in Jornal de Notícias
O caso dos portugueses não é isolado, porque na Bélgica vivem cidadãos de dezenas de nacionalidades diferentes. Mas a situação agravou-se devido a questões políticas que estão a interferir com a condição económica e social do país.
Todos os anos, a parte flamenga contribui com 5,5 mil milhões de euros para a administração pública do país, que é administrada pela parte francesa, em Bruxelas. Mas desde que ocorreram os escândalos de Charleroi, envolvendo o "uso indevido de dinheiro público e abuso de poder por parte da zona francesa", as hostilidades seculares entre flamengos e valões voltaram à superfície.
Nacionalidade para muitos
Em Abril de 2000 foi discutida uma lei para dar a nacionalidade belga a pessoas que falassem o francês e fossem cidadãos de antigas colónias, como o Congo. A lei "Snel-Belgwet", que significa obtenção rápida da nacionalidade, foi bem acolhida por milhares de imigrantes, mas acabou por ter reflexos nas eleições os imigrantes passaram a ter mais em conta as políticas e as convicções dos liberais e dos socialistas, que são partidos identificados com a parte francesa.
Nas eleições de Julho passado, um em cada sete belgas da zona flamenga votaram "Vlaams belang", partido de extrema direita que tem como linhas basilares a expulsão dos imigrantes que não detenham a nacionalidade belga. Esta foi a reacção flamenga à atribuição da nacionalidade a milhares de estrangeiros que falam francês e que, em muitos casos, são provenientes de países islâmicos, como o Sudão.
Imigração complexa
"O problema são esses novos imigrantes que vêm de Marrocos e dos países islâmicos. Recebem o subsídio de desemprego e, se for preciso, casa e comida e só sabem fazer mal às pessoas. Depois os outros perdem a confiança no resto dos imigrantes", diz Maria de Fátima Lobo, a viver na Bélgica há dez anos.
Os resultados das eleições falam por si o "Vlaams belang" obteve 19% dos votos na Flandres, enquanto se ficou pelos 6% na Valónia. A coligação CD & NVA - que venceu as eleições - também não se esqueceu de defender durante a campanha políticas direccionadas aos estrangeiros, que incluem a aprendizagem do neerlandês, a integração e a adaptação à sociedade belga.