8.6.22

Espetáculo comunitário dá voz às pessoas em situação de vulnerabilidade social

in Porto Notícias

O Teatro Municipal Campo Alegre recebe no próximo dia 8, às 21,30 horas, o espetáculo “É!”, inserido do projeto municipal “SOmOS”. Culmina um ano de trabalho, que envolveu três residências artísticas e conta com a direção artística da Apuro Associação Social e Cultural. A apresentação integra-se no programa global do Fórum para a Inclusão Social, que marca o encerramento do programa AIIA.

Depois de “Quem És Porto?” - Bibliotecas Vivas (que reuniu em outubro de 2021 várias dezenas de participantes decididos a contar a sua história de vida) e da oficina de Teatro Fórum, que resultou no espetáculo “Por Que Não Posso?”, já em fevereiro deste ano, fecha-se agora o círculo com a soma das partes, ou seja, este “É!”, um espetáculo final criado a partir das experiências partilhadas e dos contributos dos participantes das oficinas anteriores, ao qual se juntou uma estrutura artística profissional.

É a terceira oficina do projeto “SOmOS”, Existimos, Criamos, Somamos (P)ARTES, promovido pela Câmara do Porto, no âmbito do programa AIIA – Abordagem Integrada para a Inclusão Ativa, e desenvolvido entre 2021 e 2022. Consiste na realização de três oficias artísticas junto de população em situação de sem-abrigo, com produção artística da Apuro e acompanhamento psicossocial e socioeducativo da Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal (EAPN).

As três residências artísticas sucederam-se ao longo de um ano. Em cada uma delas encontraram-se soluções distintas e adequadas, quer ao grupo quer à situação pandémica para a realização das sessões de trabalho semanais. Na primeira, que assentou na metodologia das Bibliotecas Vivas (dinamizada pela Saber Compreender), a residência funcionou nas instalações dos centros de acolhimento onde residiam os participantes. Na segunda e terceira (Teatro Fórum e espetáculo teatral), a organização teve o apoio da Junta de Freguesia do Bonfim, com cedência da Casa d’Artes do Bonfim e do salão nobre da junta, local que acolheu também a apresentação final da segunda residência – o espetáculo “Por que não posso?”, dinamizado e dirigido pela PELE.


“É!” revisita o teatro fórum


A terceira oficina é o culminar de mais de um ano de trabalho com populações em situação de exclusão e reflete sobre a forma como se pode bater no fundo, como se sobrevive à desumanidade, à invisibilidade, aos enredos kafkianos da burocracia, de como pequenos gestos podem mudar uma história de vida ou de como se perde e, por vezes, se reacende a esperança.


“Este ‘É!’ resume, em certa medida, o caminho: revisitámos o teatro fórum, abordámos as histórias de vida de alguns dos atores para em seguida ficcioná-las, acrescentando, omitindo e desviando-nos também completamente delas, provocando hipóteses de possíveis realidades. Abordámos também outras histórias de vida alheias aos atores para estabelecer uma cartografia dramatúrgica própria, estabelecida na união da vontade de todos”, assume Rui Spranger, responsável da Apuro Cultural e encenador do espetáculo.


A iniciativa SOmOS envolveu a Apuro, Associação Cultural e Filantrópica, a PELE, Associação Social e Cultural, e a Saber Compreender, estruturas locais com vasta experiência no trabalho de inclusão pela arte, e resultou de uma candidatura da Câmara do Porto ao Programa Operacional Norte 2020 do AIIA - Abordagens Integradas para a Inclusão Ativa, que teve como objetivo reforçar e qualificar o ecossistema de empreendedorismo social do concelho e capacitar, organizar, alinhar e mobilizar os agentes envolvidos na inovação social e, mais concretamente, na capacitação e integração social pela arte.

A entrada para o espetáculo do dia 8 é livre, mediante reserva obrigatória, através do email reservas.apuro@gmail.com.