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“Infelizmente Portugal mantém um silêncio ensurdecedor nesta questão”, acrescentou o líder da AI, sugerindo que esse silêncio se deva a “questões económicas”
O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros considerou hoje "importante” que as organizações internacionais analisem os direitos humanos, mas não apenas em África, reagindo a declarações do secretário-geral da Amnistia Internacional sobre a posição de Portugal nesta matéria.
"É sempre importante que as organizações internacionais que têm um papel escrutinador das questões dos direitos humanos em países no continente africano, mas também noutros continentes, tragam essas questões para a praça pública", disse Luís Campos Ferreira, em declarações à Lusa à margem da apresentação da Associação dos Direitos dos Consumidores nos Países Lusófonos, que decorre hoje em Lisboa.
"As matérias dos direitos humanos são prioritárias em qualquer parte do globo, por isso as entidades que vigilam, que escrutinam e trazem para o primeiro plano mediático essas questões são bem-vindas e devem ser vistas com atenção, não só no continente africano, mas sim em todos os continentes", acrescentou Luís Campos Ferreira.
Na segunda-feira, em entrevista à Lusa, o secretário-geral da Amnistia Internacional (AI), Salil Shetty, acusou Portugal de manter um “silêncio ensurdecedor” sobre a situação dos direitos humanos em países como Angola ou a Guiné Equatorial.
"O Governo português tem sido muito silencioso no que diz respeito à situação dos direitos humanos em muitos dos países de língua portuguesa”, disse o responsável da organização de defesa dos direitos humanos, horas antes de uma reunião com o chefe do Governo português.
Em visita a Portugal numa altura em que se assinalam os 40 anos do 25 de Abril, em que se aproxima o fim do resgate da ‘troika’ e as eleições europeias e quando Lisboa é candidata a um lugar no Conselho dos Direitos Humanos da ONU, o responsável da (AI) deixou um apelo ao Governo: “Esperamos que Portugal possa erguer a sua voz mais claramente em lugares como a Guiné Equatorial e Angola”.
Na entrevista à Lusa em Lisboa, Shetty referiu-se ao caso da Guiné Equatorial, um país que pediu a adesão à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e cuja candidatura poderá ser aceite já na próxima cimeira da organização lusófona, em julho, depois de o país ter anunciado uma moratória à pena de morte, condição que tinha sido imposta pela CPLP.
“A nossa principal preocupação é o que se passa no interior da Guiné Equatorial na questão dos direitos humanos e não apenas a pena de morte, mas também outros direitos cívicos e políticos”, alertou.
“Infelizmente Portugal mantém um silêncio ensurdecedor nesta questão”, acrescentou o líder da AI, sugerindo que esse silêncio se deva a “questões económicas”.
No seguimento da reunião com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, as duas partes “concordaram em discordar” sobre a situação dos direitos humanos em Angola, com o primeiro-ministro a d2emonstrar uma “visão mais otimista” que a da organização, disse o secretário-geral da AI.
“O primeiro-ministro é mais otimista sobre a situação dos direitos humanos em Angola do que nós. A nossa perceção é que as coisas estão a deteriorar-se”, afirmou o responsável da AI.