in Jornal de Notícias
O chefe de Estado exortou ainda os líderes europeus a adotarem rapidamente o mecanismo único de supervisão e o mecanismo único de resolução de crises bancárias
O Presidente da República defendeu esta terça-feira que "é urgente conciliar a consolidação orçamental com crescimento económico e combate ao desemprego" na Europa e que os países com "margem de manobra" deviam "compensar e fazer políticas mais expansionistas".
O chefe de Estado falava aos jornalistas à margem da reunião do Grupo de Arraiolos, que decorre em Cracóvia, na Polónia, e onde vários presidentes europeus sem poderes executivos debateram em duas sessões sobre a crise europeia e as relações transatlânticas.
Aníbal Cavaco Silva, que participou nas duas sessões plenárias com os restantes chefes de Estado e teve duas reuniões bilaterais com os presidentes da Alemanha e da Finlândia, considerou que "o grande falhanço da União Europeia" reside "na incapacidade de promover o crescimento económico e combater o desemprego".
O presidente português advertiu ainda para um potencial crescimento das forças políticas eurocéticas nas próximas eleições europeias, em maio de 2014.
"A crise europeia não é apenas uma crise económica e financeira, é também uma crise de confiança, existem indicações de que os cidadãos europeus cada vez confiam menos nos seus líderes e está a ser cada vez mais difícil mobilizá-los para apoiar o projeto europeu", referiu.
"Se os líderes europeus, nos meses que restam até às eleições europeias, não conseguirem convencer os cidadãos de que há boas razões para confiar nas instituições europeias e que há pelo menos sinais de esperança, então há o receio de que muitos eurocéticos possam ser eleitos para o Parlamento Europeu, os cidadãos querem mais respostas concretas e menos retórica", acrescentou Cavaco Silva.
O chefe de Estado exortou ainda os líderes europeus a adotarem rapidamente o mecanismo único de supervisão e o mecanismo único de resolução de crises bancárias e pediu eficiência "na implementação do quadro financeiro plurianual".
"Há que trabalhar mais, colocar mais no centro das preocupações da Europa, crescimento económico e combate ao desemprego, não olhar só para a consolidação orçamental e só para as políticas de austeridade que alguns têm de implementar, mas que outros atuem de forma compensadora, porque se há uns que têm de aplicar políticas restritivas para corrigir situações de desequilíbrio, os outros, que têm margem de manobra, deviam compensar e fazer políticas mais expansionistas", advogou.
Sobre o encontro bilateral com o presidente alemão, Joachim Gauck, o Presidente da República disse ter sido "uma reunião muito frutuosa", adiantando terem discutido o ajustamento português e as mais recentes avaliações da ?troika'.
" [Disse] ao presidente da Alemanha que é fundamental e urgente conciliar a consolidação orçamental com o crescimento económico e o combate ao desemprego, para isso é fundamental aumentar o investimento, que tem estado em níveis bastante baixos, falámos sobre o investimento alemão e sobre a possibilidade de uma instituição bancária pública alemã, a KFW, poder ajudar ao relançamento do investimento no nosso país", afirmou.
Cavaco, que adiantou que o seu homólogo aceitou o convite para visitar Portugal, considerou ser "muito importante que a Alemanha esteja bem informada sobre a situação portuguesa": "Dessa forma com certeza que nos poderá ajudar melhor do que se estiver mal informada sobre o que se está a passar no nosso país".