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Os números da GNR mostram que em 2012 se registaram mais 95% de burlas a pessoas com mais de 65 anos do que no ano anterior e que as autoridades detiveram mais burlões. Este tipo de crime tem aumentado em todo o país, mas as autoridades salientam a preferência dos ladrões por idosos e por pessoas que vivem em ambientes rurais. Quanto às técnicas, essas mantêm-se: os burlões convencem as vítimas de que têm de trocar os euros que guardaram, por escudos – devido à crise – ou exploram alguma fragilidade do idoso.
Segundo o major Gonçalo Carvalho, a quase duplicação do número de registos não é sinónimo de um aumento dos casos. “Acreditamos que o aumento dos registos de ocorrências não representa um aumento dos casos. Com a aposta da GNR na aproximação das populações mais rurais, é natural que tenha aumentado o número de registos”, explica.
Segundo a capitão Patrícia Pereira, da GNR, explicou à Rádio Renascença, no ano passado foram registados 669 casos. “Tivemos uma diferença de cerca de 27 ocorrências por mês a mais do que em 2011, o que deu um total de 669 (...) há uma procura maior dos cidadãos em relatarem as situações de que são vítimas”, constatou. Em média, no país, são registadas 55 burlas a idosos por mês, a maioria das quais em localidades isoladas.
Além do aumento de participações, a GNR conseguiu, em 2012, deter mais burlões do que nos anos anteriores, o que, segundo fonte oficial, foi também consequência da forte aposta na prevenção deste crime feita pela Guarda nos últimos anos: “Os burlões são, por norma, itinerantes, pelo que a sua captura se torna difícil. Porém, desde que a GNR começou a ter maior proximidade, passou a ser mais fácil a identificação e detenção dos mesmos.
Este tipo de burla tem aumentado em todo o país e não exclusivamente em meios rurais. “Acontece mais facilmente em meios não urbanos, devido à falta de informação das vítimas e às dificuldades que têm para fazer a denúncia da situação, mas é já um crime frequente nas áreas urbanas”, disse ao i o major Gonçalo Carvalho.
As zonas onde existem mais crimes de burla a pessoas com mais de 65 anos localizam-se nos distritos de Aveiro, de Santarém e de Setúbal.
Persuasão Em muitos casos, os burlões convencem as vítimas de que têm de trocar as suas economias por notas de escudos, justificando essa troca com uma alegada saída da moeda única devido à actual crise económica.
Com a entrada em circulação de uma nova nota de cinco euros (ver texto ao lado), muito se tem falado sobre um possível aumento das burlas a idosos, mas o major Gonçalo Carvalho não vê qualquer perigo. “Estamos em crer que a nova nota de cinco euros não vai fazer aumentar o número de burlas em Portugal”, disse, salientando que nos últimos meses a “GNR fez várias acções de prevenção e sensibilização que contaram com a presença de milhares de idosos”.
Além da aposta na proximidade, a GNR está neste momento a distribuir material informativo sobre a nova nota junto das populações com menor acesso à informação.
Violência De uma forma geral, os burlões raramente usam violência e conseguem mesmo passar uma imagem de confiança à vítima. Segundo a GNR, são pessoas que falam muito bem e que vestem a personagem que querem representar. “São bem falantes e, depois de estudarem a vítima, estabelecem uma relação de confiança”, alerta o major Gonçalo Carvalho acrescentando que o burlão tipo veste-se a rigor: “Caso queira fazer-se passar por alguém do Banco de Portugal veste um fato, mas pode vestir uma bata ou qualquer outro traje de acordo com a história que queira contar.”
Segundo os dados da GNR, as burlas a idosos não têm relação directa com o período de crise actual e raramente são feitas por cidadãos estrangeiros.