15.7.13

Pobreza caiu para 17,9% no 1.º ano da troika, diz INE

por Luís Reis Ribeiro, in Dinheiro Vivo

O limiar de pobreza, indicador que mete a proporção de população que vive abaixo do rendimento de subsistência, melhorou ligeiramente naquele que é o primeiro registo do período de intervenção da troika, que começou em 2011, diz o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Mas isto acontece porque o Estado social, que o Governo pretende reformar e emagrecer, salvou cada vez mais gente daquela situação.

Apesar do aumento brutal do desemprego e dos cortes a fundo nas prestações sociais, que já marcaram 2010, mas sobretudo 2011, o INE revela que 17,9% da população portuguesa (quase 1,8 milhões de pessoas) era 'oficialmente' pobre, menos uma décima do que no inquérito anterior, que apontava para 18%.

"O limiar de pobreza registou um decréscimo nominal de 1% em 2011, segundo os resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (EU-SILC) realizado em 2012, observando-se uma taxa de pobreza de 17,9%, valor próximo do estimado para os dois anos anteriores", escreve o INE.

No entanto, percebe-se que se não houvesse a rede da Segurança Social pública (pensões e apoios sociais, vulgo Estado social), o fenómeno da pobreza teria alastrado de forma significativa. Por exemplo, o índice antes de qualquer transferência social subiria de 42,5% da população para 45,4%. Significa isto que o Estado social 'salvou' da pobreza quase 27,5% da população, cerca de 2,75 milhões de indivíduos.

As pensões também ganharam alguma eficácia no combate à exclusão: depois de serem pagas, a taxa de pobreza correspondente caiu ligeiramente de 25,4% em 2010 para 25,2%.

O INE considera que está no limiar da pobreza que ganhava cerca de 456,6 euros por mês em 2011 (a preços de 2009). O rendimento anualizado era de 5473 euros.

Apesar da pobreza oficial ter recuado ou pelo menos estabilizado, a desigualdade na distribuição dos rendimentos (a distância entre os mais ricos e os mais pobres) está a aprofundar-se em Portugal. O índice de Gini aumento de 34,2% em 2010 para 34,5%.

O INE mostra ainda que as crianças estão mais expostas à pobreza. A sua presença nos agregados familiares agrava a intensidade do fenómeno. Em lares com menores a cargo, mesmo com a intervenção do Estado social, a pobreza sobre de 20,1% da população para 20,4%.