Sérgio Aníbal, in Jornal Público
Os portugueses estão este ano a sentir no próprio bolso os efeitos da crise no mercado internacional de bens alimentares. A maior parte dos produtos mais consumidos e que ninguém pode evitar têm vindo a registar durante os últimos doze meses as maiores subidas de preços desde que Portugal entrou para o euro.
Seja qual for a refeição que esteja a ser preparada, o acréscimo de despesa, de Março do ano passado para Março deste ano, nota-se, como revelam os últimos números da inflação divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística. Assim, um simples pequeno-almoço, constituído por leite, pão e manteiga, tem de ser feito tendo em conta um acréscimo anual de preços de, respectivamente, 17,6, 9,4 e 15,2 por cento em cada um destes produtos.
No caso de um almoço ou um jantar, as contas também não ficam mais fáceis. Apesar de 1as carnes estarem a registar, este ano, uma estabilização dos preços, os acompanhamentos estão a sair mais caros. O custo suportado com o arroz é agora 7,4 por cento mais elevado e as massas registam um acréscimo de preço anual de 27,8 por cento. As batatas podem ser uma opção, já que em comparação com igual período do ano anterior custam agora 24,5 por cento menos. Esta descida, no entanto, apenas ocorre porque no ano anterior os preços tinham subido, devido ao mau ano de colheita, 38,9 por cento. O peixe, entretanto, perdeu vantagens como alternativa já que a inflação neste produto é actualmente de 6,2 por cento. O mesmo acontece com os ovos, que já custam mais 13,8 por cento do que no ano passado.
A subida dos preços dos bens alimentares está longe de ser um exclusivo português. No resto da Europa, por exemplo, a subida de preços neste tipo de produtos é até ligeiramente mais forte. O problema para os portugueses - e em particular para quem tem menores rendimentos - é que os alimentos pesam mais no orçamento familiar, pelo que a inflação sofrida é mais alta e o tempo que se leva a gastar o dinheiro do mês bastante mais reduzido.