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Alerta para o fenómeno surge após um caso no Porto. Rosa, uma doente de cancro, que teve alta do Hospital de Joaquim Urbano, acabou por ser deixada, por sua vontade, junto à Igreja do Carvalhido.
Estão a aumentar os casos em que as famílias são obrigadas a abandonar doentes por não terem condições para os ter em casa. A confirmação é do padre Jardim Moreira, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, já depois de o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, ter alertado para o fenómeno, no seguimento de um caso naquela cidade que foi divulgado na quarta-feira.
Um doente de cancro, que teve alta do Hospital de Joaquim Urbano, acabou, esta segunda-feira, por ser deixada, por sua vontade, junto à Igreja do Carvalhido, zona onde o marido costuma arrumar carros. Segundo o “Público”, Rosa aguentou-se na escadaria da igreja cerca de cinco horas até ser transportada pela polícia para um quarto numa pensão de Cedofeita, arranjado pela Segurança Social, a mesma instituição que cortara o Rendimento Social de Inserção (RSI) ao casal, deixando-o sem capacidade de pagar uma renda.
Para o Padre Jardim Moreira, estas são situações reveladoras da fragilidade extrema a que muitas famílias estão sujeitas. “Para não deixar o doente sozinho e sem condições de acompanhamento, acho que no hospital tem quem o acompanhe e cuide da sua saúde. É quase um gesto de desespero e de impotência com que as pessoas chegam aí, porque é a luta entre o amor e o abandono em que se sentem impelidos diante de situações concretas.”
O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza teme que esses casos possam aumentar ainda mais no futuro.
Rui Moreira disse que muitos responsáveis de unidades hospitalares lhe têm relatado casos de famílias cuja localização é impossível de obter, na altura em que os doentes recebem alta.