16.4.21

"APOIOS SOCIAIS PERPETUAM POBREZA E ARRASTAM AS GERAÇÕES SEGUINTES"

in TVI

Comentário de Manuela Ferreira Leite centrou-se na realidade da pobreza em Portugal e nas dificuldades em implementar uma estratégia que combata todas as dimensões do problema no país

No seu habitual espaço de comentário, Manuela Ferreira Leite traçou um perfil da pobreza em Portugal e explicou que as dimensões estruturais e conjunturais do problema devem ser combatidos de forma diferente. A comentadora sublinhou ainda que os apoios sociais são fáceis de se implementar politicamente, mas não resolvem os travões sociais.

Ferreira Leite afirma que a pobreza conjuntural - aquela originada por fenómenos específicos, como uma pandemia - não deve fazer-nos esquecer da realidade diversa “que é a pobreza estrutural”.


Esta última, argumenta a comentadora, “conduz a que a pobreza se transfira entre gerações”. “É uma Realidade que retira perspectivas de vida, elimina o elevador social e leva a que as pessoas emigrem”, sustenta.

Este tipo de pobreza medular não pode ser resolvido com a atribuição de apoios sociais. Até porque estes últimos podem mesmo agravar e paralisar a vida de muitos daqueles considerados pobres.

É muito fácil e popular afirmar que se combate a pobreza com apoios sociais, mas isso perpetua o problema e arrasta as gerações seguintes para a mesma realidade”, destaca a comentadora.

A única forma de travar a dimensão estrutural da pobreza é com um sistema educativo suficientemente forte para ultrapassar as debilidades de algumas classes sociais e apostar no crescimento económico para que existam melhorias salariais, defende Manuela Ferreira Leite.

Questionada sobre o impacto que os fundos europeus para a formação podem ter, nomeadamente no desemprego, Ferreira Leite explica que “nenhum país fica imune à ideia de os aplicar”.

Porém, afirma, “muitas vezes estas formações não são correspondentes às necessidades laborais do país”.

Na mesma linha, a comentadora diz que é perceptível, especialmente ao analisar o ramo turístico, que “grande parte do nosso emprego é muito pouco qualificado”.