15.6.22

Língua Portuguesa discriminada na Guiné-Bissau

in Euronews

A Língua Portuguesa enfrenta mais um desafio na Guiné-Bissau. Um grupo de jovens afirma que está a ser discriminado porque empresas e outras instituições no país estão a publicar anúncios de trabalho em francês ou inglês em detrimento do português.

A língua francesa está, mesmo, a ser utilizada na vida quotidiana como denuncia um dos jovens, Amiel de Carvalho.

“Eu trabalhei nove anos num banco e deparei-me com essa situação. Era tudo em francês. O extrato bancário está em francês. Eu não posso ser lusófono para depois interpretar o extrato da minha conta bancária, do meu dinheiro, em francês. (...) Isto acontece não só com as instituições bancárias, mas também com organizações não-governamentais, que estão no país”, refere.

Num país multilingue, onde a língua portuguesa é vista como veículo de unidade nacional, estes jovens exigem uma posição firme das autoridades.

“Estamos a ser discriminados no mercado de trabalho na Guiné-Bissau, somos guineenses, e estamos a ter dificuldades em conseguir emprego devido a esta situação da língua francesa e inglesa”. O jovem sublinha que "não estamos contra a língua francesa e a língua francesa porque o mundo, hoje, porque a língua internacional é o inglês. Na nossa costa, a costa ocidental de África, fala-se mais francês, então não podemos que não nos vamos integrar nesta realidade porque é o que está a acontecer. O mundo quer que isto aconteça desta forma, mas o que queremos é que não anulemos é a história da Guiné-Bissau e esta ligação que temos com a Língua Portuguesa."

A Guiné-Bissau faz parte dos países onde o português é língua oficial. Falada nos cinco continentes a língua portuguesa é a quarta mais falada do mundo, com 261 milhões de falantes, de acordo com dados do Instituto Camões. Apesar da força dos números, a Guiné-Bissau enfrenta a pressão dos vizinhos Senegal e Guiné-Conacri. O país é o único enclave onde o português resiste, naquela região africana, onde o francês domina.