4.5.08

Falta de acompanhamento

in Jornal Público

Laços de socialibildade que foram partidos


As famílias que tiveram que deixar o S. João de Deus foram espalhadas um pouco por toda a cidade, ao sabor das vagas disponíveis. Onze delas mudaram-se para o Bairro do Lagarteiro. As respostas a um inquérito recente, realizado pelo Gabinete de Acção Social da Junta de Freguesia de Campanhã, deixaram surpreendido o técnico responsável, José Pinto. "Perguntamos se gostavam mais de viver no S. João de Deus ou no Lagarteiro. Seria de esperar que todas escolhessem o Lagarteiro, mas não foi assim. Das dez famílias que responderam, cinco preferem o Lagarteiro, mas cinco ainda preferem o S. João de Deus", diz. De igual modo, sete destas famílias pertenciam a alguma associação no bairro anterior, ao contrário do que acontece agora. "Havia um sentimento de pertença, e agora nenhum deles está integrado em nada", explica José Pinto. Ainda assim, todas afirmam ter sido bem recebidas no novo bairro e admitem que gostam de lá morar. "A resposta geral foi muito curiosa.

Disseram, agora, sim. Porque no princípio foi muito doloroso. Havia raízes, laços de sociabilidade que foram completamente partidos", acrescenta o técnico. E, isto, de acordo com o inquérito, justifica-se com as respostas às perguntas: "Escolheu este bairro?", "Participou no processo de transferência?" e "Tem sentido apoio e acompanhamento da câmara no seu processo de integração?". No primeiro caso, apenas três das dez famílias inquiridas afirmaram ter escolhido o Lagarteiro para viver. Às duas outras perguntas, a resposta geral foi negativa, garante José Pinto. "Nenhuma participou na transferência, foi-lhes participado que estava lá à porta um camião para levar as coisas. E dizem também que, após a entrega da chave, o acompanhamento da câmara foi zero." Entre os aspectos positivos, José Pinto destaca apenas um: "Sete destas famílias tinham familiares neste bairro, parece que houve uma preocupação [da autarquia] em manter essa proximidade."