7.3.13

Se o Estado não for social "também não serve para mais nada", diz o padre Lino Maia

in Jornal de Notícias

O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade apelou esta quinta-feira ao "bom senso" do Governo nas reformas em curso, afirmando que se o Estado não for social "também não serve para mais nada".

"Espero que o Estado não deixe de ser social. Se o Estado não for social, então também não serve para mais nada, vamos ser todo anarquistas", afirmou o padre Lino Maia, que lidera a entidade representativa de 4.747 instituições de apoio e intervenção social em todo o país.

As declarações de Lino Maia foram feitas à margem das jornadas promovidas hoje pela diocese de Viana do Castelo sobre o "Estado Social e Sociedade Solidária".

"É importante que o Estado não se demita das suas funções, das suas responsabilidades. Pode é não ser o agente, aquele que faz fazer, [mas], havendo quem faça e o faça bem, há que apoiar, reconhecer, coordenador e suprir, quando não houver respostas", disse.

Reconheceu ainda a necessidade de "alguma ponderação, estudo, responsabilidade e bom senso" nas reformas em curso.

Segundo a CNIS, as 4.747 instituições de apoio social, que empregam 250 mil pessoas, têm um orçamento para 2013 que ronda os três mil milhões de euros. Contudo, deste montante, "apenas" 42% são asseguradas com dinheiros públicos, o que, para o padre Lino Maia, "é manifestamente insuficiente".

"Pelas nossas contas, o Estado contribui para o orçamento destas instituições com 1,3 mil milhões de euros e essas verbas têm vindo a ser congeladas, porque a atualização não chega a acompanhar o valor da inflação. Há instituições, mesmo as da Igreja, com muitas dificuldades e só com o envolvimento da comunidade é que não há colapsos", apontou.

Com estas contas, explicou, a maior parte da verba do orçamento anual destas entidades é proveniente da "generosidade, partilha de bens e comparticipações de utentes".

O presidente da CNIS acrescentou que apesar das dificuldades vividas por estas instituições, o nível de emprego "mantém-se" estável, mesmo num cenário financeiro "pouco animador".

"Não tem havido despedimentos nesta área", disse ainda o padre Lino Maia.