in Jornal de Notícias
A Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas lamentou, esta quarta-feira, que o ministro das Finanças atribua a queda do investimento na construção às "condições meteorológicas" e "não à total ausência de obras", a "maior quebra de sempre".
A AECOPS - Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas mantém assim, em comunicado divulgado esta quarta-feira, as críticas às afirmações do ministro Vítor Gaspar no debate do Orçamento Retificativo, de que o investimento no primeiro trimestre "foi adversamente afetado pelas condições meteorológicas dos primeiros três meses do ano que prejudicaram a atividade da construção".
"Se tivermos que estabelecer alguma ligação entre as condições climatéricas e a produção do setor, temos antes que dizer que a situação desastrosa identificada na última estimativa rápida das Contas Nacionais Trimestrais e na análise mensal dos Índices de Produção, Emprego e Remunerações na Construção se deve, isso sim, ao 'fenómeno meteorológico' de 'grande seca' que tem vindo a caracterizar o investimento público em construção e que condiciona inquestionavelmente a procura", adverte o responsável.
Ricardo Pedrosa Gomes realça também que se está perante "a maior quebra de sempre" na produção no setor da construção, "reflexo não de um, mas de 21 trimestres consecutivos de contração do investimento na atividade, designadamente no segmento da engenharia civil".
"Mais do que o mau tempo, esta redução é, isso, sim, o resultado da total ausência de obras", sublinhou.
Depois da identificação, nas Contas Nacionais Trimestrais, de uma quebra homóloga de 25% da produção da construção nos primeiros três meses de 2013, os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados na terça-feira, "vêm confirmar a manutenção da tendência de queda, já que em abril a produção do setor atingiu uma variação homóloga de -21,5%, com a engenharia civil a cair 22,6%", afirma Pedrosa Gomes.
Segundo Ricardo Pedrosa Gomes, o que está em causa "não são questões climatéricas do último trimestre, mas sim opções políticas e económicas de sucessivos governos, que têm penalizado o país e o setor da construção e do imobiliário".
O presidente da AECOPS lembrou ainda que "está nas mãos do Governo retirar o setor e a economia nacional do marasmo em que se encontram", nomeadamente, "invertendo a estratégia de redução do investimento a que tem dado prioridade em todas as decisões que toma", destacou.