Silvia Burlacu, in Jornal de Notícias
Pequenos municípios do sul da Itália estão a oferecer-se para acolher migrantes, tentando, assim, repovoar as áreas rurais e prevenir o envelhecimento.
O pequeno município de Camini, com 737 habitantes em 2011, de acordo com os censos, recebeu 90 refugiados e está a espera de mais 30. Os políticos do município da província de Reggio Calabria, no sul da Itália, tentam travar a despovoação da cidade acolhendo famílias vindos do outro lado do Mediterrâneo.
Uma das medidas tomadas neste município foi a reabilitação de casas do centro histórico da cidade, abandonado há décadas, permitindo, assim, o acolhimento dos migrantes, de acordo com o diário espanhol "El País". Segundo o presidente da câmara, Giuseppe Alfarano, homens e mulheres que escaparam da morte devolveram a vida ao município. No Parlamento Europeu afirmou que "sem eles, Camini seria uma cidade fantasma".
Este não é o único caso. A cerca de 200 quilómetros de Camini, ainda em Calabria, a população de uma outra comuna italiana, Acquaformosa, defende que a presença de refugiados ajudaria a prevenir o envelhecimento da área rural. Tem cerca de mil habitantes e recebeu cem refugiados. O presidente da câmara, Giovanni Manoccio, disse que a chegada dos requerentes de asilo revitalizaram o município.
Até na Grécia, há lugares onde acontece o mesmo. María Kamma, presidente da câmara da ilha de Tilo, situada a 600 quilómetros de Lesbos, disse que podia receber alguns refugiados. As autoridades gregas perguntaram-lhe, porém, como uma ilha com 500 habitantes poderia acolher migrantes. Apesar disso, semanas depois, a população de Tilo cresceu. Dez famílias desembarcaram na ilha. "Há milhares de municípios na Grécia e na Europa. Não acredito que cada um deles não possa acolher alguns refugiados e resolver assim a crise", defendeu Kamma.
A coordenação entre município foi uma das ideias que o presidente de Lesbos, um dos lugares que mais migrantes tem recebido, defendeu no Parlamento Europeu. Spyros Galinos afirmou que muitos municípios querem participar mas que as autoridades nacionais não facilitam a tarefa.