4.2.14

Vieira Lopes: “Exportações não resolvem o problema do desemprego”

in Negócios online

Em entrevista ao “Diário Económico”, o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) avisa que dificilmente haverá uma recuperação significativa do emprego sem a “reanimação do mercado interno”.

João Vieira Lopes aceita a importância de um sector exportador mais dinâmico para equilibrar a relação de Portugal com o exterior. No entanto, diz não ter qualquer dúvida: “isso não resolve o problema estrutural do desemprego”. “Esse problema tem de ser resolvido pelos serviços e o comércio.”

O representante dos empresários explica que as vendas ao exterior ou a instalação em Portugal de empresas estrangeiras têm um impacto limitado no emprego, uma vez que “as indústrias que se vão instalar em Portugal são de capital intensivo e, logo, nunca empregarão como antigamente o têxtil”, sublinha. “O patamar do desemprego estrutural não vai voltar aos 4% que era antigamente”, aponta ao “Económico”. “Mais de meio milhão destes desempregados são pessoas acima de 45 anos e com uma formação básica baixa e que dificilmente voltam a arranjar emprego.”

João Vieira Lopes acusa o acordo da troika de não ter tido em conta o tecido empresarial português, feito de pequenas, médias e micro empresas viradas para o mercado interno. “Em Portugal havia lojas a mais, oficinas de automóveis a mais, cabeleireiros a mais é verdade. Agora, uma coisa é fecharem trinta mil por ano, que gera 15 mil desempregados. Outra coisa é fecharem trinta mil e criarem meio milhão de desempregados.”

Na mesma entrevista, deixa ainda críticas às prioridades da troika. A troika só fez pressão na parte laboral? "Pois é. Os chamados custos de contexto energético? Zero. Tudo o que seja reabilitação urbana e dinamização dos centros das cidades? 0,1. Um novo acordo só se justifica se for a sério nestas duas partes."