por Ana Carrilho, in RR
Ensino devem responder às necessidades do mercado
Director-geral da Universidade Europeia defende o fim de alguns mitos, sob pena de muitos jovens continuarem a insistir em cursos superiores universitários “sem nenhuma empregabilidade”.
O Governo deve definir estratégias de ensino que respondam às necessidades do mercado de trabalho e orientem os jovens na escolha do curso superior, apela o director-geral da Universidade Europeia.
Nelson Brito defende, em declarações à Renascença, uma maior aproximação entre a universidade e as empresas, para dar uma resposta ao desemprego jovem que ultrapassa os 35% em Portugal.
Na opinião do director-geral da Universidade Europeia, que esta terça-feira organiza uma conferência sobre o tema, em Lisboa, a solução também passa pela destruição de alguns mitos.
As universidades servem para criar conhecimento e a preparação para a profissão é competência dos Institutos Politécnicos ou do Ensino Profissional ou quem segue estas últimas duas vias é menos capacitado intelectualmente. Estes são dois mitos que, na opinião de Nelson Brito, têm que ser destruídos, sob pena de muitos jovens continuarem a insistir em cursos superiores universitários “sem nenhuma empregabilidade”.
Para Nelson Brito, a ajuda vocacional tem que ser feita mais cedo, logo no início do secundário, sem desprezar qualquer tipo de ensino porque a qualificação é sempre uma mais-valia.
O director-geral da Universidade Europeia frisa que a responsabilidade do desemprego jovem é tripartida: das universidades, das empresas e do Governo.
As universidades, sublinha, devem pensar no investimento que as famílias fazem na educação dos filhos e as empresas assumir um papel mais relevante de proximidade às universidades.
Para Nelson Brito, as empresas devem estar “disponíveis para receber estudantes diplomados em estágios”, mas “para ajudá-los na preparação e não apenas para os usar como ainda temos alguns exemplos de empresas menos responsáveis socialmente, que acabam por tratar o estagiário como mão de obra barata”.
O Governo, por seu lado, tem que garantir “uma política que consiga reflectir no seu sistema de ensino superior um mapeamento necessário ao desenvolvimento do próprio país”.
Nelson Brito não tem dúvidas: os alunos têm que conhecer o mundo do trabalho mais cedo. Por isso, deixa a questão: “Quantas universidades têm a preocupação de garantir que os estudantes têm uma perspectiva de passar, no mínimo, um período de tempo desde o primeiro ano nas empresas. Quantas pequenas e médias empresas (PME) estão disponíveis para receber estudantes sem terem acabado os cursos superiores? Mas depois são as mesmas que se queixam que as universidades não dão resposta.”
Nelson Brito deixa ainda o desafio: contratar jovens e contratar conhecimento é algo que está ao alcance de qualquer empresa, mesmo PME, e alerta que os bons empresários, que querem atrair talento, não fazem propostas de baixos salários.
A conferência sobre o desemprego jovem, organizada pela Universidade Europeia, decorre esta terça-feira, em Lisboa. O ministro da Educação, Nuno Crato, é um dos convidados, assim como o secretário de Estado da Inovação, Investimento e Competitividade, Pedro Gonçalves. Entre os conferencistas, estão os representantes da Universidade Europeia, da Universidade de Aveiro e da Católica e de grupos empresariais como a Inditex, a Vodafone, a Portucel ou o BPI.