Mafalda Ganhão e Maria Romero, in Expresso
É o que os portugueses pensam e responderam no inquérito do Parlamento Europeu sobre "Mulheres e desigualdades de género no contexto da crise".
A violência contra as mulheres e o tráfico de mulheres e a prostituição são as desigualdades de género que os portugueses consideram ter-se agravado mais como consequência da crise.
As duas são as áreas em que as respostas portuguesas mais se afastam da das da União Europeia (UE) no seu todo, segundo o inquérito realizado pelo Parlamento Europeu a propósito do "Dia Internacional da Mulher", que se assinala sexta-feira, e cujo objectivo é avaliar como responderam as mulheres à crise.
Em primeiro lugar, num "empate", os cidadãos da União Europeia destacam as maiores dificuldades para as mulheres em conciliar a sua vida privada com a profissional e a disparidade salarial entre homens e mulheres, com o respetivo impacto no desenvolvimento da carreira.
Na avaliação de quais devem ser as prioridades considerando as próximas eleições europeias, em 2014, os portugueses voltam a destacar a violência contra as mulheres, enquanto na média europeia surge o combate à disparidade salarial entre homens e mulheres.
Já a persistência dos estereótipos sexistas é, para os portugueses e na média geral da UE, uma questão menos preocupante. Só 5% dos inquiridos a enumeram como prioridade.
Diferentes critérios de recrutamento para homens e mulheres
Embora com percentagens diferentes, a entrada tardia dos jovens licenciados no mercado de trabalho é considerada a pior consequência da crise para portugueses e demais parceiros europeus. . Em segundo lugar é referido o aumento do trabalho precário (ver percentagens exatas na infografia)
Na avaliação das diferenças nos critérios de recrutamento de homens e mulheres, os portugueses aproximam-se da média dos restantes parceiros europeus: o facto de ter, a flexibilidade em termos de horas de trabalho e a aparência física são citadas como os aspectos mais levados em conta quando se recruta uma mulher. A idade aparece em quarto lugar, praticamente a par com o nível de habilitações.
No caso dos homens, portugueses e UE também elencam os mesmos critérios: experiência profissional, nível de habilitações e flexibilidade em termos de horas de trabalho. Só 10% dos portugueses e 7% na média europeia consideram relevante, para o efeito, o facto de ter filhos.
Os portugueses voltam a estar de acordo com a média dos seus parceiros europeus quando em causa está a medida considerada mais eficaz para se sair da crise: promover a formação contínua para as pessoas no trabalho.