in Jornal Público
Os agricultores, tanto nacionais como da União Europeia, criticaram a decisão de acabar com a calibragem de parte das frutas e legumes. Argumentam que a medida só prejudicará produtores e consumidores e consideram falaciosa a argumentação de que há desperdício. "Não faz sentido nenhum porque não traz benefícios para ninguém", considera José Burnay, presidente da Federação Nacional das Organização de Produtores de Frutas e Hortícolas (Fnop). "Os produtos têm de ser separados pela qualidade e depois de termos ganho a batalha da comercialização, valorizando o que é bom e descartando o que é pior, mudam as regras".
Tanto a Fnop como a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) consideram que a medida terá poucos efeitos práticos, pois as grandes superfícies continuarão a exigir os produtos de maior qualidade. A decisão "é para inglês ver", dizem, pois aplica-se apenas a 25 por cento do valor dos horti-frutícolas que chegam ao mercado. Por isso consideram demagógica a afirmação da comissária europeia de que os preços iriam baixar 40 por cento. "É de quem não sabe do assunto, pois as árvores são as mesmas, os custos de produção já lá estão e a margem que se poderia ter é residual", diz José Burnay. Dizem que não há desperdícios, pois os produtos podem ir para a indústria ou bancos alimentares (ver texto). Também a nível europeu, os produtores estão insatisfeitos.
A Copa (que reúne as confederações de agricultores europeias) e a Cogeca (que reúne as cooperativas) afirmam que a Comissão preferiu resolver os seus problemas burocráticos a defender o sector. Criticam que se deixem de usar parâmetros que premeiam a qualidade, o que só prejudicará produtores e consumidores. A.F.