Por Filipe Morais, in iOnline
Associação é liderada por Maria Helena Nazaré, da Universidade de Aveiro, e representa instituições de 47 países europeus
O Observatório da Associação das Universidades Europeias divulgou ontem dados de um relatório que indica que Portugal está a investir menos nas universidades. Os dados ontem revelados indicam que, entre 2008 e 2012, e tendo em conta os efeitos da inflação, houve uma quebra de investimento de 1,5% nas universidades nacionais.
Um gráfico incluído no documento mostra que o investimento cresceu de 2008 para 2009 e de 2009 para 2010, tendo, a partir daí, descido para 602 milhões de euros em 2012, esperando- -se que haja um novo decréscimo em 2013.
O observatório conclui que os países do Leste e do Sul da Europa mostram neste domínio que foram mais afectados pela crise económica que os países da Europa Central e do Norte. O estudo alerta ainda para os efeitos negativos da situação, lembrando que a redução do investimento nas universidades enfraquece as capacidades e o conhecimento dos países, dificultando o seu desenvolvimento económico e a cooperação académica e científica entre estados. O estudo pretende analisar o investimento dos diversos países europeus no sector universitário, tendo particular atenção ao impacto da inflação e às alterações no número de estudantes nos respectivos sistemas.
O relatório sublinha que, no período de 2008 a 2012, a inflação teve um "impacto significativo" na situação financeira das universidades europeias, cortando ou mitigando o aumento de investimento, pelo que apenas sete dos 20 sistemas analisados obtiveram mais fundos nesse período. Portugal sofreu assim uma quebra de investimento de 1,5%, uma redução semelhante à de países como a Croácia, a Polónia, a Eslováquia, a República Checa, Espanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Lituânia e Reino Unido.
Os sete países que conseguiram reforçar em termos reais o investimento nas universidades nesse período foram a Alemanha, a Noruega, a Suécia, a Áustria, a Bélgica, Franca e a Holanda.
Para o biénio de 2012-2013, o observatório faz previsões com um retrato misto na Europa: nove países estimam ter um aumento do investimento nas universidades (Áustria, Islândia, República Checa, Noruega, Polónia, Suécia, Bélgica, França e Lituânia), enquanto oito, incluindo Portugal, prevêem cortes que podem ir até 25%.
Itália, Holanda, Eslováquia, Croácia, Reino Unido/Inglaterra/Gales, Grécia e Hungria são os restantes países em que se estimam quebras de investimento no sector. Nos sistemas em que se prevêem redução de fundos públicos, as áreas de pessoal e infra-estruturas são as tendencialmente mais afectadas.
A Associação das Universidades Europeias (AUE) representa e apoia mais de 850 instituições de ensino superior em 47 países, tendo um fórum de debate, cooperação e troca de informações sobre directrizes de educação e pesquisa. A AUE resulta da fusão feita em 2001 entre a Associação de Universidades Europeias e a Confederação de Conferências de Reitores da União Europeia. A actual presidente é Maria Helena Nazaré, da Universidade de Aveiro.
Com Lusa