4.7.13

Menos de 30% dos idosos seguem comportamentos ativos

por Texto da Lusa, publicado por Lina Santos, in Diário de Notícias

Menos de um terço dos portugueses seguem comportamentos de envelhecimento ativo, que contribuem para a qualidade de vida, ficando a meio de uma tabela europeia, situação que deverá melhorar nos próximos anos, revelou hoje o investigador Manuel Villaverde Cabral.

O coordenador do estudo "Processos de Envelhecimento em Portugal, usos do tempo, redes sociais, e condições de vida", disse à agência Lusa que "a percentagem de portugueses que investem minimamente em atividades que promovem o envelhecimento ativo é da ordem de 30%". Esta é uma das conclusões do trabalho, com base em inquéritos a mil portugueses a partir dos 50 anos, que hoje é apresentado e que Villaverde Cabral comparou com um estudo europeu, realizado com uma metodologia diferente e a partir dos 65 anos. O envelhecimento ativo contempla a adoção de ações cognitivas e físicas, de cuidados médicos ou hábitos de saúde, que promovem uma maior longevidade com qualidade. Trabalhar ou não, pertencer a associações, fazer voluntariado, ir ao cinema ou assistir a espectáculos são alguns exemplos avançados pelo investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. No estudo europeu, "Portugal apareceu com uma percentagem ligeiramente superior (35%) de potencial realizado em relação ao envelhecimento ativo" e na comparação europeia ficou "mais ou menos a meio da tabela", sendo um dos elementos que "contribuiu mais favoravelmente o facto de os seniores portugueses se reformarem um pouco mais tarde do que a média europeia". A taxa mais elevada de adoção de envelhecimento ativo está no grupo entre 50 e 64 anos, por isso, a expetativa é que, com os anos, e a passagem destes portugueses à faixa dos "mais velhos", a prática do envelhecimento ativo aumente. "À medida que os mais idosos forem falecendo e os que têm agora menos de 74, menos de 65, menos de 50 forem envelhecendo, este movimento natural demográfico, pelos atributos socio-económicos, nomeadamente a escolaridade e o próprio nível de vida, apesar da crise", vai fazer com que se generalize "crescentemente a adoção de práticas de envelhecimento ativo", explicou Villaverde Cabral. Apenas 1% ou 2% dos inquiridos que não sabem ler ou escrever aderem às "boas práticas", contra os menos de 19% dos que têm o ensino básico. Nos idosos que têm o ensino básico, cerca de dois terços segue as boas práticas de envelhecimento ativo, enquanto nos que têm o ensino superior a percentagem sobe para os 80%. A terceira conclusão do trabalho vai "contra o que, por vezes, o discurso do envelhecimento ativo dá a entender quando é criticado", "Há a indução de uma ideia de que o envelhecimento ativo faria "milagres" - não faz", salientou o investigador. O documento diz que, "contrariamente àquilo que a ideologia do "envelhecimento ativo" parece, por vezes, induzir, o efeito de idade tende a exercer o seu impacto, virtualmente, a todos os níveis da existência dos indivíduos (...), confirmando as teses da desvinculação gradual dos mais idosos em relação à participação na vida social e até familiar".