Silva Lopes defende "mais 4 mil milhões de euros para o ano"

por António Pedro, in RR

O economista e antigo governador do Banco de Portugal adverte que, se quiserem ter um “Estado capaz”, os portugueses têm que se habituar a viver com uma carga fiscal de 36% do PIB.

O antigo ministro das Finanças, Silva Lopes, diz que 4 mil milhões de euros a mais em 2013, e não a menos como pretende o Governo, poderiam resultar num crescimento da economia portuguesa acima de 2%.

São cálculos em contramão realizados pelo economista, que insiste na necessidade de mais dinheiro da “troika” para Portugal. Silva Lopes não acredita que tal venha a acontecer, mas gostava que a “troika” concede-se mais tempo e, sobretudo, mais dinheiro a Portugal.

“Se nós tivéssemos mais 4 mil milhões de euros para o ano, em vez desses famosos 4 mil milhões que se anda a propor aí que se vão cortar, nós tínhamos um crescimento para o ano do PIB de 2,2%, em vez dos menos 2% que temos agora.”

“A consequência de não termos aqueles 4 mil milhões que eles nos emprestam e ter que os ir cortar no Orçamento vai dar que a recessão e o desemprego, para o ano, vão ser muito piores do que seriam. Dava-me jeito ter mais dinheiro”, sublinha.

Ao contrário de António Borges, Silva Lopes considera que 36% de impostos em Portugal é uma carga fiscal elevada, mas o economista e antigo governador do Banco de Portugal adverte que, se quiserem ter um “Estado capaz”, os portugueses têm que se habituar a viver com essa carga fiscal.

“A gente não pode manter um Estado capaz, se não pagarmos impostos”, argumentou Silva Lopes numa conferência sobre a crise, a economia e o emprego, em Coimbra.