in Jornal Público
De uma forma geral, 20 a 30 por cento da produção de frutas e legumes pode apresentar defeitos. Muita é canalizada para a indústria transformadora e outra parte pode ir para os bancos alimentares contra a fome. Segundo a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), os produtores entregavam 85 milhões de quilos de produtos todos os anos para ajudar os mais carenciados. Mas, no último ano, não é isso que tem estado a acontecer.
A questão é que o Ministério da Agricultura tem de informar Bruxelas sobre a sua estratégia para a entrega de hortifrutícolas que não cumprem os parâmetros estabelecidos pela União Europeia nos bancos alimentares e isso ainda não foi feito.
"O ministro Jaime Silva inviabilizou a previsível distribuição destes produtos num ano de crise como o que estamos a viver", acusou a Confederação dos Agricultores de Portugal.
Isabel Jonet, presidente da Federação de Bancos Alimentares, confirmou a acusação da CAP. "Não estamos a receber nada desde Janeiro, porque o ministério se atrasou a enviar a informação para Bruxelas".
Em Outubro, a federação pediu que o assunto fosse tratado com carácter de urgência, mas até agora não obtiveram resposta. "A fruta é muito cara e os idosos ou gastam com remédios ou gastam com alimentação. Portanto, sem este apoio, eles não comem estes produtos", diz Jonet.
Frutas e legumes não estão a ser bem aproveitados. "Com esta situação, estes produtos hortifrutícolas estão a ser enterrados ou a ser vendidos para Espanha a dez cêntimos, para fazer refrigerantes", adianta a responsável. Ana Fernandes