Por Catarina Falcão, in iOnline
José Ferreira Machado, director da Faculdade de Economia da Nova, considera que a emigração de jovens portugueses tem razões muito mais profunda que a crise e que em Portugal não há carreiras interessantes para os jovens, nomeadamente na função pública. Já Carlos Matias Ramos, bastonário da ordem dos engenheiros, aponta que se devem fazer os esforços necessários para reter talento em Portugal e que muitas vezes é a falta de progressão na carreira e de meritocracia nos locais de trabalho que leva os jovens a deixarem o país.
Num debate sobre fuga de cérebros na Lisbon Summit, conferência organizada pela "The Economist", universidades, mundo empresarial e empreendedorismo discutiram a importância da emigração de jovens portugueses. Ferreira Machado apontou que esta saída mostra a "excelência das universidades portuguesas" e dos estudantes nacionais que actualmente concorrem com outros formados em universidades de todo o mundo. Na sua perspectiva não deve haver comoção em relação a estas saídas até porque, no futuro, esta vaga de emigração permitirá a Portugal alargar as suas redes de contacto nos negócios internacionais e que os portugueses que voltem sejam trabalhadores com uma formação mais diversificada.
O bastonário da ordem dos engenheiros pensa que esta onda de emigração de jovens profissionais - no caso dos engenheiros especialmente para Inglaterra, Brasil e Suíça no último anos - requer novas "políticas publicas e uma estratégia" para reter o talento em Portugal. "Sem engenheiros não há futuro" apontou Matias Ramos apontando que Portugal não está só a enviar para fora do país potenciais CEO mas jovens que não encontram em Portugal segurança e futuro nas suas carreiras.
Dana Redford, presidente da Plataforma para a Educação do Empreendedorismo em Portugal e Professor de Empreendedorismo e Inovação na Faculdade de Economia e Gestão na Universidade Católica Portuguesa do Porto, disse que em Portugal se stá a assistir a uma mudança cultural e que é necessário dotar os mais jovens de ferramentas que os levem a criar o seu próprio emprego. "A fuga de cérebros não é uma coisa má, é mau quando sao as pessoas que nao têm oportunidades no país a sair. Mas este movimento pode beneficiar o país com mais experiência e novas redes de contactos" aponta o professor que indica que nas suas aulas, cerca de 65% dos alunos pretende sair do país quando concluir a sua formação académica.