13.2.14

Eurodeputados criticam aumento da pobreza e desemprego em países sob programas da 'troika'

in iOnline

Os eurodeputados da Comissão do Emprego do Parlamento Europeu (PE) criticaram hoje, em Bruxelas, o aumento da pobreza e do desemprego nos países sob programas de ajustamento da ‘troika’: Grécia, Irlanda, Portugal e Chipre.

Em conferência de imprensa, a seguir ao voto em comissão, o relator do texto, o eurodeputado socialista espanhol Alejandro Cerca, salientou as “dramáticas consequências” sociais dos programas de intervenção delineados pela ‘troika’ (Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu).

O texto denuncia os cortes recomendados pela ‘troika’ em áreas como as pensões ou a luta contra a pobreza.

“Não sabemos quanto dinheiro será preciso para a recuperação social”, sublinhou o deputado, exemplificando com o apoio de Bruxelas ao combate ao desemprego juvenil, que “nos quatro países sob intervenção é insuficiente”.

“Os cortes foram feitos à maneira de um carniceiro, não à de um cirurgião”, considerou Cerca, que criticou ainda o facto de o PE ter estado afastado de todo o processo decisório.

Por seu lado, a eurodeputada Regina Bastos (PSD), relatora sombra do texto, sublinhou que a situação económica dos países intervencionados “já era muito difícil, estando mesmo perto da bancarrota, e a inação teria tido consequências drásticas”.

“Após o tumulto causado pela aplicação dos programas de ajustamento económico e as necessárias reformas estruturais, é tempo de voltar à via da criação de emprego e do crescimento sustentável”, considerou.

A eurodeputada Edite Estrela (PS) considerou, por seu lado, que o relatório “expõe as graves consequências sociais dos excessos da austeridade nos países sob resgate e podia ter ido mais longe na denúncia da realidade se a maioria de direita não o tivesse impedido, chantageando o relator com ameaças de votar contra o relatório no seu todo".

O relatório foi aprovado por 27 votos a favor, sete contra e duas abstenções, estando agendada para março a votação em sessão plenária.

Os programas de ajustamento da ‘troika’ foram aplicados na Grécia (maio de 2010 e março de 2012), na Irlanda (dezembro de 2010), em Portugal (maio de 2011) e em Chipre (junho de 2013).

A Irlanda já saiu do seu programa e Portugal prepara-se para regressar aos mercados em maio.