Texto Juliana Batista, in Fátima Missionária
Embora muitas crianças não vivam privações económicas em consequência da crise vivida em Portugal, algumas acabam por sofrer de «solidão e desgaste psíquico» porque as famílias «não sabem superar as tensões do quotidiano», alerta a Cáritas Portuguesa
Numa mensagem para o Dia Mundial da Criança, assinalado este sábado, 1 de junho, a Cáritas Portuguesa destaca que os menores «são uma das faixas da população mais atingidas pelas privações que a crise acarreta» e afirma que é necessário «mudar a condição da infância no país». Em comunicado enviado à FÁTIMA MISSIONÁRIA, a organização refere que a crise vivida em Portugal «afeta particularmente as crianças» e sublinha que embora muitas não vivam «em situação de privação» económica, «sofrem de solidão, desgaste psíquico e abandono» porque os familiares «não podem ou não sabem superar as tensões do quotidiano».
Segundo a Cáritas Portuguesa, para cumprir «com o que merecem as crianças», é preciso «unir ideias e esforços» de forma a criar comunidades locais «mais esclarecidas e atentas, favoráveis a um desenvolvimento físico, social e espiritual harmonioso». À semelhança da organização humanitária portuguesa, também a Cáritas Europa emitiu um documento para assinalar o «Dia da Criança», no qual alerta para os 25 milhões de menores que na União Europeia «vivem em risco de pobreza ou exclusão social».
«A pobreza infantil e, às vezes, a pobreza extrema, também existem na União Europeia (UE) hoje. Isso é uma vergonha para a UE e a situação deve ser enfrentada como assunto prioritário», destaca Jorge Nuno-Mayer, secretário-geral da Cáritas Europa. Para este responsável, a pobreza infantil é mais do que não ter dinheiro suficiente, é também «não viver numa habitação decente, ou não ter acesso à educação de boa qualidade e aos serviços de saúde». «Trata-se de não ter as mesmas oportunidades para desenvolver ou participar no tipo de atividades recreativas e culturais apreciados por outras crianças», explica.
«Os governos nacionais e da UE têm uma clara responsabilidade de criar estruturas e mecanismos para desenvolver as estruturas políticas e fornecer os recursos necessários para evitar a pobreza infantil e para enfrentá-la onde já existe», considera o responsável. No mesmo documento, a Cáritas Europa convoca os governos da UE e Estados Membros «para que deem prioridade ao combate à pobreza infantil, e para que deem sinais evidentes no sentido de se construírem sociedades mais inclusivas, onde todas as crianças possam ter a possibilidade de realizar seu pleno potencial».