Gina Pereira, in Jornal de Notícias
A mediana de idades dos 776 novos casos de infeção por VIH diagnosticados no ano passado em Portugal foi de 41 anos, o que pode indicar que a infeção está a ocorrer em idades mais velhas ou tratar-se de diagnósticos tardios. Mais de um terço dos casos (247) estavam já no estadio Sida, o que confirma que o diagnóstico precoce está a falhar.
De acordo com o relatório da infeção VIH/sida relativa a 31 de dezembro de 2012, divulgado esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), no ano passado foram diagnosticados 205 casos de infeção por VIH em pessoas com mais de 50 anos, o que corresponde a 26,4% do total de casos.
O aumento da mediana de idades à data do diagnóstico é uma das tendências deste relatório, que confirma também o aumento da proporção de novos casos em homens que têm sexo com outros homens, tendência que se vem registando nos últimos anos.
Embora a transmissão por via heterossexual seja a mais prevalente (63,1%), 24,1% dos casos registam-se em homens que têm sexo com homens, correspondendo a 34,1% dos casos registados para o sexo masculino. Entre os homossexuais, contudo, a idade do diagnóstico é mais baixa (35 anos), o que pode resultar do facto de estarem mais conscientes dos comportamentos de risco e sensíveis para o teste.
No ano passado encontravam-se notificados em Portugal, cumulativamente, 42580 casos de infeção VIH, dos quais 17373 em estadio de SIDA. No ano passado foram notificados 1551 novos casos de infeção, sendo que 776 foram diagnosticados nesse ano. Destes últimos, 41,1% residiam no distrito de Lisboa, a maioria registou-se em homens (70,7%), 28,4% referiam ter nascido fora do país e 31,8% estavam em estadio de SIDA. A via sexual foi o modo de infeção indicado na maioria dos casos, com 63,1% a referirem transmissão heterossexual e 24,1% transmissão associada ao sexo entre homens.
Em 10,0% dos novos casos a infeção está relacionada com consumo de drogas, o que corresponde a uma "redução acentuada" do número de casos entre toxicodependentes, asssinala o INSA. Nos novos casos de SIDA a pneumonia por Pneumocystis jiroveci foi a patologia mais frequentemente referida. Foram ainda notificados 192 óbitos ocorridos durante o ano passado.
De acordo com o INSA, "nos anos mais recentes observa-se um decréscimo lento no número total de casos de infeção VIH e de casos em estadio de SIDA", em simultãneo com um aumento da proporção de novos casos de infeção VIH registados em homens e de casos que referem ter nascido fora de Portugal.
O INSA alerta para importância da continuidade dos programas de intervenção em curso, bem como do reforço de medidas de prevenção dirigidas a grupos com idades mais elevadas, indivíduos naturais de outros países e homens que têm sexo com homens, com particular enfoque nos indivíduos mais jovens.