in Correio da Manhã
Os bispos dos países lusófonos, reunidos em Timor-Leste, pretendem que os governos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) “se empenhem no combate efectivo da pobreza”.
No encontro de ontem com o presidente timorense, os prelados fizeram sentir a Matan Ruak que “não é compreensível que nos nossos países exista tão elevado índice de pobreza”.
No que toca ao caso de Timor-Leste - que o bispo de Baucau, D. Basílio do Nascimento, classifica como “um país rico de gente pobre” -, o presidente solicitou à Igreja Católica “ajuda para combater esse flagelo”.
“Nós temos três grandes tarefas urgentes a pôr em marcha: combater a pobreza, criar infra-estruturas, como estradas e saneamentos, e apostar na economia, nomeadamente no sector secundário”, disse Matan Ruak, quando questionado pelo arcebispo brasileiro D. Pedro Guimarães.
O prelado perguntara porque não existe, em Timor-Leste, distribuição da riqueza pelo povo, tendo Matan Ruak justificado esse “pecado” com a juventude do país.
“A Igreja está cá há séculos, as pessoas conhecem-na e contam com ela. Nós temos apenas uma década, pelo que precisamos da ajuda da Igreja para essa tarefa”, disse o chefe de Estado.
De resto, todos os bispos consideraram o combate à pobreza como “algo que não pode ser adiado, em todos os países da lusofonia”.
O arcebispo do Lubango, D. Gabriel Mbilingi, falou de Angola como “o exemplo acabado de um país rico, onde a maioria da população vive na miséria”, e D. Francisco Chimoio, arcebispo de Maputo, lembrou o muito que tem sido feito, mas sublinhou sobretudo “o muito que falta fazer”.
Quanto a Portugal, D. Manuel Clemente referiu o desemprego como “o maior problema social evidente” e pediu atenção particular para os novos fenómenos de pobreza, quase sempre relacionados com créditos bancários e que são “extremamente difíceis de resolver”.