Sandra Afonso, in RR
Identidade, tempo, localização, ambiente e cultura são considerados determinantes na pobreza, segundo a OCDE.
O estudo “The Hidden Dimensions of Poverty”, publicado esta sexta-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), identifica cinco fatores que podem intensificar ou mitigar a pobreza.
Muito mais que a essência de qualquer pessoa, a identidade é a forma como a sociedade vê os pobres e eles próprios se identificam. “Com frequência, os pobres são estigmatizados, e descriminados, com base em estereótipos, preconceito e ignorância.”
O momento da vida em que a pessoa atinge uma situação de pobreza tem implicações na intensidade, impacto e oportunidade para sair dessa situação, o tempo em que acontece. Quando a pobreza se prolonga por um longo período, aumenta o impacto e a privação.
A localização também pode determinar ou agravar a pobreza, e tanto os centros urbanos como as áreas rurais têm desvantagens. Em causa estão infraestruturas desadequadas, isolamento, falta de serviços e transportes públicos, poucas oportunidades de emprego ou abundância de trabalho precário, escolas más, cuidados de saúde precários, inexistência de alimentos saudáveis a baixo custo, casas inadequadas, possibilidade de surtos contagiosos e até estigma pela reputação da má vizinhança.
Os pobres e as famílias estão ainda vulneráveis ao ambiente e às políticas ambientais, têm mais dificuldade em se protegerem e resguardarem os bens e animais da poluição e de condições extremas. Situações como inundações, deflorestação, poluição atmosférica e da água, a redução do habitat para a biodiversidade, o aumento do uso de pesticidas e plásticos e a saturação dos terrenos. Normalmente, as políticas ambientais também não têm em conta o impacto sobre a pobreza.
As crenças culturais não só definem a pobreza, como a forma como as pessoas pobres são tratadas, com pena, desprezo, culpa ou respeito. Conforme o país, assim a opinião pública atribui a pobreza a fatores estruturais ou falhanço individual, o que por sua vez determina o tipo de apoios, assistência social e solidariedade que acabam por ser concedidos. O ambiente cultural também pressiona os orçamentos familiares, ao criar expectativas financeiras sobre festas, dotes, cerimónias, prendas e outras convenções criadas socialmente.