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Quantidades que chegam ao Banco Alimentar Contra a Fome não são suficientes. Produtos para recém-nascidos e crianças em falta
Existem entre 22 a 25 mil pessoas com necessidades de apoio alimentar no Algarve, estimou o presidente do Banco Alimentar Contra a Fome na região, que já apoia 16 mil através de 70 instituições.
Nuno Alves precisou à Lusa que, em 2013, o Banco Alimentar apoiou 22 mil pessoas, através de 128 instituições, mas apenas porque às 16 mil identificadas pela organização se somaram 6 mil que estavam integradas no programa comunitário de apoio a carenciados, que entretanto terminou.
«Agora tem estado calmo, porque nós não trabalhamos com as famílias diretamente, mas houve uma altura do ano em que chegámos a ter aqui à porta pedidos de ajuda semanais», contou, sublinhando que os pedidos dispararam no último semestre de 2013.
Nos últimos dois anos houve um aumento de 2.000 pessoas apoiadas pelo Banco Alimentar no Algarve, embora o número de instituições abrangidas se tenha mantido nas 70.
Os produtos secos - como o leite, a farinha, o arroz ou o azeite - são aqueles que o Banco Alimentar tem maior dificuldade em garantir, porque as quantidades que ali chegam, sobretudo através das duas campanhas anuais, não são suficientes.
Em contrapartida, a organização está a conseguir crescer no apoio de produtos frescos, sobretudo fruta, iniciou recentemente a distribuição de pescado e pão e quer arrancar este ano com verduras e carne.
De acordo com Nuno Alves, um dos objetivos para 2014 é atingir 1.000 toneladas de alimentos por ano, duplicando o trabalho do Banco Alimentar do Algarve, criado em 2007, que habitualmente trabalha com 500 toneladas por ano.
O apoio ao Banco Alimentar do Algarve, cuja equipa é constituída exclusivamente por voluntários, pode ser concedido em dinheiro ou em produtos alimentares, cuja maioria é recolhida nas campanhas nacionais promovidas em supermercados, podendo também ser entregues diretamente na instituição, em Faro ou em Portimão.
Desde há dois anos que existe também a campanha «Papel por alimentos», que já conseguiu recolher mais de 800 toneladas de papel, ou seja, 100 toneladas de alimentos secos.
No final de 2013 foi lançado o projeto «Separar para alimentar», que visa converter embalagens para reciclagem em alimentos para crianças até aos três anos.
O presidente do Banco Alimentar contra a Fome no Algarve alertou para a dificuldade em obter alimentos lácteos, produtos caros e que raramente são doados à instituição, para distribuir às famílias com recém-nascidos e crianças.
Nuno Alves afirmou que existe uma grande carência deste tipo de produtos - leite em pó, papas e farinhas lácteas -, que quase não entram nos armazéns do Banco Alimentar, representando cerca de 1% dos alimentos recolhidos nas campanhas anuais da instituição.
«Há famílias com crianças e sem capacidade financeira para comprar esse tipo de produtos», alertou, sublinhando que a situação é preocupante em concelhos como Faro, Olhão, Loulé e Portimão e estimando que poderão haver no distrito 1.000 crianças, entre os 0 e os 3 anos, com esta carência.
Segundo aquele responsável, as pessoas que doam alimentos, por vezes, preferem dar mais quantidade, por «ficarem com a sensação de que estão a ajudar mais pessoas», do que poucos alimentos e mais caros, como é o caso dos produtos lácteos.