por Maria João Costa, in RR
Governo decretou 2013 como “ano da arquitectura portuguesa”. Nunca como hoje foi tão difícil exercer esta profissão em Portugal.
No ano que o Governo decretou como o “ano da arquitectura portuguesa”, os arquitectos debatem o seu futuro num congresso, de três dias, que começa esta quinta-feira, em Lisboa.
Numa altura em que muitos profissionais se vêem obrigados a emigrar, outros estão a fechar os seus ateliês. Há quem trabalhe há meses sem receber um tostão e outros já deixaram a arquitectura.
A Renascença conversou com gerações diferentes de arquitectos na procura de um diagnóstico da situação destes profissionais.
José Mateus, de 50 anos, fundou, há 22, um ateliê com o seu irmão. Agora, contempla aquilo que há poucos anos seria impensável: “Nunca pensei que, depois de 22 anos, pudesse agora ter de equacionar fechar o ateliê. Quando alguns amigos olham para o nosso trabalho, porque temos alguma divulgação e exposições, acham que temos bastante trabalho, mas não temos. Estamos a sofrer o problema que todos sofrem”.
Hoje, o ARX Portugal, que os irmãos abriram em 1991, tem mais cadeiras vagas: “’Passámos de um ateliê que, entre aqueles que são internos e os que eram como que satélites, tínhamos de 20 a 25 arquitectos. Hoje, temos cinco ou seis”, explica José Mateus.
Mudamos de atelier e encontramos outra geração de arquitectos, numa situação não menos difícil.
Um arquitecto de 29 anos, que há três acabou o curso, pede-nos para não o identificarmos. Ele trabalha todos os dias, há meses, sem ser pago. “Este ano, ainda não recebi um tostão. Pedem-me paciência, que eu perceba que há crise, que eu não recebo, mas também mais ninguém recebe. O dinheiro não entra. O pouco que vai entrando é para as despesas correntes do ateliê, menos para os salários, que são completamente postos de lado”, desabafa.