13.2.14

Expo Carreiras. As competências são a cola para unir estudantes e empresas

Por Diogo Pombo, in iOnline

O i perguntou e os alunos confirmaram: é útil o evento que ontem teve a sua 7.ª edição na Universidade Católica

Pediram-se voluntários e quatro dedos levantaram-se. Os estudantes subiram ao palco mas a teatralização não foi o que esperavam: dois deles fizeram de entrevistadores e o outro par de jurados, com ordem para interromper e apontar erros. "Mesmo a fingir, podemos estar desatentos a situações que podem acontecer sem nos apercebermos", avisou às tantas Nuno Simões, coordenador da empresa Eurest e um dos responsáveis pelo workshop Simulação de Entrevista de Emprego, que ontem preencheu a tarde na 7.a edição do Expo Carreiras, organizado pela Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica de Lisboa para aproximar empresas e alunos e abrir as portas do mercado de trabalho.

Minutos antes, o silêncio do auditório vazio foi cortado por um grupo de cinco alunas. "Já se percebeu que as pessoas só vêm se forem obrigadas", desabafou uma delas, para provocar o riso das restantes. Segundos bastaram, no entanto, para quase uma centena de pessoas encherem a sala de manhã (conferência sobre o programa Erasmus e workshop sobre Competências e Oportunidades) e lá voltarem para a sessão da tarde da conferência.

Realizada desde 2008, a iniciativa é "uma oportunidade única para oferecer aos alunos um contacto directo com os empregadores", sublinhara, na sessão matinal, José Miguel Sardica, director da FCH, que classificou o evento como uma "loja de trabalho dinâmica" - aludindo às cerca de 30 empresas presentes.

Nesta sétima edição da conferência o foco esteve nas competências. "Aqui os alunos têm oportunidades e momentos para conhecerem as empresas e receberem o seu feedback quanto às competências que hoje elas procuram", explicou ao i o director, enaltecendo a importância de "sintonizar a formação universitária com aquilo que um dia será a exigência da empregabilidade". E na mesma tecla bateu António Silva Mendes, director da Educação e Formação Profissional da Direcção-Geral da Educação e Cultura da Comissão Europeia. "É fundamental assegurar um match entre os conhecimentos e as competências que o aluno tem e as necessidades que as empresas têm", insistiu o principal orador do evento, antes de apontar os 2 milhões de postos de trabalho que hoje estão por ocupar na UE.

Apesar de lamentar o "desencontro actual entre o que o mercado necessita e o que a universidade está a fornecer", Silva Lopes vê a relação "universidade-empresas" em "franca expansão". Seja escola seja universidade, aprender está no centro de tudo e o director do órgão comunitário salientou a urgência de "injectar nos estudantes o vírus da aprendizagem constante". E deixou um exemplo do dia-a-dia: "Os iPhones e os iPads mostram isso, pois ninguém teve formação para os utilizar e no entanto toda a gente os usa." O mesmo foi destacado por José Miguel Sardica, ao falar "da maleabilidade e da elasticidade" que os alunos "devem aprender a ter". Porquê? "Para adaptarem a contextos diferentes algo que aprendem com os meios actuais, que naturalmente vão evoluir", argumentou.

Tudo isto se mistura no Expo Carreiras, onde se "diz e mostra aos alunos as empresas que um dia os vão acolher", resumiu. Às universidades do país, ressalvou o director, cabe "garantir que é ensinado o que as empresas querem" - e este tipo de eventos, prosseguiu, "gira em torno do eco" vindo das empresas "quando apontam ser necessário ensinar a competência a, b ou c". Um cuidado que na Católica parece dar frutos: 76% dos seus diplomados estão actualmente empregados e 66% desses "encontraram colocação nos primeiros seis meses após finalizarem o curso", revelou José Sardica.