20.9.16

FFMS lança “Portugal Desigual” em parceria com o Expresso e a SIC

Raquel Albuquerque, in Expresso

Quem mais perdeu com a crise? A crise foi pior em Portugal ou na Europa? São duas das quatro perguntas respondidas no site Portugal Desigual lançado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, com base num estudo económico sobre a evolução das desigualdades e da pobreza no período da crise

A Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), em parceria com o Expresso e a SIC, lançou esta segunda feira o projeto Portugal Desigual, um site que reúne as principais conclusões do estudo "Desigualdade do Rendimento e Pobreza em Portugal: 2009-2014", coordenado pelo economista Carlos Farinha Rodrigues, especialista em matéria de desigualdade e pobreza.

O site é composto por quatro grandes perguntas, às quais são dadas respostas acompanhadas por vários gráficos com base em dados estatísticos de fontes nacionais e internacionais entre 2009 e 2014, analisados em detalhe.

O estudo vem desmentir dois "mitos", segundo Carlos Farinha Rodrigues. "Ouvimos dizer que as políticas durante a crise preservaram os mais pobres. Na minha opinião isso é uma meia verdade que esconde uma mentira por trás. Se virmos o que são as fontes de rendimento das famílias mais frágeis, percebemos que são dependentes de apoios sociais. E se em 2010 havia 400 mil beneficiários do rendimento social de inserção, em 2014 eram metade", sublinha o economista e coordenador do estudo, que falava na apresentação do projeto, esta segunda feira, no Clube de Jornalistas, em Lisboa.

O segundo mito, de que a classe média foi a mais afetada, fica então também desmentido pelo estudo, sublinha Farinha Rodrigues. Até o facto de "a classe média ter um acesso a comunicação social que os mais pobres não tem" contribuiu pra a disseminação desse mito.

O desemprego, um dos grandes problemas deste período, foi também referido por Farinha Rodrigues, lembrando ter havido um "crescimento das famílias completamente apartadas do mercado de trabalho". É esse afastamento que, em parte, também explica o "agravamento da pobreza".

O site conta com a apresentação dos conteúdos divididos em quatro grandes perguntas – Quem mais perdeu com a crise?, A crise foi pior em Portugal do que na Europa?, Quanto se ganha em Portugal? e Desigualdade e Pobreza são o mesmo? Cada tema conta com comentários de Carlos Farinha Rodrigues, reportagens da SIC e gráficos interativos.

O estudo será discutido na próxima sexta-feira, dia 23, numa conferência no ISEG, com a presença de Michael Förster, diretor do departamento de políticas sociais da OCDE.