4.7.13

Arquitectos falam do seu futuro em congresso de três dias

por Maria João Costa, in RR

Governo decretou 2013 como “ano da arquitectura portuguesa”. Nunca como hoje foi tão difícil exercer esta profissão em Portugal.

No ano que o Governo decretou como o “ano da arquitectura portuguesa”, os arquitectos debatem o seu futuro num congresso, de três dias, que começa esta quinta-feira, em Lisboa.

Numa altura em que muitos profissionais se vêem obrigados a emigrar, outros estão a fechar os seus ateliês. Há quem trabalhe há meses sem receber um tostão e outros já deixaram a arquitectura.

A Renascença conversou com gerações diferentes de arquitectos na procura de um diagnóstico da situação destes profissionais.

José Mateus, de 50 anos, fundou, há 22, um ateliê com o seu irmão. Agora, contempla aquilo que há poucos anos seria impensável: “Nunca pensei que, depois de 22 anos, pudesse agora ter de equacionar fechar o ateliê. Quando alguns amigos olham para o nosso trabalho, porque temos alguma divulgação e exposições, acham que temos bastante trabalho, mas não temos. Estamos a sofrer o problema que todos sofrem”.

Hoje, o ARX Portugal, que os irmãos abriram em 1991, tem mais cadeiras vagas: “’Passámos de um ateliê que, entre aqueles que são internos e os que eram como que satélites, tínhamos de 20 a 25 arquitectos. Hoje, temos cinco ou seis”, explica José Mateus.

Mudamos de atelier e encontramos outra geração de arquitectos, numa situação não menos difícil.

Um arquitecto de 29 anos, que há três acabou o curso, pede-nos para não o identificarmos. Ele trabalha todos os dias, há meses, sem ser pago. “Este ano, ainda não recebi um tostão. Pedem-me paciência, que eu perceba que há crise, que eu não recebo, mas também mais ninguém recebe. O dinheiro não entra. O pouco que vai entrando é para as despesas correntes do ateliê, menos para os salários, que são completamente postos de lado”, desabafa.