revela estarem em estudo pelo Governo "soluções de apoio ao consumidor vulnerável", nomeadamente através do "alargamento do universo dos consumidores elegíveis" e do "potencial reforço da dotação orçamental para suporte a esses mecanismos".

Actualmente, de acordo com as "informações prestadas pela EDP Serviço Universal" ao Governo, o "universo de contratos activos no distrito do Porto é de 914.043", acrescenta a carta do Ministério da Economia, a que a Lusa teve acesso.

A chefe de gabinete do ministro Álvaro Santos Pereira esclarece que "os restabelecimentos são desfasados no tempo face às interrupções do fornecimento, o que justifica a diferença entre os números apresentados".

A contabilidade feita pela DORP do PCP aponta para cortes no fornecimento de electricidade "a mais de 196 famílias e empresas por dia no distrito".

Uma "maior flexibilização das condições de acordo de negociação do pagamento dos montantes em dívida em articulação com os comercializadores" é outra das medidas que o Governo "está a analisar" e que "passam essencialmente pelo reforço da divulgação dos mecanismos de apoio social".

O PCP defende a "criação de um plano de emergência para a região" que inclua "o recenseamento urgente das situações de pobreza extrema e a intervenção com vista à sua superação e inclusão social das famílias".

Os comunistas querem ainda que seja feito um "levantamento das famílias que vivem sem água e sem luz, criando medidas de apoio à superação deste problema" e do "número de pedidos de prestações e apoios sociais indeferidos no distrito do Porto", bem como a "análise das suas razões".

A DORP do PCP sugere também a "criação de um programa nas sub-regiões interiores (zona do vale do Ave, do vale do Sousa e do Baixo Tâmega)", direccionado ao "apoio social, requalificação profissional e diversificação da indústria".

O "aumento geral dos salários e pensões", o "reforço dos serviços públicos e das funções sociais do Estado", a "revogação da nova legislação do arrendamento" e a "construção e/ou adaptação urgente de equipamentos sociais para apoio às famílias" são outras das propostas do PCP.