por Céu Neves, in Diário de Notícias
Uma em cada três pessoas conhece ou foi vítima de uma das novas formas de violência e que utilizam a Internet como meio preferencial de agressão e de perseguição. É a conclusão do estudo para a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) sobre o tema da "Perceção da população portuguesa sobre stalking, cyberstalking , bullying e cyberbullying ", que será apresentado esta manhã na sede da associação, em Lisboa.
Os portugueses identificam sobretudo o bullying , mas, depois de ouvirem a explicação, acabam reconhecer casos das outras formas de violência que usam preferencialmente as novas tecnologias.
Estamos a falar do assédio persistente em que uma pessoa se impõe a outra, com um conjunto de comportamentos que são indesejados ou intrusos (stalking); da utilização da Internet ou de outros meios eletrónicos para perseguir e assediar alguém (cyberstalking); da violência entre pares com comportamentos agressivos por um agressor ou grupo de agressores contra uma vítima ou grupo de vítimas (bullying); do uso das novas tecnologias para agredir verbalmente ou contribuir para a exclusão social da vítima, por exemplo, disseminando boatos ou revelando informações por telefone, email, redes sociais, etc (cyberbullying ).
A APAV e outras associações europeias querem lei que considere crimes aqueles tipos de maus tratos.
"Os dados batem certo com o que são as tendências tradicionais. As pessoas podem não conseguir distinguir os conceitos, mas depois de lhes ser explicado reconhecem as situações. Estão mais habituados ao bullying, o que não é diferente das perceções internacionais", diz Daniel Cotrim, assessor técnico da direção da APAV.
O inquérito, a que o DN teve acesso, foi aplicado pela INTERCAMPUS, tendo sido entrevistadas 1104 pessoas, entre os 15 e 64 anos, de norte a sul do País. É o 4.º barómetro que resulta da colaboração das duas estruturas.
Uma segunda conclusão do estudo é a de que as pessoas mais facilmente reconhecem aquelas agressões nos outros do que contra si próprios. Apenas 5% diz ter sido vítima.
Em 18% dos casos de violência referenciados, o fenómeno ainda decorria no momento das entrevistas, de 6 a 31 de maio.
Em geral, as vítimas são agredidas diárias e em 53% das vezes durante mais de um ano.