in Correio do Minho
Cerca de cem alunos da disciplina de Área de Integração dos cursos do ensino profissional da Escola Secundaria de Alberto Sampaio participaram na mostra de cinema - uma Europa dos Cidadãos - tendo assistido ao filme 'Diz-me qual será o meu destino', de Peter Marcias, exibido no âmbito da 'Mostra de Cinema - Uma Europa dos Cidadãos” - que se encontra a percorrer o país até março.
À exibição do filme seguiu-se um debate sobre Direitos, Identidade e Inclusão, que contou com a participação da Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, Rosário Farmhouse, o Presidente da rede europeia anti-pobreza, Sérgio Aires e a docente da Universidade do Minho Maria, Jose Casa-Nova, debate no qual diversos alunos intervieram ativamente.
O filme versa sobre o problema da integração dos ciganos na sociedade, sobretudo na união europeia. Foi importante, na medida em que alunos foram sensibilizados para o problema das minorias étnicas e para as mudanças na nossa mentalidade no sentido de melhor aceitarmos as diferenças culturais. Na obra, Peter Marcias retrata o dia a dia de uma família de uma jovem adulta cigana, explorando as vivências, lado a lado, de culturas que apesar de se cruzarem há cinco séculos, não obstante, continuam a gerar, entre si, estereótipos que segregam e marginalizam.
No debate, Maria José Casa-Nova desmontou as imagens em movimento: que a “cidadania legal formal” tem impedido a “cidadania em exercício”, esclarecendo o auditório, essencialmente juvenil, que não é possível defender uma “cidadania autónoma e emancipatória” enquanto predominar o (pre)conceito de “cidadania subordinada e unilateral”. Maria José Casa-Nova referiu, também, a importância da identidade cultural na construção da identidade pessoal.
Rosári o Farmhouse, a Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, destacou o papel das mulheres nas comunidades ciganas e a premência da educação intercultural desde o primeiro ciclo, pois é nestas faixas etárias que a mediação cultural se deve iniciar.
Sérgio Aires, Presidente da Rede Europeia Anti-pobreza e terceiro elemento do painel, referiu o quanto a linguagem cinéfila conseguiu sensibilizar, em pouco mais de sessenta minutos, aquilo que há mais de duas décadas a Associação anda a dizer: é preciso erradicar a pobreza e a exclusão social, de Portugal e da Europa, para a defesa do princípio fundamental da dignidade humana.
Refletir sobre o trabalho que é feito em Portugal para a verdadeira integração, debater a integração das minorias étnicas, ponderar como se contrariam estereótipos, compreender como a complexificação das sociedades traz consigo a complexificação do sentido de liberdade, foram alguns dos aspetos colocados pelo auditório.
Também presente esteve o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Braga, Dr. Firmino Marques.
A exibição do filme enquadrou-se nas atividades do Ano Europeu dos Cidadãos, sendo realizada em parceria com a Zon e contando com o patrocínio do banco Montepio. Entre 2 de dezembro e 26 de março, estão a ser exibidos 10 filmes em 10 cidades, seguidos de 10 debates. A seleção das obras pretende cumprir com o grande objetivo do Ano Europeu dos Cidadãos: a divulgação dos seus valores, cultura e direitos. Nos debates subsequentes são abordadas questões relacionadas com solidariedade, igualdade de oportunidade, inclusão e não segregação: apoio social, educação, saúde e justiça; busca da felicidade; o que daí decorre em termos política de imigração; respeito pela liberdade individual e liberdade de expressão.
*** Nota da Escola Alberto Sampaio ***