Por Catarina Fernandes Martins, in Público on-line
Em cada cidade com universidade pública, ao meio dia desta sexta-feira, haverá um reitor a explicar à comunidade que as instituições estão asfixiadas e não aguentam mais cortes. O discurso é comum a todos. "Portugal perderá se asfixiar as suas universidades", avisam.
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Esta declaração faz parte de uma série de iniciativas que o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) vai levar a cabo com o objectivo de alertar para o “iminente quadro de ruptura na rede universitária”, numa altura em que se prevê um corte de 9,4% nas verbas para o ensino superior, previsto no Orçamento de Estado para 2013.
Os reitores entendem que “num momento em que o país está confrontado com um quadro de complexidade e adversidade extremo, que condiciona o presente e aprisiona o seu futuro” é importante explicar o trabalho desempenhado pelas universidades públicas e “o que Portugal perderá se asfixiar as suas universidades”.
Em oito pontos, o CRUP apresenta o que as universidades fazem por Portugal, referindo, entre outros, a “formação de recursos humanos altamente qualificados” e o facto de as universidades constituírem a “única base sólida em que assenta o sistema científico e tecnológico nacional, sendo decisivas para o seu rejuvenescimento e sustentabilidade, incluindo a financeira”. É apontado ainda que as universidades são “exemplo de uma gestão rigorosa e eficiente”, não contribuindo para o aumento do défice público. O CRUP defende ainda que as universidades “prestigiam a posição de Portugal no Mundo”.
Os reitores consideram que a actual proposta de lei para o Orçamento de Estado de 2013 “irá ter consequências altamente nefastas para o funcionamento das universidades”. Nesse contexto, afirmam, Portugal ficará a perder ao nível da educação, investigação, inovação, internacionalização, especialização, cooperação e financiamento.
No final da declaração é sublinhado novamente que as universidades públicas portuguesas são “o mais promissor motor da mudança que Portugal necessita de consolidar para sair da crise” e que “sem elas, o futuro do país será muito mais sombrio e a soberania nacional, alimentada pela afirmação do conhecimento, ficará diminuída”.
Além desta declaração conjunta, os reitores vão reunir na Universidade de Coimbra na próxima sexta-feira, dia 16, onde, movidos pela “absoluta necessidade de evitar a desintegração do sistema universitário português”, farão uma comunicação solene ao país.
De recordar que entre 2005 e 2012, o financiamento público das universidades foi reduzido em 144 milhões. Se a actual proposta de Orçamento de Estado para 2013 for aprovada, esse valor atingirá os 200 milhões de euros. Na quinta-feira, no Parlamento, o ministro Nuno Crato prometeu minorar efeitos dos cortes.