5.5.08

Banco Alimentar recolheu mais de 1450 toneladas de produtos no fim-de-semana

Carlos Pessoa, in Jornal Público

O resultado superou todas as expectativas. Os portugueses mobilizam-se mais nas ocasiões de crise, diz Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar


As 960 toneladas de alimentos recolhidas no sábado, primeiro dia da 33.ª campanha do Banco Alimentar contra a Fome, eram muito encorajadoras. Às 18h00 de ontem, já estavam contabilizadas mais 327 toneladas, prevendo-se que até ao final do dia fossem recolhidas 500 toneladas.

Somadas as ofertas dos dois dias, deverão entrar nos armazéns do Banco Alimentar cerca de 1460 toneladas de alimentos, que ultrapassam em mais de 12 por cento a quantidade recolhida há um ano (1300 toneladas). Estes números permitem a Isabel Jonet, presidente do Banco, afirmar que a campanha foi um êxito. "O resultado superou as nossas melhores expectativas", disse ao PÚBLICO. "Os portugueses são muito solidários e mobilizam-se mais nas ocasiões de crise, como é agora o caso."
Os números atrás referidos ainda não incluem os dados da campanha Ajuda Vale, desenvolvida, pela primeira vez este ano, a par do modelo tradicional de recolha de alimentos. Decorre até ao dia 11 nas lojas das principais cadeias de hiper e supermercados e consiste na emissão de cupões de cinco produtos seleccionados que os consumidores entregam na caixa registadora quando pagam as compras.

É também possível contribuir para a campanha nas mais de três mil lojas Payshop espalhadas pelo país; neste caso faz-se uma doação em dinheiro, que depois é convertida em leite.

Face à subida dos preços dos alimentos e ao agravamento da situação económica das famílias portuguesas, temia-se que a quantidade de produtos recolhidos nesta campanha pudesse ser inferior à de Maio de 2007. Os números conhecidos revelam que isso não aconteceu, sublinha Isabel Jonet.

O grosso dos produtos recolhidos é constituído por alimentos pré-embalados - cereais, massas, salsichas, bolachas, leguminosas, açúcar, azeite, óleo, atum e leite.

"Muita gente faz questão de dar produtos frescos que os pobres habitualmente não comem", diz a presidente do Banco Alimentar. É o caso de produtos perecíveis, como leite fresco, fruta, carne ou legumes. Estes alimentos quase não chegam a ocupar lugar na rede de frio: no caso da capital, a distribuição começa a ser feita esta manhã por dez instituições da Grande Lisboa.

Na campanha do fim-de-semana participaram mais de 17 mil voluntários. Em 2007, os 13 bancos alimentares distribuíram quase 20 mil toneladas de alimentos (no valor de 26 milhões de euros) a 1542 instituições que, por sua vez, concederam ajuda alimentar a mais de 232 mil pessoas.