7.3.14

Ferreira Leite. “O salário não é uma esmola”

Por Ana Tomás, in iOnline

A social-democrata defende que o debate não deve ser feito em torno do binómio salários/impostos, mas sim em função do modelo de sociedade que se quer

Manuela Ferreira Leite afirma que a discussão do governo e da oposição em torno da relação salário/impostos não é a “verdadeira discussão” que deve ser feita no momento em que o país se prepara para sair do programa de assistência financeira, mas sublinha que o salário não pode ser visto como uma esmola.

No programa “Política Mesmo”, da TVI24, a social-democrata comentou desta maneira o anúncio feito ontem pelo primeiro-ministro, no debate quinzenal, de que os os níveis salariais na função pública não vão voltar aos níveis de 2011 e de 2010.

“Quando se diz que não pode haver aumento de impostos, porque não se pode pagar mais eu pergunto se o salário é uma esmola?”, atirou a ex-ministra do PSD, acrescentando de imediato a resposta: “O salário é a retribuição por um trabalho prestado, portanto não é uma esmola”.

Para Ferreira Leite se o objectivo de um governo não é empobrecer o seu país então “não pode olhar para o salário como uma esmola”, que se dá em função das posses, nem fazê-lo depender de um aumento dos impostos.

“Neste momento, o problema dos salários e dos impostos já não é um problema de emergência”, defendeu, justificando que a sua redução pode ter sido necessária numa altura de quase bancarrota financeira, mas que não deve ser vista de forma permanente, sobretudo quando se começa a entrar num ajustamento de sentido contrário, numa fase de crescimento, “em que o governo faz imensa propaganda”.

“Quando eu digo que os salários são demasiados e que vou ter de os baixar e que não podem subir, eu pergunto que serviço de educação, que saúde, que protecção social está aqui. Isto não é indiferente (…) Está na base e condiciona o modelo de sociedade que queremos ter””, referiu.

A social-democrata considera, de resto, que esta é a discussão que deve ser feita antes das eleições.

“Eu tenho de saber qual é o modelo que cada partido me propõe para eu saber em quem vou votar”, sustentou.

Manuela Ferreira Leite comentou ainda a manifestação das forças de segurança, que classificou como “um sintoma muito grande que não está só nos polícias, mas também na sociedade”. Um protesto ao qual, acrescentou, “ninguém pode ficar indiferente", apesar de condenar os incidentes ocorridos junto à Assembleia.

“É uma manifestação que, pela dimensão e natureza, não pode deixar de chamar a atenção e a ponderação das pessoas com responsabilidades políticas.O sector da segurança é um sector de uma delicadeza especial” , disse.