in Angola Press
Portugal tem a taxa de desemprego de arquitectos mais elevada da Europa e 60 por cento dos profissionais têm menos de 45 anos, indica um estudo encomendado pelo Conselho dos Arquitectos da Europa (CAE).
Intitulado "State of the Architectural Profession in Europe in 2012", o estudo sobre o estado da profissão foi realizado em 25 países europeus e os dados sobre Portugal apontam para a existência de uma média 1,6 arquitectos por cada 1.000 habitantes.
O estudo foi publicado pela Ordem dos Arquitectos (OdA) no seu sítio online, e vai ser debatido no próximo congresso destes profissionais, marcado para Julho.
Este estudo, encomendado pelo CAE no ano passado, apurou que existem 549.000 arquitectos na Europa e que o mercado da arquitectura está estimado num valor de 15 biliões de euros.
Na Europa, Portugal apresenta a mais elevada taxa de desemprego nesta área e o rendimento médio dos arquitectos situa-se em menos de 15.000 euros por ano, enquanto a média europeia estava em 29.000 euros em 2010.
O estudo "refere o contexto desfavorável de contração do sector da construção" e aponta ainda que 35 por cento dos arquitectos europeus colocam a hipótese de emigrar para resolver o problema da falta de trabalho.
Indica que, entre 2008 e 2012, houve uma quebra de 32 por cento nos servicos de arquitectura em toda a Europa e, por outro lado, um incremento do número de arquitectos, que resulta "num desajuste entre a oferta e a procura".
O estudo conclui que este desajuste entre a oferta e a procura de serviços de arquitectura "teve um impacto negativo sobre o volume de trabalho, os salários e os rendimentos da profissão".
No congresso, em Julho, a OdA também vai reflectir sobre os resultados de um inquérito nacional realizado em 2012, aos seus cerca de 15.000 membros.
Este inquérito surge sete anos após a realização do estudo nacional desenvolvido por especialistas no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, e foi realizado "para actualizar os dados e atendendo à conjuntura internacional e à actual situação socio-económica" do país.
Os resultados do "Estudo de caracterização dos arquitectos portugueses e da sua actividade profissional" foram entregues à OdA, em Janeiro deste ano, e resultam das 2.633 respostas válidas, num universo de 15.843 arquitectos, membros desta entidade.
O estudo nacional é contextualizado por indicadores do Instituto Nacional de Estatística (INE), na edição 2012 do Relatório da Cultura.
Os resultados apontam para um aumento de 84,4 por cento de alunos diplomados em cursos superiores de Arquitectura e Urbanismo, em apenas quatro anos, ou seja, de 1.241, em 2007, para 2.289, em 2011.
Apesar do aumento da oferta, o número de empresas, em Portugal, cuja actividade económica principal é a arquitectura, tem vindo a diminuir: 10.206 empresas, em 2007, para 9.456, em 2010, menos 7,8 por cento.
O volume de negócios destas empresas também decresceu 19,1 por cento, de um máximo de 584.59 milhões de euros, em 2008, para 472.87 milhões de euros, em 2010.
Em 2010, do total de 9.456 empresas dedicadas à arquitectura, 4.228 (44.7 por cento) situavam-se na região de Lisboa, 2.724 (28.8 por cento) no norte, 1.328 (14 por cento), no centro, 850 (9 por cento), no sul, e apenas 326 (3.5 por cento), nas Regiões Autónomas.
O estudo aponta ainda que há mais profissionais do sexo feminino, e a concentração dos profissionais em Lisboa e Porto, assim como um aumento de profissionais em nome individual ou em estrutura de micro-empresa.