11.6.13

Crianças em «stress» por causa da crise

Texto Juliana Batista, in Fátima Missionária

Embora muitas crianças não vivam privações económicas em consequência da crise vivida em Portugal, algumas acabam por sofrer de «solidão e desgaste psíquico» porque as famílias «não sabem superar as tensões do quotidiano», alerta a Cáritas Portuguesa

Numa mensagem para o Dia Mundial da Criança, assinalado este sábado, 1 de junho, a Cáritas Portuguesa destaca que os menores «são uma das faixas da população mais atingidas pelas privações que a crise acarreta» e afirma que é necessário «mudar a condição da infância no país». Em comunicado enviado à FÁTIMA MISSIONÁRIA, a organização refere que a crise vivida em Portugal «afeta particularmente as crianças» e sublinha que embora muitas não vivam «em situação de privação» económica, «sofrem de solidão, desgaste psíquico e abandono» porque os familiares «não podem ou não sabem superar as tensões do quotidiano».

Segundo a Cáritas Portuguesa, para cumprir «com o que merecem as crianças», é preciso «unir ideias e esforços» de forma a criar comunidades locais «mais esclarecidas e atentas, favoráveis a um desenvolvimento físico, social e espiritual harmonioso». À semelhança da organização humanitária portuguesa, também a Cáritas Europa emitiu um documento para assinalar o «Dia da Criança», no qual alerta para os 25 milhões de menores que na União Europeia «vivem em risco de pobreza ou exclusão social».

«A pobreza infantil e, às vezes, a pobreza extrema, também existem na União Europeia (UE) hoje. Isso é uma vergonha para a UE e a situação deve ser enfrentada como assunto prioritário», destaca Jorge Nuno-Mayer, secretário-geral da Cáritas Europa. Para este responsável, a pobreza infantil é mais do que não ter dinheiro suficiente, é também «não viver numa habitação decente, ou não ter acesso à educação de boa qualidade e aos serviços de saúde». «Trata-se de não ter as mesmas oportunidades para desenvolver ou participar no tipo de atividades recreativas e culturais apreciados por outras crianças», explica.

«Os governos nacionais e da UE têm uma clara responsabilidade de criar estruturas e mecanismos para desenvolver as estruturas políticas e fornecer os recursos necessários para evitar a pobreza infantil e para enfrentá-la onde já existe», considera o responsável. No mesmo documento, a Cáritas Europa convoca os governos da UE e Estados Membros «para que deem prioridade ao combate à pobreza infantil, e para que deem sinais evidentes no sentido de se construírem sociedades mais inclusivas, onde todas as crianças possam ter a possibilidade de realizar seu pleno potencial».