12.11.13

Taxa de desemprego cai pela primeira vez em cinco anos

Raquel Martins, in Público on-line

Taxa fixou-se nos 15,6% no terceiro trimestre de 2013, um recuo face ao ano passado e em relação ao último trimestre.

No terceiro trimestre de 2013, a taxa de desemprego em Portugal fixou-se nos 15,6%. É a primeira vez em cinco anos que o desemprego regista uma descida homóloga. De acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), é preciso recuar ao terceiro trimestre de 2008 para assistir a uma queda anual da taxa de desemprego. A população activa também registou uma queda anual inédita.

No total, entre Julho e Setembro, havia 838,6 mil pessoas no desemprego, menos 32 mil do que no período homólogo de 2012 e menos 47 mil em comparação com o segundo trimestre de 2013.

Esta é a segunda vez este ano que a taxa de desemprego regista um recuo trimestral. Do primeiro para o segundo trimestre, o desemprego caiu de 17,7% para 16,4%. Agora, a queda é menos acentuada, mas, ainda assim, trata-se de um recuo de 16,4% para 15,6%.

Na comparação com o mesmo período de 2012, os dados agora divulgados surpreendem com uma queda que não se registava desde o terceiro trimestre de 2008. Assim, no terceiro trimestre de 2013, a taxa de desemprego apurada pelo INE era 0,2 pontos percentuais inferior à apurada no ano passado (15,8%).

De acordo com as estatísticas do emprego, o recuo anual foi influenciado pela diminuição do desemprego entre os homens (menos 36,3 mil desempregados) e entre as camadas mais jovens (dos 15 aos 24 anos, o desemprego diminuiu em 28,3 mil pessoas e, dos 25 aos 34, em 15 mil). O número de pessoas à procura de emprego há menos de 12 meses também recuou em quase 87 mil, mas, em compensação, aumentou o desemprego de longa duração.

O INE dá ainda conta de um recuo inédito da população activa. No final de Setembro, havia 5392,2 mil activos, menos 135 mil do que no mesmo período de 2012. Já na comparação com o trimestre anterior, a população activa manteve-se praticamente inalterada.

A população empregada foi de 4553,6 mil pessoas, o que representa uma diminuição homóloga de 2,2% e um aumento trimestral de 1,1% (menos 102,7 mil e mais 48,0 mil pessoas, respectivamente).

As mais recentes previsões do Governo, incluídas na proposta de Orçamento do Estado para 2014, apontam uma taxa de desemprego de 17,4% em 2013 e de 17,7% no próximo ano.

Oposição desvaloriza números
Reagindo aos dados do INE, Arménio Carlos, líder da CGTP, desvalorizou a descida do desemprego, salientando que esta quebra acontece por razões de sazonalidade e devido ao aumento de portugueses que vão trabalhar para o estrangeiro.

"Em primeiro lugar, estamos a falar de um trimestre marcado pela sazonalidade. Em segundo lugar, estamos a falar de emprego e desemprego, e não podemos esquecer o fluxo significativo de emigração que tem ocorrido nos últimos meses", afirmou o líder da central sindical, em declarações à Lusa, à margem do plenário de trabalhadores da Carris, na qual participou como funcionário da empresa.

Por seu turno, o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, atribuiu a redução do desemprego ao "efeito sazonal" relacionado com o turismo e a restauração nos meses de Verão. "Vamos ver quais serão os números do último trimestre, aí é que iremos fazer o cômputo [geral]", disse. E ressalvou: "Naturalmente que à UGT agradaria que os números do desemprego baixassem de uma forma ainda mais drástica. Era sinal de que começava a haver sinais de dinamização da economia".

Entre os partidos políticos com assento parlamentar, o Bloco de Esquerda, pela voz de Mariana Aiveca, lembrou que há menos 100 mil portugueses empregados do que há um ano e que 10 mil emigram todos os anos. Também o PCP considerou a redução da taxa "um embuste". Rita Rato atribuiu os resultados ao aumento da emigração, "já que, em Portugal, a população residente diminuiu em cerca de 130 mil" cidadãos.

Por seu lado, Rui Paulo Figueiredo, coordenador da bancada socialista para as questões da economia, considerou positiva a "ténue" redução, mas sublinhou que o país "apresenta sinais preocupantes" e está longe do milagre económico. Já Hugo Soares, do PSD, saudou as empresas e os portugueses "pelo grande resultado".

Empresários destacam sinais de retoma

Do lado dos empresários, António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa, diz que a taxa de 15,6% "surpreende agradavelmente" e vem provar "que os ténues sinais de retoma começam a ter efeitos", disse à Lusa.

Antes do início do Conselho de Ministros, o ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Mota Soares, disse que a descida da taxa de desemprego no terceiro trimestre deste ano dá confiança e esperança e reflecte um aumento do número de pessoas que encontraram trabalho.

"Estes dados dão-nos confiança e esperança", disse, desvalorizando outras justificações para a redução da taxa de desemprego, como a sazonalidade ou a emigração invocadas pela CGTP e os partidos da oposição. Argumentou que os dados do INE reflectem uma "maior criação" de postos de trabalho.

"Com a mesma população activa do trimestre passado, o número de portugueses que encontraram trabalho aumentou", disse, acrescentando que, nos últimos três meses, 50 mil portugueses encontraram trabalho.