in Diário de Notícias
O Estado gastou 732,9 milhões de euros em subsídios de emprego e apoio ao emprego no primeiro trimestre deste ano, face ao mesmo período de 2012, um aumento de 14,5% em termos homólogos, segundo dados hoje divulgados.
De acordo com a síntese da execução orçamental de março, hoje divulgada pela Direção Geral do Orçamento (DGO), no mesmo período de 2012, o Estado tinha gastado 640,3 milhões de euros.
Em janeiro de 2013, a despesa do Estado com subsídios de desemprego e apoio ao emprego tinha registado um aumento homólogo de 33,2%, uma evolução que tem vindo a cair (apesar do aumento da taxa de desemprego), uma vez que, em fevereiro, esta despesa tinha disparado 21,1%, em termos acumulados e homólogos.
De acordo com os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados em fevereiro, a taxa de desemprego subiu em Portugal para os 16,9% no quarto trimestre do ano passado, face aos 15,8% observados no trimestre anterior, com o número de desempregados em Portugal a ultrapassar os 920 mil.
30.4.13
Número de desempregados com direito a subsídio diminuiu em Março
in Negócios on-line
O número de beneficiários das prestações de desemprego desceu para 418.718 pessoas. Já o número de crianças e jovens que recebe abono de família subiu ligeiramente em Março.
O número de beneficiários das prestações de desemprego voltou a cair em Março, para cerca de 419 mil pessoas, o que significa que mais de 55% dos desempregados não recebem qualquer apoio do Estado.
Segundo as estatísticas hoje disponibilizadas pela Segurança Social, em Março, o número de beneficiários das prestações de desemprego desceu para 418.718 pessoas, menos 2.219 do que no mês anterior, em que se tinha registado um aumento de 3.163 pessoas face a Janeiro.
Os dados divulgados recentemente pelo INE contabilizavam no quarto trimestre de 2012 um total de 923.200 desempregados, fixando a taxa de desemprego nos 16,9%, face aos 15,8% observados no trimestre anterior.
As prestações de desemprego incluem o subsídio de desemprego, o subsídio social de desemprego inicial e subsequente bem como o prolongamento de subsídio social de desemprego.
Em Fevereiro, quando foram conhecidos os números mais recentes do INE, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou que os números estavam "razoavelmente em linha" com as previsões do Governo e disse esperar uma inversão de tendência ao longo do ano.
Número de beneficiários de abono de família aumentou ligeiramente
O número de crianças e jovens que recebe abono de família subiu ligeiramente em Março, situando-se nos 1.165.758 beneficiários, mais 828 do que em Fevereiro, segundo dados do Instituto de Segurança Social hoje divulgados.
Comparativamente a Março de 2012, menos 28.716 crianças e jovens (2,4 por cento) receberam abono de família em Março, segundo as estatísticas publicadas no portal da Segurança Social.
Em Janeiro, 1.157.843 famílias beneficiaram desta prestação social, número que subiu para 1.164.930 em Fevereiro e para 1.165.758 em Março.
O Porto é a região do país com o maior número de abonos de família atribuídos (154.472), seguindo-se Lisboa (146.817), Braga (75.891), Setúbal (56.476) e Aveiro (54.030).
Do lado oposto, o centro distrital de segurança social de Bragança é onde há menos beneficiários (8.306), seguido de Portalegre (8.707) e de Beja (9.467).
O montante do abono família varia de acordo com a idade da criança ou jovem e com o nível de rendimentos de referência do respectivo agregado familiar.
O valor apurado insere-se em escalões de rendimentos estabelecidos com base no Indexante dos Apoios Sociais (IAS).
O número de beneficiários das prestações de desemprego desceu para 418.718 pessoas. Já o número de crianças e jovens que recebe abono de família subiu ligeiramente em Março.
O número de beneficiários das prestações de desemprego voltou a cair em Março, para cerca de 419 mil pessoas, o que significa que mais de 55% dos desempregados não recebem qualquer apoio do Estado.
Segundo as estatísticas hoje disponibilizadas pela Segurança Social, em Março, o número de beneficiários das prestações de desemprego desceu para 418.718 pessoas, menos 2.219 do que no mês anterior, em que se tinha registado um aumento de 3.163 pessoas face a Janeiro.
Os dados divulgados recentemente pelo INE contabilizavam no quarto trimestre de 2012 um total de 923.200 desempregados, fixando a taxa de desemprego nos 16,9%, face aos 15,8% observados no trimestre anterior.
As prestações de desemprego incluem o subsídio de desemprego, o subsídio social de desemprego inicial e subsequente bem como o prolongamento de subsídio social de desemprego.
Em Fevereiro, quando foram conhecidos os números mais recentes do INE, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou que os números estavam "razoavelmente em linha" com as previsões do Governo e disse esperar uma inversão de tendência ao longo do ano.
Número de beneficiários de abono de família aumentou ligeiramente
O número de crianças e jovens que recebe abono de família subiu ligeiramente em Março, situando-se nos 1.165.758 beneficiários, mais 828 do que em Fevereiro, segundo dados do Instituto de Segurança Social hoje divulgados.
Comparativamente a Março de 2012, menos 28.716 crianças e jovens (2,4 por cento) receberam abono de família em Março, segundo as estatísticas publicadas no portal da Segurança Social.
Em Janeiro, 1.157.843 famílias beneficiaram desta prestação social, número que subiu para 1.164.930 em Fevereiro e para 1.165.758 em Março.
O Porto é a região do país com o maior número de abonos de família atribuídos (154.472), seguindo-se Lisboa (146.817), Braga (75.891), Setúbal (56.476) e Aveiro (54.030).
Do lado oposto, o centro distrital de segurança social de Bragança é onde há menos beneficiários (8.306), seguido de Portalegre (8.707) e de Beja (9.467).
O montante do abono família varia de acordo com a idade da criança ou jovem e com o nível de rendimentos de referência do respectivo agregado familiar.
O valor apurado insere-se em escalões de rendimentos estabelecidos com base no Indexante dos Apoios Sociais (IAS).
Segurança Social. Governo tira apoio a 8400 idosos pobres
Por Luís Reis Ribeiro, Dinheiro Vivo
Portugal tinha, no final de março, menos 8400 idosos pobres a receber o complemento solidário para idosos (CSI), cujo valor médio rondará os 100 euros por mês, e menos 49 681 beneficiários de rendimento social de inserção (RSI), com uma prestação média mensal de 81 euros, comparativamente a junho de 2011, mês em que Governo PSD/CDS tomou posse. O número de beneficiários em cada uma destas prestações sociais é agora 226 940 pessoas no caso do CSI e 274 937 no RSI.
Este é o balanço das duas prestações da Segurança Social mais vocacionadas para responder a situações “de grave carência económica e em risco de exclusão social”, mostram dados da própria Segurança Social, ontem divulgados.
Apesar de a população idosa estar a aumentar de forma persistente, a Previdência pública tem vindo a introduzir regras para “adequar” o seu orçamento “à atual situação financeira do País”, para responder às exigências do programa de ajustamento da troika.
No caso do CSI, as alterações do início deste ano já estão a surtir efeito no terreno, excluindo milhares de reformados pobres deste tipo de apoios por terem ficado acima do limiar de pobreza implícito nas novas regras.
Até ao final do ano passado, no âmbito do regime do CSI, o idoso podia receber a diferença entre o valor da sua pensão baixa e 418,5 euros mensais (5022 euros anuais). Mas este teto baixou no início de fevereiro, reduzindo os encargos da Segurança Social com esta prestação: desceu para 409,08 euros mensais (4909 euros anuais).
Dito de outra forma, o Governo passou a considerar um limiar da pobreza mais baixo, logo quem ganhe mais de 409,08 euros deixou de ser elegível.
O impacto negativo não será total pois, também este ano, a Segurança Social acabou por atualizar parte das reformas mínimas, compensando assim danos maiores no empobrecimento dos idosos.
No RSI, uma prestação que o Governo sempre alegou estar afetada por situações de fraude e abuso, a tendência é igual. Apesar de ser “uma medida de proteção social criada para apoiar as pessoas ou famílias que se encontrem em situação de grave carência económica e em risco de exclusão as regras apertaram, o que ajudou a reduzir o número de beneficiários. Depois de uma primeira redução nos últimos meses do Governo socialista (início de 2011), o atual Executivo está a conseguir cortar cada vez mais no número de pessoas abrangidas: caiu quase 17% em março, totalizando 274,9 mil.
Todos estes desenvolvimentos surgem num contexto de grave crise social e de cortes na despesa para ajudar a controlar o défice público, que continua a derrapar.
Portugal tinha, no final de março, menos 8400 idosos pobres a receber o complemento solidário para idosos (CSI), cujo valor médio rondará os 100 euros por mês, e menos 49 681 beneficiários de rendimento social de inserção (RSI), com uma prestação média mensal de 81 euros, comparativamente a junho de 2011, mês em que Governo PSD/CDS tomou posse. O número de beneficiários em cada uma destas prestações sociais é agora 226 940 pessoas no caso do CSI e 274 937 no RSI.
Este é o balanço das duas prestações da Segurança Social mais vocacionadas para responder a situações “de grave carência económica e em risco de exclusão social”, mostram dados da própria Segurança Social, ontem divulgados.
Apesar de a população idosa estar a aumentar de forma persistente, a Previdência pública tem vindo a introduzir regras para “adequar” o seu orçamento “à atual situação financeira do País”, para responder às exigências do programa de ajustamento da troika.
No caso do CSI, as alterações do início deste ano já estão a surtir efeito no terreno, excluindo milhares de reformados pobres deste tipo de apoios por terem ficado acima do limiar de pobreza implícito nas novas regras.
Até ao final do ano passado, no âmbito do regime do CSI, o idoso podia receber a diferença entre o valor da sua pensão baixa e 418,5 euros mensais (5022 euros anuais). Mas este teto baixou no início de fevereiro, reduzindo os encargos da Segurança Social com esta prestação: desceu para 409,08 euros mensais (4909 euros anuais).
Dito de outra forma, o Governo passou a considerar um limiar da pobreza mais baixo, logo quem ganhe mais de 409,08 euros deixou de ser elegível.
O impacto negativo não será total pois, também este ano, a Segurança Social acabou por atualizar parte das reformas mínimas, compensando assim danos maiores no empobrecimento dos idosos.
No RSI, uma prestação que o Governo sempre alegou estar afetada por situações de fraude e abuso, a tendência é igual. Apesar de ser “uma medida de proteção social criada para apoiar as pessoas ou famílias que se encontrem em situação de grave carência económica e em risco de exclusão as regras apertaram, o que ajudou a reduzir o número de beneficiários. Depois de uma primeira redução nos últimos meses do Governo socialista (início de 2011), o atual Executivo está a conseguir cortar cada vez mais no número de pessoas abrangidas: caiu quase 17% em março, totalizando 274,9 mil.
Todos estes desenvolvimentos surgem num contexto de grave crise social e de cortes na despesa para ajudar a controlar o défice público, que continua a derrapar.
“Hoje, estão abaixo do limiar de pobreza pessoas que têm emprego”
Cristina Oliveira da Silva, in Económico
Silva Peneda espera que não haja uma convulsão social mas diz que começam a estar reunidas as condições para isso.
Silva Peneda espera que não haja uma convulsão social mas diz que começam a estar reunidas as condições para isso. O presidente do Conselho Económico e Social (CES) sublinha que existe hoje um novo fenómeno que tende a agravar-se: a existência de trabalhadores a viver abaixo do limiar da pobreza.
Pode um dia haver uma explosão social devido ao facto de haver menos gente a trabalhar e mais pessoas no desemprego?
Espero que não, mas começam a estar reunidas condições para isso.
Silva Peneda espera que não haja uma convulsão social mas diz que começam a estar reunidas as condições para isso.
Silva Peneda espera que não haja uma convulsão social mas diz que começam a estar reunidas as condições para isso. O presidente do Conselho Económico e Social (CES) sublinha que existe hoje um novo fenómeno que tende a agravar-se: a existência de trabalhadores a viver abaixo do limiar da pobreza.
Pode um dia haver uma explosão social devido ao facto de haver menos gente a trabalhar e mais pessoas no desemprego?
Espero que não, mas começam a estar reunidas condições para isso.
24.4.13
Estado paga mais 14,5% com subsídios de desemprego do que no ano passado
por Diogo Cavaleiro, in Negócios on-line
A despesa com subsídios de desemprego e apoio ao emprego subiu 14,5% nos primeiros três meses do ano quando comparada com o período homólogo. Contudo, houve um abrandamento em Março da despesa com prestações sociais ligadas ao emprego.
A despesa da Segurança Social com subsídios de desemprego voltou a crescer face ao ano passado.
A Segurança Social gastou 732,9 milhões de euros entre Janeiro e Março deste ano na rubrica de subsídios de desemprego e apoios ao emprego, segundo revela o documento da síntese da execução orçamental, divulgado hoje pela Direcção-Geral de Orçamento.
A despesa com esta rubrica representa um agravamento de 14,5% face aos 640,3 milhões de euros gastos no mesmo período de 2012, de acordo com os dados da execução orçamental acumulada até Março.
Em Março, até se verificou uma descida dos encargos com os subsídios de desemprego quando comparado com os meses anteriores, o que mantém uma tendência verificada no ano passado. A variação homóloga da Janeiro tinha sido de 33,2%, descendo para 21% nos dois primeiros meses do ano e reduzindo-se 14,5% na análise no trimestre.
Este desempenho de Março poderá ser justificado pelo facto de haver menos 2.219 beneficiários das prestações sociais ligadas ao desemprego neste mês, quando comparados com o mês anterior, para um total de 418.718 beneficiários, de acordo com números disponibilizados ontem pela Segurança Social. Conforme citou a agência Lusa com base nesses números, mais de 55% dos desempregados não recebem qualquer apoio do Estado.
O aumento dos encargos com subsídios de desemprego contribuiu para que a despesa efectiva acumulada até Março da Segurança Social crescesse 8,5% para 5.999,3 milhões de euros.
A variação das despesas da Segurança Social foi positiva também graças ao agravamento de 10,6% dos custos com pensões, que subiu 10,6% para 3.528,3 milhões de euros, segundo o documento da DGO.Aqui estão incluídos os pagamentos de três duodécimos relativos ao 13.º mês dos pensionistas.
Além disso, a despesa com acções de formação profissional cresceu, em termos homólogos, 25,7% para 394,2 milhões de euros até Março. No mês anterior, a despesa com esta rubrica tinha sido negativa, na ordem dos -1,6%.
A despesa com subsídios de desemprego e apoio ao emprego subiu 14,5% nos primeiros três meses do ano quando comparada com o período homólogo. Contudo, houve um abrandamento em Março da despesa com prestações sociais ligadas ao emprego.
A despesa da Segurança Social com subsídios de desemprego voltou a crescer face ao ano passado.
A Segurança Social gastou 732,9 milhões de euros entre Janeiro e Março deste ano na rubrica de subsídios de desemprego e apoios ao emprego, segundo revela o documento da síntese da execução orçamental, divulgado hoje pela Direcção-Geral de Orçamento.
A despesa com esta rubrica representa um agravamento de 14,5% face aos 640,3 milhões de euros gastos no mesmo período de 2012, de acordo com os dados da execução orçamental acumulada até Março.
Em Março, até se verificou uma descida dos encargos com os subsídios de desemprego quando comparado com os meses anteriores, o que mantém uma tendência verificada no ano passado. A variação homóloga da Janeiro tinha sido de 33,2%, descendo para 21% nos dois primeiros meses do ano e reduzindo-se 14,5% na análise no trimestre.
Este desempenho de Março poderá ser justificado pelo facto de haver menos 2.219 beneficiários das prestações sociais ligadas ao desemprego neste mês, quando comparados com o mês anterior, para um total de 418.718 beneficiários, de acordo com números disponibilizados ontem pela Segurança Social. Conforme citou a agência Lusa com base nesses números, mais de 55% dos desempregados não recebem qualquer apoio do Estado.
O aumento dos encargos com subsídios de desemprego contribuiu para que a despesa efectiva acumulada até Março da Segurança Social crescesse 8,5% para 5.999,3 milhões de euros.
A variação das despesas da Segurança Social foi positiva também graças ao agravamento de 10,6% dos custos com pensões, que subiu 10,6% para 3.528,3 milhões de euros, segundo o documento da DGO.Aqui estão incluídos os pagamentos de três duodécimos relativos ao 13.º mês dos pensionistas.
Além disso, a despesa com acções de formação profissional cresceu, em termos homólogos, 25,7% para 394,2 milhões de euros até Março. No mês anterior, a despesa com esta rubrica tinha sido negativa, na ordem dos -1,6%.
Procuram emprego em nome do pai
Maria Cláudia Monteiro, in Jornal de Notícias
João Correia tem 53 anos e está desempregado. Os dois filhos lançaram-se numa luta diária por um trabalho que afaste o pai da emigração. "Arranjar emprego para o meu pai é uma tarefa dos três", explicou a filha ao JN.
"Não há uma única empresa alemã em Portugal que não tenha recebido já o currículo do meu pai", garante Carina Vicente Correia, que guarda quatro dossiers com todas as cartas e currículos que já enviou. "E ainda assim foram raras as entrevistas a que foi", lamenta.
Não foi esta a vida que João Correia pensou ter um dia. Depois de 20 anos emigrado na Alemanha, achou que regressaria para acabar de criar os filhos e dar colo aos netos, na casa da família, em Vialonga, Vila Franca de Xira, que construiu nos anos em que esteve no estrangeiro.
Em Portugal, trabalhou durante os últimos dez anos como técnico de montagem de cozinhas numa empresa alemã. A crise atirou-o para o desemprego, aos 52 anos.
Nos primeiros meses, João ainda recebia de volta respostas às candidaturas espontâneas. "Mas agora já não respondem, passo meses sem ter um único feedback", contou. "Já não sei mais para onde enviar o meu currículo", diz.
A falta de respostas lançou pai e filhos na missão de arranjar emprego. "Face ao insucesso do meu pai, achamos que o trabalho em tripla seria mais fácil", explica a filha mais velha de João Correia, que procura pelas redes sociais um trabalho. "O objectivo de todos é que o meu pai não emigre... É uma tarefa a três".
A rotina de Carina, de 33 anos, foi reenquadrada em função da nova missão. Ao final do dia, depois de cumprido o estágio de Direito num escritório de advogados de Lisboa, Carina lança na rede pedidos de emprego para o pai, via Facebook, por mail, para amigos, conhecidos e desconhecidos, para todos os que possam ajudar.
João Correia não poderia ter melhor relações públicas: "É uma mais-valia para qualquer empresa e quer muito trabalhar".
Voltar ao trilho da emigração é sempre uma opção. "Se emigrasse, teria trabalho amanhã mesmo", conta João, amargurado só com a possibilidade. "Depois de 20 anos na Alemanha, esperava ajudar os filhos e os netos", diz. "Estou preocupadíssimo com o que irá acontecer quando deixar de receber o subsídio de desemprego".
Carina aproveita a entrevista ao JN, que também já recebeu um currículo de João Correia, e pede a divulgação do número de telemóvel do pai, "um homem motivado e com capacidade para desempenhar trabalhos de camionagem e qualquer logística". O contacto é o 934339131.
João Correia tem 53 anos e está desempregado. Os dois filhos lançaram-se numa luta diária por um trabalho que afaste o pai da emigração. "Arranjar emprego para o meu pai é uma tarefa dos três", explicou a filha ao JN.
"Não há uma única empresa alemã em Portugal que não tenha recebido já o currículo do meu pai", garante Carina Vicente Correia, que guarda quatro dossiers com todas as cartas e currículos que já enviou. "E ainda assim foram raras as entrevistas a que foi", lamenta.
Não foi esta a vida que João Correia pensou ter um dia. Depois de 20 anos emigrado na Alemanha, achou que regressaria para acabar de criar os filhos e dar colo aos netos, na casa da família, em Vialonga, Vila Franca de Xira, que construiu nos anos em que esteve no estrangeiro.
Em Portugal, trabalhou durante os últimos dez anos como técnico de montagem de cozinhas numa empresa alemã. A crise atirou-o para o desemprego, aos 52 anos.
Nos primeiros meses, João ainda recebia de volta respostas às candidaturas espontâneas. "Mas agora já não respondem, passo meses sem ter um único feedback", contou. "Já não sei mais para onde enviar o meu currículo", diz.
A falta de respostas lançou pai e filhos na missão de arranjar emprego. "Face ao insucesso do meu pai, achamos que o trabalho em tripla seria mais fácil", explica a filha mais velha de João Correia, que procura pelas redes sociais um trabalho. "O objectivo de todos é que o meu pai não emigre... É uma tarefa a três".
A rotina de Carina, de 33 anos, foi reenquadrada em função da nova missão. Ao final do dia, depois de cumprido o estágio de Direito num escritório de advogados de Lisboa, Carina lança na rede pedidos de emprego para o pai, via Facebook, por mail, para amigos, conhecidos e desconhecidos, para todos os que possam ajudar.
João Correia não poderia ter melhor relações públicas: "É uma mais-valia para qualquer empresa e quer muito trabalhar".
Voltar ao trilho da emigração é sempre uma opção. "Se emigrasse, teria trabalho amanhã mesmo", conta João, amargurado só com a possibilidade. "Depois de 20 anos na Alemanha, esperava ajudar os filhos e os netos", diz. "Estou preocupadíssimo com o que irá acontecer quando deixar de receber o subsídio de desemprego".
Carina aproveita a entrevista ao JN, que também já recebeu um currículo de João Correia, e pede a divulgação do número de telemóvel do pai, "um homem motivado e com capacidade para desempenhar trabalhos de camionagem e qualquer logística". O contacto é o 934339131.
22.4.13
Miguel Gonçalves. “Muitos dos desempregados não querem trabalhar ou são maus a fazê-lo”
Por Pedro Rainho, in iOnline
O “embaixador” do programa Impulso Jovem confessa que a polémica à sua volta já deixou a mãe em lágrimas, mas não desiste
Miguel Gonçalves, a escolha do governo para “embaixador” do programa Impulso Jovem (IJ), não tem medo de ser polémico. A prová-lo, a afirmação de que há de-sempregados que não trabalham porque não querem. Durante quase uma hora de entrevista, de Braga, via skype, por duas vezes Miguel Gonçalves vira o portátil para mostrar a equipa com quem trabalha diariamente na empresa que fundou há dois anos, Spark. O discurso sai à velocidade do pensamento. A mesma velocidade com que Miguel Relvas, que o convidou para o cargo, desapareceu do governo.
Ainda é “embaixador” do programa Impulso Jovem?
Sim, mantenho esse trabalho e estou a apresentá-lo às universidades. Esta semana já estive com quase 500 pessoas a apresentar o programa.
Estava à espera da saída do ministro Miguel Relvas do governo apenas uns dias depois de o ter convidado para esse cargo?
Não estava nada à espera, não sabia. Foi uma situação estranha, desconfortável. Tudo o que é política, não percebo muito e foi um bocado imperceptível, no início.
O que o levou a aceitar o cargo?
A nossa empresa está ligada a este ramo de actuação e temos feito isto com muitas centenas de pessoas, muitas oportunidades de trabalho criadas. Esta oportunidade pareceu-me evidente para fazer chegar a mensagem e o programa ao mercado. Aquilo tem um potencial transformativo muito grande e não estava a ser capitalizado.
Disse que o IJ era uma ferramenta para mudar Portugal. Em que sentido?
Este programa tem um valor muito significativo para permitir a quase 100 mil jovens entrar no mercado de trabalho. Muda a vida deles, muda a vida das famílias deles e muda a vida das empresas para onde forem trabalhar. E, ainda por cima, o valor que está disponível vem de fundos comunitários. Se nós não investirmos o dinheiro, temos de o devolver.
Olhando para os mais de 10 mil candidatos, o que pensa de esta ser a única forma para entrarem no mercado de trabalho?
Essa não é a leitura certa.
Que leitura faz?
Há duas leituras fortes que podem ser discutidas. Ponto número um: parece- -me grave que, existindo 161 mil jovens no desemprego, só 10 mil se tenham inscrito. O programa claramente não chega ao mercado, às empresas e aos jovens.
Não está a ser comunicado?
Começou a ser comunicado há pouco tempo. Ponto número dois: o que isto nos diz não é que estes jovens têm de se inscrever nisto para alavancarem a sua carreira. É a mesma coisa que ir aos saldos. Não é por um artigo estar em saldos que faz dele um melhor artigo. É o mesmo, só que naquela época específica, por um conjunto de condições, é mais barato comprar aquele produto. Aqui é exactamente a mesma coisa. Isto é uma vantagem muito forte para empresas, porque tem benefícios financeiros enormíssimos.
Que percentagem de jovens vai continuar nas empresas, no fim do estágio?
O programa não termina aqui. Supõe que eu tenho um estágio no i durante um ano. Vou ter um salário, o i vai pagar--me apenas a TSU. O que vai acontecer depois do estágio, se o i gostar do meu trabalho, é que vai ter apoios à minha contratação. Ou seja, não é uma coisa que se circunscreve àqueles 12 meses, tem continuidade depois.
E no fim do estágio, quantos ficam?
Seria astrologia, estar a falar sobre isso. Mas nem que sejam, ao limite, 50%, já é uma coisa com potencial transformativo. A grande oportunidade do IJ - e é isto que estou a transmitir ao mercado - é que tens a possibilidade de ir para uma empresa, durante um ano.
Isso não é uma perversão do mercado? Ter pessoas a preço de saldo a desempenhar funções que são necessárias à empresa.
Há aqui um conjunto de questões, sobre se isto são ou não almofadas sociais, se isto é ou não perverso. Isso seria outra discussão que nos levaria para sítios imprevistos. O que me importa, neste momento, é que isto existe, está em cima da mesa, podemos trabalhar com o programa, mudar a vida destes jovens e destas empresas. Parece-me interessante pensar que aquilo que temos neste momento é isto, um programa que tem benefícios fortes e extraordinários. Porque não capitalizá-los? Apenas porque não resolve os problemas todos?
E se resolver problemas só a prazo?
Se 50% daquelas pessoas que vão fazer programas de trabalho ficarem e tiverem oportunidade de continuar naquelas organizações, aqueles 50 mudam de vida, e os outros 50 que não ficam estiveram um ano a trabalhar. Sabes que, às vezes, quando se fala de desemprego e de carreira, uma das coisas que não se discute é que há um problema grave em não trabalhar, que não é apenas não ganhar dinheiro.
Que problema é?
O custo de oportunidade que representa tu estares parado sem de-senvolver competências, sem ir ao mercado, sem aprender com pessoas mais experientes do que tu...
Tem contactado diariamente com jovens. Que estados de espírito lhe têm chegado?
Uma das coisas que me parece evidente é que há demasiados mitos. Há muitas pessoas que deixam de correlacionar esforço com retorno. Há muitos jovens nas universidades que acreditam que em Portugal não há oportunidades de trabalho, que não vale a pena estudar porque depois os licenciados estão desempregados. Isto é absolutamente mentira, um mito. Todos os dias há muito trabalho disponível no mercado, há muitas empresas que semanalmente entram em contacto comigo porque estão fartas de procurar e não encontram pessoas boas.
A realidade empresarial que conhece não poderá ser a face boa do negócio?
Tenho muita dificuldade em acreditar que alguém em Portugal tenha um know--how empírico tão vasto daquilo que temos vindo a desenvolver. São mesmo muitas.
E em todos os casos ficou com a ideia de que o esforço compensa?
Neste dois anos trabalhámos intimamente com 700 empresas e eu tenho visto um bocado de tudo. Empresas que abdicam do que têm para partilhar com os colaboradores, até empresas que não tratam o melhor que podem os seus colaboradores.
E qual é a regra?
É um mito absoluto de que as empresas são monstros que exploram pessoas. Isto é de quem não conhece minimamente o mercado, de quem não está no mercado, de quem conhece uma fatia de mercado muito pequena. Tenho experiências absolutamente ímpares sobre o que é criar boas culturas nas empresas e tratar bem os colaboradores, conheço muitos casos desses.
Mas admite que há muita gente que bate a várias portas e não consegue arranjar emprego?
É como digo: não chega. Bateres à porta de cinco ou seis empresas e ouvires um “não queremos trabalhar contigo” não chega. Deviam ser cinco ou seis por dia. É um mito muito grande as pessoas dizerem que não há trabalho.
Um mito?
Há um bom motivo para esse mito: a maior parte do que está disponível no mercado não está anunciado. Nos Estados Unidos, 60 a 80% do trabalho não chega a anúncios. Em Portugal não tenho estatísticas, mas estimo que seja qualquer coisa desse género. É muito caro para uma empresa criar um anúncio. Eu vou lançar um anúncio agora e, se calhar, vou ter 600 ou 700 candidaturas. E agora tenho de pegar nessas candidaturas, no CV, escolher 20 pessoas para chamar a uma entrevista. Isto é obsceno.
Resolver os 40% de desemprego jovem passa por as pessoas levantarem-se e irem bater mais às portas?
A primeira coisa a perceber é que as empresas, ponto um, não são todas iguais. Trabalhamos num país em que 64% das empresas só têm quatro pessoas, 87% não têm mais que nove. Ou seja, a esmagadora maioria do teu tecido empresarial é constituída por pequenas empresas, com menos de nove pessoas. Às vezes, acho que as pessoas cometem o erro de miopia, de pensar que o desemprego é todo igual. Não é. Nós temos identificados os principais motivos pelos quais as pessoas estão desempregadas.
Quais são?
O primeiro é o de pessoas que não pensam bem o mercado, que têm um erro de análise tremendo. São pessoas de direitos que se esquecem dos seus deveres e esperam que as empresas as convidem a juntar a elas. Estão permanentemente à espera que os outros lhes resolvam o problema. Isto acontece, não é um mito, é real. Tenho a caixa de correio cheia de exemplos destes. Depois, tens pessoas que se formaram numa área que neste momento desapareceu. Supõe, engenheiros civis, professores de português-alemão, professores de história. Pessoas que vendem um produto no mercado e que não têm absorção. Estás a vender uma televisão a preto e branco quando o mercado compra televisões a cores.
E nesses casos, qual é a solução?
Há três soluções muito simples. Ou vais vender aquilo que actualmente vendes noutro sítio. Ou começas a vender outra coisa. Ou melhoras a forma como vendes. Não há mais.
Quais são os outros motivos para o desemprego?
Haver pessoas que não vendem o produto que o mercado compra. Tu és jornalista no i, tens não sei quantos anos de experiência. Mas uma coisa que deves sentir, agora que trabalhas há algum tempo, é que não é por teres um curso de jornalismo que és jornalista. Não é por uma pessoa acabar um curso de gestão que é gestor de empresas.
Que valor tem o canudo?
Representa uma ferramenta. O que tens de fazer é continuar a adicionar valor ao produto que já tens, ao que já desenvolves, até o mercado te pagar o que aches ser suficiente. Acabaste agora uma licenciatura em gestão, vais ter de trabalhar até seres gestor. É o mesmo que ir a um stand de automóveis e ter um carro perfeito que não tem as rodas de trás. Garanto-te que não compras.
E para quem esteja no desemprego aos 40 anos?
Um senhor de 45 anos que trabalhou 25 anos na banca. Só conhece a banca, só trabalhou na banca. Recusa-se a trabalhar em qualquer outro mercado. O que sugiro a essa pessoa é que, ponto número um, consiga perceber de que forma as suas competências podem ser aproveitadas noutro mercado ou, ponto número dois, e porque ainda tem 20 anos de trabalho pela frente, aprenda a fazer outra coisa. E isto não é facilitismo. As pessoas confundem muitas vezes simplicidade com facilitismo. Uma coisa é ser simples tomar a decisão. Ou quero, ou não quero. É simples. Outra coisa é ser fácil executar a tua decisão.
Ao ouvi-lo, fica a sensação de que o desemprego é um problema individual e não estrutural.
Não é isso que eu considero. É exactamente o oposto. Não considero que o problema é teu, considero que a solução é tua. É muito diferente. Eu não considero que o problema do desemprego é dos desempregados, estou a dizer é que a solução para o desemprego é dos desempregados. Essa é que é a grande diferença. E, se calhar, pode chocar dizer isto, mas muitos dos que estão desempregados, estão desempregados porque, ponto número um, não querem trabalhar e, ponto número dois, são maus a fazê-lo.
Isso também é uma generalização.
Pois é, mas eu tenho uma pasta na minha caixa de correio que tem muitas dezenas de emails de pessoas que, se continuarem com aquele comportamento, nunca vão entrar no mercado.
Que comportamento?
Recebes um email de uma caixa de correio que se chama xanitaloirinha79 @hotmail.com. O assunto é “FW: candidatura espontânea”, com x. um email cheio de erros ortográficos. Tu queres trabalhar com esta pessoa? Às vezes, as pessoas pensam que os desempregados são pessoas extraordinariamente focadas, profissionais, rigorosas, cheias de fibra, de atitude e competência. Não são. É mentira.
É por isso que não compreende os protestos de rua?
Eu compreendo os protestos de muitas pessoas. Não compreendo é os protestos de quem não é suficientemente bom, recusa-se a tornar-se bom e pensa que é responsabilidade dos outros elas tornarem-se boas. De repente, sempre que falamos de desemprego, parece que nos esquecemos dos fenómenos das pessoas que vão às empresas pedir para carimbar no IEFP. Essas pessoas existem e são as milhares. Agora, se me disseres que há aqui uma fraude, há. Tu entras no sistema pedagógico dos três aos 23. Estudaste 20 anos, acabaste o curso e agora não consegues pegar num telefone e marcar uma reunião. Há qualquer coisa de terrivelmente perverso nisto.
Esse é um problema cultural.
Cultural, pedagógico, se calhar familiar, social - a todos os níveis. Não se justifica que uma pessoa de 23 anos não tenha trabalho. Eu não aceito isso. Percebo que as pessoas olhem para mim e digam: “Este tipo não é sensato. Está a dizer que os desempregados estão sem trabalho porque querem”. Não é isso que eu digo. Digo que muitos estão desempregados porque querem, outros porque não querem trabalhar, outros porque não sabem o que é preciso para trabalhar, outros porque têm muito talento mas não sabem mostrar ao mercado que têm talento.
E o que pensam os jovens disto?
Nas universidades, o que vês é que as pessoas estão com muito medo, porque vêem demasiada televisão.
O que significa isso?
Que as pessoas estão com medo porque pensam que não há trabalho. É mentira, há muito trabalho disponível.
Há quem olhe para a sua mensagem e considere que simplifica demasiado os problemas.
A melhor maneira de chegar a uma solução é simplificá-la. Se não simplificas o teu problema, estás a hiperbolizar a solução.
Tem viajado por diversos países. Esta mentalidade de que fala é tipicamente portuguesa?
Há uns anos, fizemos uma volta pela Europa, fomos a 30 cidades europeias, fazer couchsurf e conhecer pessoas da nossa idade. Aos 17, um tipo na Inglaterra está a sair de casa. Em Portugal, incorrendo numa generalização abusiva, há muita gente de 25, 30 anos a viver com os pais. Há muitos estudantes que chegam à sexta-feira a casa, atiram a mala para o chão e agora a mãe que lave. Isto é de tolos.
Tiveste uma educação rígida. A mudança também passa por aí?
Claro. Tive, por um lado, a sorte de ter um pai muito duro. Sempre me disse “queres, compra”.
Não te dava o dinheiro, é isso?
Não. “Trabalha, desenrasca-te”. Eu comecei a trabalhar muito cedo. Habituei-me a ter os meus projectos e a ganhar o meu dinheiro. Quando fui para a faculdade paguei as minhas propinas, apesar de durante um ano ter tido uma bolsa de cento e poucos euros. Parece que caiu o Carmo e a Trindade quando disse que as pessoas, mais que não seja, têm de vender pipocas. Estou cheio de gente que com 19 anos serviu à mesa e hoje são CEO e fundadores de grandes empresas. Uma pessoa de 20 anos que nunca trabalhou vai ter problemas graves na vida.
O que o leva a dizer que os trabalhadores têm demasiados direitos?
Tenho a Dinamarca. Que idade tens?
Vinte e seis.
Um tipo da tua idade, da minha idade, na Dinamarca, quando vai para uma empresa, não é contratado para trabalhar 11 meses e ganhar 14. Muitos deles são convidados a criar a sua própria empresa. E prestam um serviço. Enquanto for bom, é bom. Quando deixar de ser bom, vai para outro sítio. Nos Estados Unidos funciona de uma forma mais ou menos parecida. Contracts at will, significa que eu trabalho nesta empresa enquanto tiver vontade.
Não é legítimo que se construa uma carreira com direito a fins-de-semana e a horários definidos?
Não é legítimo que a Blockbuster tenha fechado, depois de tantos anos no mercado? Não é justo que eles ficassem abertos?
O facto de se estar naquelas condições não significa que se é menos profissional.
Eu não estou a dizer isso, nem pressuponho isso.
Mas associa a ideia a um certo conformismo.
Eu trabalho ao ritmo que trabalho e as horas todas que trabalho por dia, sete dias por semana, porque é uma opção minha, com os desafios e exigências que se colocam para erguer uma pessoa, num país que tem contribuições brutas e grossas como este, e num país que tem este ambiente económico tão comprimido. Ou eu trabalho a este ritmo, ou não posso ter uma empresa com 12 pessoas. Nem toda a gente tem de fazer isso. Mas quem trabalha pouco não pode querer a mesma coisa de quem trabalha muito. Esse é que é o problema. E sim, as pessoas precisam de fins-de-semana e de equilíbrio. O segredo não é trabalhar muito, é trabalhar bem. Mas se trabalhas muito e bem, é uma combinação muito competitiva.
Já chegou a pensar: “Este país não é para mim”?
Sim, ainda agora. Passamos o tempo a dizer que Portugal é gerido por maus políticos e pessoas sem escrúpulos e corruptas. Não sei se é ou se não é. Falo por mim, sei os motivos pelos quais estou a fazer isto, decidi não ser pago para manter a minha absoluta e integral independência, porque o meu cliente é o meu país, não é o governo. Prefiro manter a minha independência e poder dizer o que penso do governo, porque se fosse pago não o poderia fazer. Foi uma opção minha. Andas a trabalhar com esta intensidade há tanto tempo para criar tantas centenas de postos de trabalho, de borla, e, depois, são precisamente esses tipos que me partem as pernas todas. Chegas a casa e tens a tua mãe daquela forma, em lágrimas. Dá vontade de dizer que não estou para isto.
Não tem sentido gratidão pelo trabalho?
Há muita gente a insurgir-se contra e, eles sim, estão a simplificar o discurso. Do outro lado também está a bipolarizar e está a reunir-se uma tribo de pessoas que nos conhece, os nossos clientes e parceiros, que nos estão a manifestar muito apoio. Porque esses conhecem-nos, esses já trabalharam connosco. Sabem que somos obsessivos. Mas tu pensas: “Eu vou estar aqui sujeito a isto, para quê? Porque é que não vou trabalhar para Silicon Valey?”. Estive lá há um mês e tive propostas de trabalho.
Porque é que continua por cá?
Aconteceu uma coisa curiosa. Esta cólera toda e esta reacção tão adversa, tão negativa das pessoas está-me a redobrar o sentimento de missão. Porque se as pessoas, com base em tão pouco, deduzem tão mal, se calhar a gravidade do problema é ainda maior. E eu percebo as pessoas, que elas estejam revoltadas e tristes e desiludidas. Não percebo quem não quer trabalhar. E para esses, digo- -te, não tenho paciência nenhuma. Não tenho problemas nenhuns em dizer que há muita gente em Portugal que não trabalha porque não quer, porque não sabe trabalhar ou porque não tem as competências necessárias. Não é um mito, é o que eu vejo e me transmitem todos os dias. Mas, ao mesmo tempo, também vejo muitos que vão curar o cancro, há muitos que vão competir com o Google.
O “embaixador” do programa Impulso Jovem confessa que a polémica à sua volta já deixou a mãe em lágrimas, mas não desiste
Miguel Gonçalves, a escolha do governo para “embaixador” do programa Impulso Jovem (IJ), não tem medo de ser polémico. A prová-lo, a afirmação de que há de-sempregados que não trabalham porque não querem. Durante quase uma hora de entrevista, de Braga, via skype, por duas vezes Miguel Gonçalves vira o portátil para mostrar a equipa com quem trabalha diariamente na empresa que fundou há dois anos, Spark. O discurso sai à velocidade do pensamento. A mesma velocidade com que Miguel Relvas, que o convidou para o cargo, desapareceu do governo.
Ainda é “embaixador” do programa Impulso Jovem?
Sim, mantenho esse trabalho e estou a apresentá-lo às universidades. Esta semana já estive com quase 500 pessoas a apresentar o programa.
Estava à espera da saída do ministro Miguel Relvas do governo apenas uns dias depois de o ter convidado para esse cargo?
Não estava nada à espera, não sabia. Foi uma situação estranha, desconfortável. Tudo o que é política, não percebo muito e foi um bocado imperceptível, no início.
O que o levou a aceitar o cargo?
A nossa empresa está ligada a este ramo de actuação e temos feito isto com muitas centenas de pessoas, muitas oportunidades de trabalho criadas. Esta oportunidade pareceu-me evidente para fazer chegar a mensagem e o programa ao mercado. Aquilo tem um potencial transformativo muito grande e não estava a ser capitalizado.
Disse que o IJ era uma ferramenta para mudar Portugal. Em que sentido?
Este programa tem um valor muito significativo para permitir a quase 100 mil jovens entrar no mercado de trabalho. Muda a vida deles, muda a vida das famílias deles e muda a vida das empresas para onde forem trabalhar. E, ainda por cima, o valor que está disponível vem de fundos comunitários. Se nós não investirmos o dinheiro, temos de o devolver.
Olhando para os mais de 10 mil candidatos, o que pensa de esta ser a única forma para entrarem no mercado de trabalho?
Essa não é a leitura certa.
Que leitura faz?
Há duas leituras fortes que podem ser discutidas. Ponto número um: parece- -me grave que, existindo 161 mil jovens no desemprego, só 10 mil se tenham inscrito. O programa claramente não chega ao mercado, às empresas e aos jovens.
Não está a ser comunicado?
Começou a ser comunicado há pouco tempo. Ponto número dois: o que isto nos diz não é que estes jovens têm de se inscrever nisto para alavancarem a sua carreira. É a mesma coisa que ir aos saldos. Não é por um artigo estar em saldos que faz dele um melhor artigo. É o mesmo, só que naquela época específica, por um conjunto de condições, é mais barato comprar aquele produto. Aqui é exactamente a mesma coisa. Isto é uma vantagem muito forte para empresas, porque tem benefícios financeiros enormíssimos.
Que percentagem de jovens vai continuar nas empresas, no fim do estágio?
O programa não termina aqui. Supõe que eu tenho um estágio no i durante um ano. Vou ter um salário, o i vai pagar--me apenas a TSU. O que vai acontecer depois do estágio, se o i gostar do meu trabalho, é que vai ter apoios à minha contratação. Ou seja, não é uma coisa que se circunscreve àqueles 12 meses, tem continuidade depois.
E no fim do estágio, quantos ficam?
Seria astrologia, estar a falar sobre isso. Mas nem que sejam, ao limite, 50%, já é uma coisa com potencial transformativo. A grande oportunidade do IJ - e é isto que estou a transmitir ao mercado - é que tens a possibilidade de ir para uma empresa, durante um ano.
Isso não é uma perversão do mercado? Ter pessoas a preço de saldo a desempenhar funções que são necessárias à empresa.
Há aqui um conjunto de questões, sobre se isto são ou não almofadas sociais, se isto é ou não perverso. Isso seria outra discussão que nos levaria para sítios imprevistos. O que me importa, neste momento, é que isto existe, está em cima da mesa, podemos trabalhar com o programa, mudar a vida destes jovens e destas empresas. Parece-me interessante pensar que aquilo que temos neste momento é isto, um programa que tem benefícios fortes e extraordinários. Porque não capitalizá-los? Apenas porque não resolve os problemas todos?
E se resolver problemas só a prazo?
Se 50% daquelas pessoas que vão fazer programas de trabalho ficarem e tiverem oportunidade de continuar naquelas organizações, aqueles 50 mudam de vida, e os outros 50 que não ficam estiveram um ano a trabalhar. Sabes que, às vezes, quando se fala de desemprego e de carreira, uma das coisas que não se discute é que há um problema grave em não trabalhar, que não é apenas não ganhar dinheiro.
Que problema é?
O custo de oportunidade que representa tu estares parado sem de-senvolver competências, sem ir ao mercado, sem aprender com pessoas mais experientes do que tu...
Tem contactado diariamente com jovens. Que estados de espírito lhe têm chegado?
Uma das coisas que me parece evidente é que há demasiados mitos. Há muitas pessoas que deixam de correlacionar esforço com retorno. Há muitos jovens nas universidades que acreditam que em Portugal não há oportunidades de trabalho, que não vale a pena estudar porque depois os licenciados estão desempregados. Isto é absolutamente mentira, um mito. Todos os dias há muito trabalho disponível no mercado, há muitas empresas que semanalmente entram em contacto comigo porque estão fartas de procurar e não encontram pessoas boas.
A realidade empresarial que conhece não poderá ser a face boa do negócio?
Tenho muita dificuldade em acreditar que alguém em Portugal tenha um know--how empírico tão vasto daquilo que temos vindo a desenvolver. São mesmo muitas.
E em todos os casos ficou com a ideia de que o esforço compensa?
Neste dois anos trabalhámos intimamente com 700 empresas e eu tenho visto um bocado de tudo. Empresas que abdicam do que têm para partilhar com os colaboradores, até empresas que não tratam o melhor que podem os seus colaboradores.
E qual é a regra?
É um mito absoluto de que as empresas são monstros que exploram pessoas. Isto é de quem não conhece minimamente o mercado, de quem não está no mercado, de quem conhece uma fatia de mercado muito pequena. Tenho experiências absolutamente ímpares sobre o que é criar boas culturas nas empresas e tratar bem os colaboradores, conheço muitos casos desses.
Mas admite que há muita gente que bate a várias portas e não consegue arranjar emprego?
É como digo: não chega. Bateres à porta de cinco ou seis empresas e ouvires um “não queremos trabalhar contigo” não chega. Deviam ser cinco ou seis por dia. É um mito muito grande as pessoas dizerem que não há trabalho.
Um mito?
Há um bom motivo para esse mito: a maior parte do que está disponível no mercado não está anunciado. Nos Estados Unidos, 60 a 80% do trabalho não chega a anúncios. Em Portugal não tenho estatísticas, mas estimo que seja qualquer coisa desse género. É muito caro para uma empresa criar um anúncio. Eu vou lançar um anúncio agora e, se calhar, vou ter 600 ou 700 candidaturas. E agora tenho de pegar nessas candidaturas, no CV, escolher 20 pessoas para chamar a uma entrevista. Isto é obsceno.
Resolver os 40% de desemprego jovem passa por as pessoas levantarem-se e irem bater mais às portas?
A primeira coisa a perceber é que as empresas, ponto um, não são todas iguais. Trabalhamos num país em que 64% das empresas só têm quatro pessoas, 87% não têm mais que nove. Ou seja, a esmagadora maioria do teu tecido empresarial é constituída por pequenas empresas, com menos de nove pessoas. Às vezes, acho que as pessoas cometem o erro de miopia, de pensar que o desemprego é todo igual. Não é. Nós temos identificados os principais motivos pelos quais as pessoas estão desempregadas.
Quais são?
O primeiro é o de pessoas que não pensam bem o mercado, que têm um erro de análise tremendo. São pessoas de direitos que se esquecem dos seus deveres e esperam que as empresas as convidem a juntar a elas. Estão permanentemente à espera que os outros lhes resolvam o problema. Isto acontece, não é um mito, é real. Tenho a caixa de correio cheia de exemplos destes. Depois, tens pessoas que se formaram numa área que neste momento desapareceu. Supõe, engenheiros civis, professores de português-alemão, professores de história. Pessoas que vendem um produto no mercado e que não têm absorção. Estás a vender uma televisão a preto e branco quando o mercado compra televisões a cores.
E nesses casos, qual é a solução?
Há três soluções muito simples. Ou vais vender aquilo que actualmente vendes noutro sítio. Ou começas a vender outra coisa. Ou melhoras a forma como vendes. Não há mais.
Quais são os outros motivos para o desemprego?
Haver pessoas que não vendem o produto que o mercado compra. Tu és jornalista no i, tens não sei quantos anos de experiência. Mas uma coisa que deves sentir, agora que trabalhas há algum tempo, é que não é por teres um curso de jornalismo que és jornalista. Não é por uma pessoa acabar um curso de gestão que é gestor de empresas.
Que valor tem o canudo?
Representa uma ferramenta. O que tens de fazer é continuar a adicionar valor ao produto que já tens, ao que já desenvolves, até o mercado te pagar o que aches ser suficiente. Acabaste agora uma licenciatura em gestão, vais ter de trabalhar até seres gestor. É o mesmo que ir a um stand de automóveis e ter um carro perfeito que não tem as rodas de trás. Garanto-te que não compras.
E para quem esteja no desemprego aos 40 anos?
Um senhor de 45 anos que trabalhou 25 anos na banca. Só conhece a banca, só trabalhou na banca. Recusa-se a trabalhar em qualquer outro mercado. O que sugiro a essa pessoa é que, ponto número um, consiga perceber de que forma as suas competências podem ser aproveitadas noutro mercado ou, ponto número dois, e porque ainda tem 20 anos de trabalho pela frente, aprenda a fazer outra coisa. E isto não é facilitismo. As pessoas confundem muitas vezes simplicidade com facilitismo. Uma coisa é ser simples tomar a decisão. Ou quero, ou não quero. É simples. Outra coisa é ser fácil executar a tua decisão.
Ao ouvi-lo, fica a sensação de que o desemprego é um problema individual e não estrutural.
Não é isso que eu considero. É exactamente o oposto. Não considero que o problema é teu, considero que a solução é tua. É muito diferente. Eu não considero que o problema do desemprego é dos desempregados, estou a dizer é que a solução para o desemprego é dos desempregados. Essa é que é a grande diferença. E, se calhar, pode chocar dizer isto, mas muitos dos que estão desempregados, estão desempregados porque, ponto número um, não querem trabalhar e, ponto número dois, são maus a fazê-lo.
Isso também é uma generalização.
Pois é, mas eu tenho uma pasta na minha caixa de correio que tem muitas dezenas de emails de pessoas que, se continuarem com aquele comportamento, nunca vão entrar no mercado.
Que comportamento?
Recebes um email de uma caixa de correio que se chama xanitaloirinha79 @hotmail.com. O assunto é “FW: candidatura espontânea”, com x. um email cheio de erros ortográficos. Tu queres trabalhar com esta pessoa? Às vezes, as pessoas pensam que os desempregados são pessoas extraordinariamente focadas, profissionais, rigorosas, cheias de fibra, de atitude e competência. Não são. É mentira.
É por isso que não compreende os protestos de rua?
Eu compreendo os protestos de muitas pessoas. Não compreendo é os protestos de quem não é suficientemente bom, recusa-se a tornar-se bom e pensa que é responsabilidade dos outros elas tornarem-se boas. De repente, sempre que falamos de desemprego, parece que nos esquecemos dos fenómenos das pessoas que vão às empresas pedir para carimbar no IEFP. Essas pessoas existem e são as milhares. Agora, se me disseres que há aqui uma fraude, há. Tu entras no sistema pedagógico dos três aos 23. Estudaste 20 anos, acabaste o curso e agora não consegues pegar num telefone e marcar uma reunião. Há qualquer coisa de terrivelmente perverso nisto.
Esse é um problema cultural.
Cultural, pedagógico, se calhar familiar, social - a todos os níveis. Não se justifica que uma pessoa de 23 anos não tenha trabalho. Eu não aceito isso. Percebo que as pessoas olhem para mim e digam: “Este tipo não é sensato. Está a dizer que os desempregados estão sem trabalho porque querem”. Não é isso que eu digo. Digo que muitos estão desempregados porque querem, outros porque não querem trabalhar, outros porque não sabem o que é preciso para trabalhar, outros porque têm muito talento mas não sabem mostrar ao mercado que têm talento.
E o que pensam os jovens disto?
Nas universidades, o que vês é que as pessoas estão com muito medo, porque vêem demasiada televisão.
O que significa isso?
Que as pessoas estão com medo porque pensam que não há trabalho. É mentira, há muito trabalho disponível.
Há quem olhe para a sua mensagem e considere que simplifica demasiado os problemas.
A melhor maneira de chegar a uma solução é simplificá-la. Se não simplificas o teu problema, estás a hiperbolizar a solução.
Tem viajado por diversos países. Esta mentalidade de que fala é tipicamente portuguesa?
Há uns anos, fizemos uma volta pela Europa, fomos a 30 cidades europeias, fazer couchsurf e conhecer pessoas da nossa idade. Aos 17, um tipo na Inglaterra está a sair de casa. Em Portugal, incorrendo numa generalização abusiva, há muita gente de 25, 30 anos a viver com os pais. Há muitos estudantes que chegam à sexta-feira a casa, atiram a mala para o chão e agora a mãe que lave. Isto é de tolos.
Tiveste uma educação rígida. A mudança também passa por aí?
Claro. Tive, por um lado, a sorte de ter um pai muito duro. Sempre me disse “queres, compra”.
Não te dava o dinheiro, é isso?
Não. “Trabalha, desenrasca-te”. Eu comecei a trabalhar muito cedo. Habituei-me a ter os meus projectos e a ganhar o meu dinheiro. Quando fui para a faculdade paguei as minhas propinas, apesar de durante um ano ter tido uma bolsa de cento e poucos euros. Parece que caiu o Carmo e a Trindade quando disse que as pessoas, mais que não seja, têm de vender pipocas. Estou cheio de gente que com 19 anos serviu à mesa e hoje são CEO e fundadores de grandes empresas. Uma pessoa de 20 anos que nunca trabalhou vai ter problemas graves na vida.
O que o leva a dizer que os trabalhadores têm demasiados direitos?
Tenho a Dinamarca. Que idade tens?
Vinte e seis.
Um tipo da tua idade, da minha idade, na Dinamarca, quando vai para uma empresa, não é contratado para trabalhar 11 meses e ganhar 14. Muitos deles são convidados a criar a sua própria empresa. E prestam um serviço. Enquanto for bom, é bom. Quando deixar de ser bom, vai para outro sítio. Nos Estados Unidos funciona de uma forma mais ou menos parecida. Contracts at will, significa que eu trabalho nesta empresa enquanto tiver vontade.
Não é legítimo que se construa uma carreira com direito a fins-de-semana e a horários definidos?
Não é legítimo que a Blockbuster tenha fechado, depois de tantos anos no mercado? Não é justo que eles ficassem abertos?
O facto de se estar naquelas condições não significa que se é menos profissional.
Eu não estou a dizer isso, nem pressuponho isso.
Mas associa a ideia a um certo conformismo.
Eu trabalho ao ritmo que trabalho e as horas todas que trabalho por dia, sete dias por semana, porque é uma opção minha, com os desafios e exigências que se colocam para erguer uma pessoa, num país que tem contribuições brutas e grossas como este, e num país que tem este ambiente económico tão comprimido. Ou eu trabalho a este ritmo, ou não posso ter uma empresa com 12 pessoas. Nem toda a gente tem de fazer isso. Mas quem trabalha pouco não pode querer a mesma coisa de quem trabalha muito. Esse é que é o problema. E sim, as pessoas precisam de fins-de-semana e de equilíbrio. O segredo não é trabalhar muito, é trabalhar bem. Mas se trabalhas muito e bem, é uma combinação muito competitiva.
Já chegou a pensar: “Este país não é para mim”?
Sim, ainda agora. Passamos o tempo a dizer que Portugal é gerido por maus políticos e pessoas sem escrúpulos e corruptas. Não sei se é ou se não é. Falo por mim, sei os motivos pelos quais estou a fazer isto, decidi não ser pago para manter a minha absoluta e integral independência, porque o meu cliente é o meu país, não é o governo. Prefiro manter a minha independência e poder dizer o que penso do governo, porque se fosse pago não o poderia fazer. Foi uma opção minha. Andas a trabalhar com esta intensidade há tanto tempo para criar tantas centenas de postos de trabalho, de borla, e, depois, são precisamente esses tipos que me partem as pernas todas. Chegas a casa e tens a tua mãe daquela forma, em lágrimas. Dá vontade de dizer que não estou para isto.
Não tem sentido gratidão pelo trabalho?
Há muita gente a insurgir-se contra e, eles sim, estão a simplificar o discurso. Do outro lado também está a bipolarizar e está a reunir-se uma tribo de pessoas que nos conhece, os nossos clientes e parceiros, que nos estão a manifestar muito apoio. Porque esses conhecem-nos, esses já trabalharam connosco. Sabem que somos obsessivos. Mas tu pensas: “Eu vou estar aqui sujeito a isto, para quê? Porque é que não vou trabalhar para Silicon Valey?”. Estive lá há um mês e tive propostas de trabalho.
Porque é que continua por cá?
Aconteceu uma coisa curiosa. Esta cólera toda e esta reacção tão adversa, tão negativa das pessoas está-me a redobrar o sentimento de missão. Porque se as pessoas, com base em tão pouco, deduzem tão mal, se calhar a gravidade do problema é ainda maior. E eu percebo as pessoas, que elas estejam revoltadas e tristes e desiludidas. Não percebo quem não quer trabalhar. E para esses, digo- -te, não tenho paciência nenhuma. Não tenho problemas nenhuns em dizer que há muita gente em Portugal que não trabalha porque não quer, porque não sabe trabalhar ou porque não tem as competências necessárias. Não é um mito, é o que eu vejo e me transmitem todos os dias. Mas, ao mesmo tempo, também vejo muitos que vão curar o cancro, há muitos que vão competir com o Google.
Barroso diz que portugueses são trabalhadores
in Diário de Notícias
O presidente da Comissão Europeia criticou hoje os "preconceitos" que estão a emergir na Europa, afirmando que aqueles que pensam que os povos do sul são "preguiçosos" estão enganados e que, por exemplo, "os portugueses são extremamente trabalhadores".
José Manuel Durão Barroso, que falava, em Bruxelas, num debate organizado por diversos "think tanks" (grupos de reflexões) sobre o Estado da União Europeia, disse que um dos principais problemas de hoje é "a polarização, que está a ameaçar tornar-se o resultado final da crise", e lamentou que "os preconceitos que estão a emergir", e que classificou como "inaceitáveis", ameaçam dividir a Europa e delinear um risco entre norte e sul da Europa.
Afirmando-se "muito preocupado" com este fenómeno, o presidente do executivo admitiu que a grande falha da União Europeia na resposta à crise foi precisamente não conseguir explicar aos cidadãos "o que estava em jogo", contribuindo para que as políticas de austeridade, que insistiu terem sido necessárias para corrigir os desequilíbrios criados pelos próprios Estados-membros, não tivessem aceitabilidade política e social, conduzindo a tensões.
"É aqui que acho que não fizemos tudo certo. Não fomos capazes, coletivamente - instituições europeias e Estados-membros -, de explicar o que estava em jogo e construir o apoio necessário", o que, assumiu, contribuiu também para que se desenvolvessem "preconceitos inaceitáveis", quer de um lado, quer do outro.
Segundo Durão Barroso, há a tendência, em alguns Estados-membros, em "simplificar", com os países da periferia, por um lado, a considerarem que "os problemas que têm não foram criados por si, mas por alguém, regra geral Berlim ou as instituições europeias ou o Fundo Monetário Internacional", o que, disse, não corresponde à verdade.
Pelo outro lado, sublinhou, há "a ideia que existe nos países do centro, ou nos países mais prósperos, de que houve alguma espécie de inabilidade dos povos da periferia ou do sul, de que alguns destes povos são, por definição, preguiçosos ou incompetentes".
"Este é um problema profundo, que eu considero moralmente intolerável e inaceitável. Vindo eu próprio de um destes países, posso dizer-lhes que o povo português é extremamente trabalhador", declarou.
O presidente da Comissão apontou ainda que "é verdade que há, de facto, diferentes níveis de produtividade e competitividade na Europa, mas nem todos estes problemas são devidos às qualidades dos povos ou das nações", como o mostra a História.
"Não é preciso recuar muito" para ver como os países mudam em termos de histórias de sucesso ou insucesso em termos económicos, afirmou.
O presidente da Comissão Europeia criticou hoje os "preconceitos" que estão a emergir na Europa, afirmando que aqueles que pensam que os povos do sul são "preguiçosos" estão enganados e que, por exemplo, "os portugueses são extremamente trabalhadores".
José Manuel Durão Barroso, que falava, em Bruxelas, num debate organizado por diversos "think tanks" (grupos de reflexões) sobre o Estado da União Europeia, disse que um dos principais problemas de hoje é "a polarização, que está a ameaçar tornar-se o resultado final da crise", e lamentou que "os preconceitos que estão a emergir", e que classificou como "inaceitáveis", ameaçam dividir a Europa e delinear um risco entre norte e sul da Europa.
Afirmando-se "muito preocupado" com este fenómeno, o presidente do executivo admitiu que a grande falha da União Europeia na resposta à crise foi precisamente não conseguir explicar aos cidadãos "o que estava em jogo", contribuindo para que as políticas de austeridade, que insistiu terem sido necessárias para corrigir os desequilíbrios criados pelos próprios Estados-membros, não tivessem aceitabilidade política e social, conduzindo a tensões.
"É aqui que acho que não fizemos tudo certo. Não fomos capazes, coletivamente - instituições europeias e Estados-membros -, de explicar o que estava em jogo e construir o apoio necessário", o que, assumiu, contribuiu também para que se desenvolvessem "preconceitos inaceitáveis", quer de um lado, quer do outro.
Segundo Durão Barroso, há a tendência, em alguns Estados-membros, em "simplificar", com os países da periferia, por um lado, a considerarem que "os problemas que têm não foram criados por si, mas por alguém, regra geral Berlim ou as instituições europeias ou o Fundo Monetário Internacional", o que, disse, não corresponde à verdade.
Pelo outro lado, sublinhou, há "a ideia que existe nos países do centro, ou nos países mais prósperos, de que houve alguma espécie de inabilidade dos povos da periferia ou do sul, de que alguns destes povos são, por definição, preguiçosos ou incompetentes".
"Este é um problema profundo, que eu considero moralmente intolerável e inaceitável. Vindo eu próprio de um destes países, posso dizer-lhes que o povo português é extremamente trabalhador", declarou.
O presidente da Comissão apontou ainda que "é verdade que há, de facto, diferentes níveis de produtividade e competitividade na Europa, mas nem todos estes problemas são devidos às qualidades dos povos ou das nações", como o mostra a História.
"Não é preciso recuar muito" para ver como os países mudam em termos de histórias de sucesso ou insucesso em termos económicos, afirmou.
21.4.13
Desemprego registado em Portugal com segunda queda mensal consecutiva
in Negócios on-line
Número de inscritos nos centros de emprego caiu em Março para 734 mil, na segunda queda mensal consecutiva, embora em termos homólogos o aumento seja ainda de dois dígitos.
No final de Março estavam inscritos nos centros de emprego em Portugal 734.448 pessoas, o que corresponde a uma diminuição de 5.163 no desemprego registado face a Fevereiro, mês em que a variação mensal já tinha sido negativa.
Apesar destas duas quedas mensais consecutivas, que sinalizam um abrandamento na escalada do desemprego em Portugal, o desemprego registado verificado no mês passado continua a ser bem superior ao número de inscritos de Dezembro de 2012 (710.652).
Na variação homóloga do desemprego registado, as subidas continuam a ser de dois dígitos. Ao número de inscritos verificado em Março corresponde um aumento homólogo de 11%, de acordo com os dados publicados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
No mês de Março inscreveram-se nos centros de emprego 63.494 desempregados, ou seja, uma média de 85 pessoas por hora. Um em cada três desempregados recorreu aos centros de empregos porque tinha chegado ao "fim o trabalho não permanente”, seguindo-se os “despedidos” (15,6% do total de inscritos em março).
O número de pessoas que está há mais de um ano à procura de emprego aumentou 30,2% em relação a março de 2012. Os dados do IEFP revelam que o aumento do desemprego verificou-se na procura do primeiro emprego (mais 22,7% que em 2012) mas também entre quem procurava um novo emprego (+10,1%).
No que se refere à escolaridade dos inscritos e comparando com o ano anterior, verifica-se um agravamento da situação em todos os níveis, com especial destaque para o ensino superior (mais 31,9%).
O desemprego aumentou no último ano em todas as regiões do país e ilhas. Já numa comparação com o mês anterior, verifica-se uma diminuição do desemprego em todas as regiões, à exceção do Alentejo e Açores (mais 0,2% e 0,8% respetivamente).
Mais de metade dos desempregados pertencem a cinco grupos profissionais: “pessoal dos serviços de proteção e segurança” (88.789), “trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio” (80.132), “operários e trabalhadores similares da indústria extrativa e construção civil” (68.959), “empregados de escritório” (68.453) e “trabalhadores não qualificados das minas, construção civil e indústria transformadora” (59.065).
Foi entre os “quadros superiores da administração pública”, um grupo pouco expressivo no total do desemprego, e entre os “docentes do ensino secundário, superior e profissões similares” que se registou um maior aumento de desemprego no último ano. Os professores desempregados aumentaram 73,7% em relação a 2012.
A maioria das pessoas que recorreu aos centros para encontrar um novo emprego tinha trabalhado em atividades do sector dos “serviços”, com maior relevância para as “atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio” e o “comércio por grosso e a retalho”, indica o relatório divulgado no site do IEFP.
Em Março houve um aumento de ofertas de emprego. No final do mês, havia 11.789 ofertas de emprego por satisfazer (mais 26,8% face a igual período de 2012 e mais 7,9% em relação ao mês anterior).
Só em Março chegaram aos centros de emprego 9.650 novas ofertas de emprego (mais 28,4% do que há um ano e mais 26,0% do que em Fevereiro).
Mais de metade das ofertas era para trabalhar nas áreas das actividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio, alojamento e restauração, administração pública, educação, atividades de saúde e apoio social assim como comércio por grosso e a retalho e construção.
Março foi também um mês em que 6.029 pessoas arranjaram trabalho através dos centros de emprego (mais 47,6% relativamente ao mês homólogo de 2012 e mais 26,6% do que em fevereiro).
A maioria conseguiu emprego na área de “trabalhadores não qualificados das minas, construção civil e indústria transformadora”, “pessoal dos serviços, de proteção e segurança", “outros operários, artífices e trabalhadores similares”, “operadores de máquinas e trabalhadores de montagem” e “trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio”.
Em Fevereiro de 2013, a taxa de desemprego em Portugal situou-se nos 17,5%, a terceira taxa mais alta na União Europeia, segundo dados do Eurostat. O Governo prevê que a taxa de desemprego atinja os 18,2% este ano e uma recessão de 2,3%.
Número de inscritos nos centros de emprego caiu em Março para 734 mil, na segunda queda mensal consecutiva, embora em termos homólogos o aumento seja ainda de dois dígitos.
No final de Março estavam inscritos nos centros de emprego em Portugal 734.448 pessoas, o que corresponde a uma diminuição de 5.163 no desemprego registado face a Fevereiro, mês em que a variação mensal já tinha sido negativa.
Apesar destas duas quedas mensais consecutivas, que sinalizam um abrandamento na escalada do desemprego em Portugal, o desemprego registado verificado no mês passado continua a ser bem superior ao número de inscritos de Dezembro de 2012 (710.652).
Na variação homóloga do desemprego registado, as subidas continuam a ser de dois dígitos. Ao número de inscritos verificado em Março corresponde um aumento homólogo de 11%, de acordo com os dados publicados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
No mês de Março inscreveram-se nos centros de emprego 63.494 desempregados, ou seja, uma média de 85 pessoas por hora. Um em cada três desempregados recorreu aos centros de empregos porque tinha chegado ao "fim o trabalho não permanente”, seguindo-se os “despedidos” (15,6% do total de inscritos em março).
O número de pessoas que está há mais de um ano à procura de emprego aumentou 30,2% em relação a março de 2012. Os dados do IEFP revelam que o aumento do desemprego verificou-se na procura do primeiro emprego (mais 22,7% que em 2012) mas também entre quem procurava um novo emprego (+10,1%).
No que se refere à escolaridade dos inscritos e comparando com o ano anterior, verifica-se um agravamento da situação em todos os níveis, com especial destaque para o ensino superior (mais 31,9%).
O desemprego aumentou no último ano em todas as regiões do país e ilhas. Já numa comparação com o mês anterior, verifica-se uma diminuição do desemprego em todas as regiões, à exceção do Alentejo e Açores (mais 0,2% e 0,8% respetivamente).
Mais de metade dos desempregados pertencem a cinco grupos profissionais: “pessoal dos serviços de proteção e segurança” (88.789), “trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio” (80.132), “operários e trabalhadores similares da indústria extrativa e construção civil” (68.959), “empregados de escritório” (68.453) e “trabalhadores não qualificados das minas, construção civil e indústria transformadora” (59.065).
Foi entre os “quadros superiores da administração pública”, um grupo pouco expressivo no total do desemprego, e entre os “docentes do ensino secundário, superior e profissões similares” que se registou um maior aumento de desemprego no último ano. Os professores desempregados aumentaram 73,7% em relação a 2012.
A maioria das pessoas que recorreu aos centros para encontrar um novo emprego tinha trabalhado em atividades do sector dos “serviços”, com maior relevância para as “atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio” e o “comércio por grosso e a retalho”, indica o relatório divulgado no site do IEFP.
Em Março houve um aumento de ofertas de emprego. No final do mês, havia 11.789 ofertas de emprego por satisfazer (mais 26,8% face a igual período de 2012 e mais 7,9% em relação ao mês anterior).
Só em Março chegaram aos centros de emprego 9.650 novas ofertas de emprego (mais 28,4% do que há um ano e mais 26,0% do que em Fevereiro).
Mais de metade das ofertas era para trabalhar nas áreas das actividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio, alojamento e restauração, administração pública, educação, atividades de saúde e apoio social assim como comércio por grosso e a retalho e construção.
Março foi também um mês em que 6.029 pessoas arranjaram trabalho através dos centros de emprego (mais 47,6% relativamente ao mês homólogo de 2012 e mais 26,6% do que em fevereiro).
A maioria conseguiu emprego na área de “trabalhadores não qualificados das minas, construção civil e indústria transformadora”, “pessoal dos serviços, de proteção e segurança", “outros operários, artífices e trabalhadores similares”, “operadores de máquinas e trabalhadores de montagem” e “trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio”.
Em Fevereiro de 2013, a taxa de desemprego em Portugal situou-se nos 17,5%, a terceira taxa mais alta na União Europeia, segundo dados do Eurostat. O Governo prevê que a taxa de desemprego atinja os 18,2% este ano e uma recessão de 2,3%.
O Estado social da Europa de Merkel
por Viriato Soromenho Marques, in Diário de Notícias
Em 2006, o BCE e os bancos centrais da Zona Euro iniciaram um estudo sobre o património das famílias nos diferentes países europeus ("Household Finance and Consumption Survey"). O estudo, cujos primeiros resultados foram publicados em abril, tem causado uma vasta polémica na imprensa. O principal responsável por isso foi o banco central alemão (Bundesbank) que, ainda em março, não hesitou em lançar para a opinião pública alemã alguns dados pouco inocentes, num arremedo de estudo comparativo entre a situação alemã e a de outros países europeus. Importa recordar que o Bundesbank é presidido por um jovem economista, Jens Weidmann, que tem um gosto especial para declarações bombásticas, com uma clara agenda política e ideológica. Quando Mario Draghi salvou a Zona Euro por duas vezes, primeiro com os LTRO, os financiamentos de emergência e longa duração à banca comercial (em dezembro de 2011 e fevereiro de 2012), e depois com o anúncio do apoio ilimitado, mas condicionado, do BCE no mercado secundário, aos países sob ataque especulativo sobre a sua dívida pública (OMT, em setembro de 2012), Jens Weidmann foi o campeão dos ataques ao presidente do BCE.
Bundesbank semeia a discórdia
Weidmann fez circular a sua leitura comparativa da situação das famílias europeias, na mesma altura em que o seu compatriota Jörg Asmussen comandava o ataque a Chipre, numa operação de "resgate" em que os cidadãos com as poupanças depositadas em bancos dos países periféricos perceberam que os seus aforros podem ser confiscados pela troika. Nesse contexto, o Bundesbank inoculou na opinião pública alemã a ideia tóxica de que as famílias espanholas, italianas e cipriotas têm em média um património muito superior às suas congéneres germânicas. Na imprensa económica mundial séria, ao longo das últimas semanas, as alegações do Bundesbank têm sido acusadas de terrorismo estatístico pela falta de rigor metodológico e pelo tratamento erróneo da informação. Mas a intenção de Weidmann foi atingida. Mais uma machadada na solidariedade europeia. Mais uma acha na fogueira em que arde o projeto de unidade europeia. Weidmann quer que os alemães pensem o seguinte: "Qual é o sentido de estarmos a contribuir com os nossos impostos para fundos de resgate de países cujos cidadãos são mais ricos do que nós?" A mensagem do Bundesbank funciona como propaganda em dois sentidos. Primeiro, naquilo que pretende manifestar como verdade (a ideia falsa de que os lares alemães se contam entre os mais pobres da Europa). E, segundo, no que pretende ocultar, quanto à natureza e raízes da verdadeira pobreza em expansão, também, na sociedade alemã. Com efeito, o que é impressionante, e Weidmann deixa passar em silêncio, são as razões que poderão explicar porque 10% da população controla quase 59,2% do património líquido do país, quando em 1998 apenas detinha 45% do mesmo.
Pobreza na prosperidade
A prosperidade alemã, de que o ministro Schäuble afirma estarem os outros países europeus invejosos, esconde uma destruição parcial do Estado social efetuada entre 2002 e 2005 pela aplicação de um pacote de reformas concebidas por um amigo pessoal do chanceler social-democrata Gerhard Schröder, Peter Hartz (que seria condenado, em 2007, a dois anos de prisão por corrupção...). As reformas Hartz "flexibilizaram as leis laborais", enfraquecendo o peso dos sindicatos no mercado de trabalho, diminuindo os respetivos custos, criando mais de 7,4 milhões de microjobs, postos precários e mal pagos que explicam a existência de um número crescente de trabalhadores pobres (working poor) em cidades alemãs como Leipzig (25% de pobreza urbana), Dortmund (24,2%), Duisburgo (23,5%), Hanôver (22,6%), Bremen (21,3%) e Colónia (20%). A descapitalização da segurança social significa, igualmente, que 13% da população com mais de 65 anos se encontra abaixo do limiar da pobreza, com tendência para aumentar. Tendo em consideração que na Alemanha, ao contrário do que sucede em Portugal ou em Espanha, a maioria das famílias não tem casa própria, esta precariedade também se projeta sobre o risco de perda de habitação condigna, em caso de perda de emprego ou de erosão nos apoios sociais. O que é incrível é que este ataque de uma elite económica com poucos escrúpulos, que esconde a sua usura sob a defesa da competitividade das exportações alemãs, parece ter capturado quase inteiramente os dois principais partidos do sistema político germânico: o SPD e a CDU/CSU. São estas receitas - na origem do facto de metade da população alemã ter de viver com apenas 1% da riqueza nacional - que estão a ser aplicadas, com intensidade redobrada, nos países sob intervenção da troika.
Merkel contra Bismarck
Até o chanceler Bismarck, conservador e antissocialista, teria vergonha desta "Europa alemã", baseada na criação da discórdia e da inveja entre os europeus, com base na desinformação, promovendo o aumento da pobreza e a concentração da riqueza dentro de cada país da Zona Euro. Bismarck, muito pelo contrário, foi o pioneiro do Estado social moderno com as suas leis de 1883 (seguros de saúde), de 1884 (seguro de acidentes de trabalho) e de 1889 (seguro de velhice e invalidez). Schröder iniciou o desmantelamento dessa herança de uma política de responsabilidade social do Estado, iniciada por Bismarck. Merkel, por seu turno, pretende agora levar essa política ativa de desigualdade social ao maior número possível de países europeus. Os europeus não se devem deixar enganar. A ameaça para a paz e a prosperidade europeias não está no lado de lá das fronteiras. O perigo vem de dentro. Das elites incompetentes e egoístas - e dos burocratas que as servem cegamente, como o ministro português Gaspar - que a degradação das nossas democracias representativas segregou como uma perigosa doença. Os que querem destruir a herança de Bismarck arriscam-se a despertar, na Europa inteira, o fantasma de um marxismo de legítima defesa.
Em 2006, o BCE e os bancos centrais da Zona Euro iniciaram um estudo sobre o património das famílias nos diferentes países europeus ("Household Finance and Consumption Survey"). O estudo, cujos primeiros resultados foram publicados em abril, tem causado uma vasta polémica na imprensa. O principal responsável por isso foi o banco central alemão (Bundesbank) que, ainda em março, não hesitou em lançar para a opinião pública alemã alguns dados pouco inocentes, num arremedo de estudo comparativo entre a situação alemã e a de outros países europeus. Importa recordar que o Bundesbank é presidido por um jovem economista, Jens Weidmann, que tem um gosto especial para declarações bombásticas, com uma clara agenda política e ideológica. Quando Mario Draghi salvou a Zona Euro por duas vezes, primeiro com os LTRO, os financiamentos de emergência e longa duração à banca comercial (em dezembro de 2011 e fevereiro de 2012), e depois com o anúncio do apoio ilimitado, mas condicionado, do BCE no mercado secundário, aos países sob ataque especulativo sobre a sua dívida pública (OMT, em setembro de 2012), Jens Weidmann foi o campeão dos ataques ao presidente do BCE.
Bundesbank semeia a discórdia
Weidmann fez circular a sua leitura comparativa da situação das famílias europeias, na mesma altura em que o seu compatriota Jörg Asmussen comandava o ataque a Chipre, numa operação de "resgate" em que os cidadãos com as poupanças depositadas em bancos dos países periféricos perceberam que os seus aforros podem ser confiscados pela troika. Nesse contexto, o Bundesbank inoculou na opinião pública alemã a ideia tóxica de que as famílias espanholas, italianas e cipriotas têm em média um património muito superior às suas congéneres germânicas. Na imprensa económica mundial séria, ao longo das últimas semanas, as alegações do Bundesbank têm sido acusadas de terrorismo estatístico pela falta de rigor metodológico e pelo tratamento erróneo da informação. Mas a intenção de Weidmann foi atingida. Mais uma machadada na solidariedade europeia. Mais uma acha na fogueira em que arde o projeto de unidade europeia. Weidmann quer que os alemães pensem o seguinte: "Qual é o sentido de estarmos a contribuir com os nossos impostos para fundos de resgate de países cujos cidadãos são mais ricos do que nós?" A mensagem do Bundesbank funciona como propaganda em dois sentidos. Primeiro, naquilo que pretende manifestar como verdade (a ideia falsa de que os lares alemães se contam entre os mais pobres da Europa). E, segundo, no que pretende ocultar, quanto à natureza e raízes da verdadeira pobreza em expansão, também, na sociedade alemã. Com efeito, o que é impressionante, e Weidmann deixa passar em silêncio, são as razões que poderão explicar porque 10% da população controla quase 59,2% do património líquido do país, quando em 1998 apenas detinha 45% do mesmo.
Pobreza na prosperidade
A prosperidade alemã, de que o ministro Schäuble afirma estarem os outros países europeus invejosos, esconde uma destruição parcial do Estado social efetuada entre 2002 e 2005 pela aplicação de um pacote de reformas concebidas por um amigo pessoal do chanceler social-democrata Gerhard Schröder, Peter Hartz (que seria condenado, em 2007, a dois anos de prisão por corrupção...). As reformas Hartz "flexibilizaram as leis laborais", enfraquecendo o peso dos sindicatos no mercado de trabalho, diminuindo os respetivos custos, criando mais de 7,4 milhões de microjobs, postos precários e mal pagos que explicam a existência de um número crescente de trabalhadores pobres (working poor) em cidades alemãs como Leipzig (25% de pobreza urbana), Dortmund (24,2%), Duisburgo (23,5%), Hanôver (22,6%), Bremen (21,3%) e Colónia (20%). A descapitalização da segurança social significa, igualmente, que 13% da população com mais de 65 anos se encontra abaixo do limiar da pobreza, com tendência para aumentar. Tendo em consideração que na Alemanha, ao contrário do que sucede em Portugal ou em Espanha, a maioria das famílias não tem casa própria, esta precariedade também se projeta sobre o risco de perda de habitação condigna, em caso de perda de emprego ou de erosão nos apoios sociais. O que é incrível é que este ataque de uma elite económica com poucos escrúpulos, que esconde a sua usura sob a defesa da competitividade das exportações alemãs, parece ter capturado quase inteiramente os dois principais partidos do sistema político germânico: o SPD e a CDU/CSU. São estas receitas - na origem do facto de metade da população alemã ter de viver com apenas 1% da riqueza nacional - que estão a ser aplicadas, com intensidade redobrada, nos países sob intervenção da troika.
Merkel contra Bismarck
Até o chanceler Bismarck, conservador e antissocialista, teria vergonha desta "Europa alemã", baseada na criação da discórdia e da inveja entre os europeus, com base na desinformação, promovendo o aumento da pobreza e a concentração da riqueza dentro de cada país da Zona Euro. Bismarck, muito pelo contrário, foi o pioneiro do Estado social moderno com as suas leis de 1883 (seguros de saúde), de 1884 (seguro de acidentes de trabalho) e de 1889 (seguro de velhice e invalidez). Schröder iniciou o desmantelamento dessa herança de uma política de responsabilidade social do Estado, iniciada por Bismarck. Merkel, por seu turno, pretende agora levar essa política ativa de desigualdade social ao maior número possível de países europeus. Os europeus não se devem deixar enganar. A ameaça para a paz e a prosperidade europeias não está no lado de lá das fronteiras. O perigo vem de dentro. Das elites incompetentes e egoístas - e dos burocratas que as servem cegamente, como o ministro português Gaspar - que a degradação das nossas democracias representativas segregou como uma perigosa doença. Os que querem destruir a herança de Bismarck arriscam-se a despertar, na Europa inteira, o fantasma de um marxismo de legítima defesa.
Portugal é a sétima economia mais lenta do mundo
João Silvestre, in Expresso
Austeridade e recessão na zona euro no vermelho são mistura explosiva para o desempenho económico português nos próximos anos.
A economia nacional foi uma das tartarugas do crescimento mundial nos primeiros dez anos do século XXI e prepara-se para repetir a 'proeza' nesta segunda década. Os números do Fundo Monetário Internacional (FMI) só vão até 2018 mas, mesmo excluindo 2011 e 2012, dois anos de recessão, a economia nacional está entre as mais lentas do planeta.
Contas do Expresso a partir da novas previsões do World Economic Outlook publicadas esta semana, durante a reunião de primavera do FMI e Banco Mundial que decorre em Washington, apontam para um crescimento médio anual de 0,9% entre 2013 e 2018. Pior desempenho só em seis países: Guiné-Equatorial, São Marino, Suazilândia, Micronésia, Itália e Espanha.
Austeridade e recessão na zona euro no vermelho são mistura explosiva para o desempenho económico português nos próximos anos.
A economia nacional foi uma das tartarugas do crescimento mundial nos primeiros dez anos do século XXI e prepara-se para repetir a 'proeza' nesta segunda década. Os números do Fundo Monetário Internacional (FMI) só vão até 2018 mas, mesmo excluindo 2011 e 2012, dois anos de recessão, a economia nacional está entre as mais lentas do planeta.
Contas do Expresso a partir da novas previsões do World Economic Outlook publicadas esta semana, durante a reunião de primavera do FMI e Banco Mundial que decorre em Washington, apontam para um crescimento médio anual de 0,9% entre 2013 e 2018. Pior desempenho só em seis países: Guiné-Equatorial, São Marino, Suazilândia, Micronésia, Itália e Espanha.
Escolas cortam nas visitas e no lanche do desporto escolar por falta de verbas
in Sol
Algumas escolas foram obrigadas a suspender visitas de estudo e deixar de dar lanches aos alunos do desporto escolar por causa do despacho do ministro das Finanças, que impede a realização de novas despesas, alertaram professores.
Numa escola EB2/3 de Viseu, dezenas de alunos que na semana passada participaram no campeonato promovido pelo desporto escolar não receberam lanche no final da prova, contou à Lusa Manuela Antunes, professora daquele estabelecimento de ensino.
“Foi recusado o pedido de lanche, por causa do despacho do ministro Vítor Gaspar. Neste caso estamos a falar de 30 alunos, mas imagino que isto esteja a acontecer em outras escolas também. Estamos a falar de uma situação em que os alunos fazem exercício físico intenso e, no final, a escola não lhes dá nenhum reforço alimentar, porque não tem autorização superior”, alertou Manuela Antunes.
A docente acredita que várias escolas estejam já a sofrer as consequências do despacho emitido a 8 de Abril pelo ministro das Finanças e que veio impedir ministérios e serviços públicos de realizar novas despesas.
Contactado pela Lusa, o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Adalmiro Botelho da Fonseca, disse ter conhecimento de uma escola onde foi cancelada uma visita de estudo, por causa da decisão do ministro das Finanças.
"Espero que o despacho deixe de produzir efeitos muito em breve. É que, se a proibição for apenas durante uns dias, os directores conseguem fazer a gestão das escolas. Pode haver um caso ou outro, de escolas mais isoladas que tiveram mais dificuldades, mas a maioria não teve, até agora, qualquer problema, além de que pode contar com a solidariedade das escolas vizinhas", contou Adalmiro Fonseca.
O vice-presidente da ANDAEP, Filinto Lima, alertou, no entanto, que caso a decisão se mantenha "para além dos 15 dias irá causar problemas. A medida SOS tem de ser desbloqueada”.
A agência Lusa questionou o Ministério da Educação e Ciência (MEC) sobre os efeitos nas escolas da medida de Vítor Gaspar, para não obteve qualquer resposta até ao momento.
Era esperado que o despacho do ministro das Finanças fosse suspenso na passada quinta-feira, na reunião de Conselho de Ministros, mas a decisão foi, para já, adiada para a próxima terça-feira.
Lusa/SOL
Algumas escolas foram obrigadas a suspender visitas de estudo e deixar de dar lanches aos alunos do desporto escolar por causa do despacho do ministro das Finanças, que impede a realização de novas despesas, alertaram professores.
Numa escola EB2/3 de Viseu, dezenas de alunos que na semana passada participaram no campeonato promovido pelo desporto escolar não receberam lanche no final da prova, contou à Lusa Manuela Antunes, professora daquele estabelecimento de ensino.
“Foi recusado o pedido de lanche, por causa do despacho do ministro Vítor Gaspar. Neste caso estamos a falar de 30 alunos, mas imagino que isto esteja a acontecer em outras escolas também. Estamos a falar de uma situação em que os alunos fazem exercício físico intenso e, no final, a escola não lhes dá nenhum reforço alimentar, porque não tem autorização superior”, alertou Manuela Antunes.
A docente acredita que várias escolas estejam já a sofrer as consequências do despacho emitido a 8 de Abril pelo ministro das Finanças e que veio impedir ministérios e serviços públicos de realizar novas despesas.
Contactado pela Lusa, o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Adalmiro Botelho da Fonseca, disse ter conhecimento de uma escola onde foi cancelada uma visita de estudo, por causa da decisão do ministro das Finanças.
"Espero que o despacho deixe de produzir efeitos muito em breve. É que, se a proibição for apenas durante uns dias, os directores conseguem fazer a gestão das escolas. Pode haver um caso ou outro, de escolas mais isoladas que tiveram mais dificuldades, mas a maioria não teve, até agora, qualquer problema, além de que pode contar com a solidariedade das escolas vizinhas", contou Adalmiro Fonseca.
O vice-presidente da ANDAEP, Filinto Lima, alertou, no entanto, que caso a decisão se mantenha "para além dos 15 dias irá causar problemas. A medida SOS tem de ser desbloqueada”.
A agência Lusa questionou o Ministério da Educação e Ciência (MEC) sobre os efeitos nas escolas da medida de Vítor Gaspar, para não obteve qualquer resposta até ao momento.
Era esperado que o despacho do ministro das Finanças fosse suspenso na passada quinta-feira, na reunião de Conselho de Ministros, mas a decisão foi, para já, adiada para a próxima terça-feira.
Lusa/SOL
Situação da Caixa Geral de Aposentações "é insustentável"
in RR
Especialista refere que se continuarem a sair funcionários públicos, o défice da CGA aumenta e terá de ser uma verba maior do Orçamento do Estado a tapar o buraco.
A situação da Caixa Geral de Aposentações (CGA) "é insustentável", alerta Jorge Bravo. O especialista em sustentabilidade da Segurança Social diz que os despedimentos que se anunciam na função pública vão agravar ainda mais o défice da instituição.
“A saída de funcionários públicos desde logo reduz o número de subscritores e quotizantes da Caixa Geral de Aposentações que, no fundo, é o regime de protecção dos funcionários públicos”, argumenta Jorge Bravo, em declarações ao programa da Renascença “Em Nome da Lei”.
O especialista recorda que, “desde os finais de 2005, não entram novos subscritores para a CGA, portanto, é um regime fechado que, cada ano, vai perdendo contribuintes e quotizantes, mas continua assumir encargos com pensões e outras prestações”.
Quer isto dizer, que “vai ver anualmente aumentar o seu défice entre termos de relação entre contribuições e prestações sociais”. Segundo Jorge Bravo, “em 2011, apenas um terço das prestações, sobretudo com pensões de velhice da CGA, foram pagas com contribuições e quotizações. Tudo o resto foi pago com transferências do Orçamento do Estado”. “Isso é insustentável”, alerta.
Já Luís Gonçalves da Silva, especialista em direito do trabalho, avisa que pode vir aí mais um drama social se forem os funcionários públicos mais velhos e com menos habilitações a serem os alvos dos despedimentos. Essas pessoas nunca vão conseguir encontrar trabalho e o Governo não pode deixar de ter isso em conta.
“Sabemos hoje, de acordo com os dados do desemprego, que pessoas com 45 ou 50 anos não voltam ao mercado de trabalho. Aumentando a longevidade, parece-me que é dramática essa situação”, sublinha Luís Gonçalves da Silva.
Para o professor de direito público, Luís Fábrica, “não podemos ter ilusões”. “O problema que se levanta é que não conseguimos fazer os cortes que os nossos credores nos exigem sem ir onde dói e onde dói é nos salários, nas prestações sociais e nas pensões”.
Já o deputado do PS Pedro Marques acusa o Governo de seguir opções a que nem sequer está obrigado pela “troika”, lembrando que quando foi secretário de Estado da Segurança Social negociou com os nossos credores internacionais e estes não quiseram nenhuma medida sobre pensões no memorando, por acreditarem na sustentabilidade do sistema português.
Pedro Marques defende ainda que não faz sentido a opção do Governo de querer continuar a aplicar uma contribuição social a quem recebe subsídios de desemprego ou de doença, isentando apenas as prestações mínimas. “Não faz nenhum sentido, porque sistema de Segurança Social é um estabilizador automático também até do ponto de vista económico, mas sobretudo do ponto de vista social”, sublinha o socialista.
Segundo o argumento de Pedro Marques, “isto quer dizer que quando há situações de fragilidade social, por via do desemprego ou da doença, existem as prestações sociais, as pessoas descontaram para ter direito às prestações e não se deve, do meu ponto de vista, escolher fazer amiúde esta lógica que é: como aumenta muito o desemprego e há muita gente a receber prestações, vamos lá e cortamos o valor das prestações que as pessoas estão a receber”.
O programa da Renascença “Em Nome da Lei” que será emitido este sábado, entre as 12h00 e as 13h00.
Especialista refere que se continuarem a sair funcionários públicos, o défice da CGA aumenta e terá de ser uma verba maior do Orçamento do Estado a tapar o buraco.
A situação da Caixa Geral de Aposentações (CGA) "é insustentável", alerta Jorge Bravo. O especialista em sustentabilidade da Segurança Social diz que os despedimentos que se anunciam na função pública vão agravar ainda mais o défice da instituição.
“A saída de funcionários públicos desde logo reduz o número de subscritores e quotizantes da Caixa Geral de Aposentações que, no fundo, é o regime de protecção dos funcionários públicos”, argumenta Jorge Bravo, em declarações ao programa da Renascença “Em Nome da Lei”.
O especialista recorda que, “desde os finais de 2005, não entram novos subscritores para a CGA, portanto, é um regime fechado que, cada ano, vai perdendo contribuintes e quotizantes, mas continua assumir encargos com pensões e outras prestações”.
Quer isto dizer, que “vai ver anualmente aumentar o seu défice entre termos de relação entre contribuições e prestações sociais”. Segundo Jorge Bravo, “em 2011, apenas um terço das prestações, sobretudo com pensões de velhice da CGA, foram pagas com contribuições e quotizações. Tudo o resto foi pago com transferências do Orçamento do Estado”. “Isso é insustentável”, alerta.
Já Luís Gonçalves da Silva, especialista em direito do trabalho, avisa que pode vir aí mais um drama social se forem os funcionários públicos mais velhos e com menos habilitações a serem os alvos dos despedimentos. Essas pessoas nunca vão conseguir encontrar trabalho e o Governo não pode deixar de ter isso em conta.
“Sabemos hoje, de acordo com os dados do desemprego, que pessoas com 45 ou 50 anos não voltam ao mercado de trabalho. Aumentando a longevidade, parece-me que é dramática essa situação”, sublinha Luís Gonçalves da Silva.
Para o professor de direito público, Luís Fábrica, “não podemos ter ilusões”. “O problema que se levanta é que não conseguimos fazer os cortes que os nossos credores nos exigem sem ir onde dói e onde dói é nos salários, nas prestações sociais e nas pensões”.
Já o deputado do PS Pedro Marques acusa o Governo de seguir opções a que nem sequer está obrigado pela “troika”, lembrando que quando foi secretário de Estado da Segurança Social negociou com os nossos credores internacionais e estes não quiseram nenhuma medida sobre pensões no memorando, por acreditarem na sustentabilidade do sistema português.
Pedro Marques defende ainda que não faz sentido a opção do Governo de querer continuar a aplicar uma contribuição social a quem recebe subsídios de desemprego ou de doença, isentando apenas as prestações mínimas. “Não faz nenhum sentido, porque sistema de Segurança Social é um estabilizador automático também até do ponto de vista económico, mas sobretudo do ponto de vista social”, sublinha o socialista.
Segundo o argumento de Pedro Marques, “isto quer dizer que quando há situações de fragilidade social, por via do desemprego ou da doença, existem as prestações sociais, as pessoas descontaram para ter direito às prestações e não se deve, do meu ponto de vista, escolher fazer amiúde esta lógica que é: como aumenta muito o desemprego e há muita gente a receber prestações, vamos lá e cortamos o valor das prestações que as pessoas estão a receber”.
O programa da Renascença “Em Nome da Lei” que será emitido este sábado, entre as 12h00 e as 13h00.
FMI adverte para "novos riscos" que estão a surgir
in Jornal de Notícias
O comité financeiro do Fundo Monetário Internacional apelou a uma atuação "decisiva" para consolidar uma recuperação que permanece "desigual" e advertiu que estão a surgir "novos riscos".
"Devemos atuar de forma decisiva para promover uma recuperação sustentável e restaurar a resistência da economia global", afirma o comité financeiro, principal órgão consultivo do FMI.
O documento refere que está a ocorrer uma recuperação "desigual" e que a criação de emprego e crescimento são demasiado "débeis".
Assim, as economias emergentes apresentam crescimentos acima dos 5%, seguidas pelos Estados Unidos, que registam uma débil reativação económica, e por fim pela zona euro, com uma recessão prevista para 2013 de 0,3%.
Numa referência à economia europeia o comité financeiro considerou "crucial" reduzir a "fragmentação financeira" e pediu "maiores progressos tangíveis" e decisivos, como uma "efetiva união bancária e uma mais forte união fiscal".
O organismo defendeu ainda as políticas monetaristas expansivas das economias avançadas, que "são necessárias para impulsionar o crescimento", mas assinalou que devem ser acompanhadas por "planos de consolidação fiscal credíveis a médio prazo".
Uma opção, sublinha o texto, que pode ajudar a conter os "potenciais impactos" destas prolongadas políticas expansionistas.
Os países emergentes, que registam elevadas taxas de crescimento, devem aproveitar a ocasião para "reconstruir as suas reservas e proteger-se das vulnerabilidades financeiras".
Entre os riscos que enfrentam, o Comité financeiro do FMI cita os provenientes "dos grandes e voláteis fluxos de capital" com destino a esses países, com o objetivo de garantirem maiores ingressões.
O comité financeiro do Fundo Monetário Internacional apelou a uma atuação "decisiva" para consolidar uma recuperação que permanece "desigual" e advertiu que estão a surgir "novos riscos".
"Devemos atuar de forma decisiva para promover uma recuperação sustentável e restaurar a resistência da economia global", afirma o comité financeiro, principal órgão consultivo do FMI.
O documento refere que está a ocorrer uma recuperação "desigual" e que a criação de emprego e crescimento são demasiado "débeis".
Assim, as economias emergentes apresentam crescimentos acima dos 5%, seguidas pelos Estados Unidos, que registam uma débil reativação económica, e por fim pela zona euro, com uma recessão prevista para 2013 de 0,3%.
Numa referência à economia europeia o comité financeiro considerou "crucial" reduzir a "fragmentação financeira" e pediu "maiores progressos tangíveis" e decisivos, como uma "efetiva união bancária e uma mais forte união fiscal".
O organismo defendeu ainda as políticas monetaristas expansivas das economias avançadas, que "são necessárias para impulsionar o crescimento", mas assinalou que devem ser acompanhadas por "planos de consolidação fiscal credíveis a médio prazo".
Uma opção, sublinha o texto, que pode ajudar a conter os "potenciais impactos" destas prolongadas políticas expansionistas.
Os países emergentes, que registam elevadas taxas de crescimento, devem aproveitar a ocasião para "reconstruir as suas reservas e proteger-se das vulnerabilidades financeiras".
Entre os riscos que enfrentam, o Comité financeiro do FMI cita os provenientes "dos grandes e voláteis fluxos de capital" com destino a esses países, com o objetivo de garantirem maiores ingressões.
Bispo de Bragança apela a que os cortes não sejam para "interesse de alguns"
in Jornal de Notícias
O bispo de Bragança-Miranda, José Cordeiro, defendeu, esta sexta-feira, que os mais recentes cortes anunciados pelo Governo na despesa pública devem ser feitos "olhando ao bem comum e não apenas aos interesses de alguns".
O mais jovem bispo de Portugal afirmou, em declarações à Lusa, encarar "com alguma preocupação" as medidas anunciadas que lhe merecem "um apelo veemente àquelas pessoas que têm a responsabilidade política, económica e social do país para que o façam com responsabilidade, com seriedade".
"O façam ultrapassando todos os interesses político partidários, olhando ao bem comum e o bem comum é o interesse de todos, não é só o interesse de alguns, e que atenda às reais necessidades pelas quais nós vivemos", sublinhou.
José Cordeiro reiterou ainda aquilo que já a Conferência Episcopal portuguesa disse sobre medidas anteriores e o apelo dos bispos portugueses "à esperança a todas as pessoas e, sobretudo àqueles que mais precisam".
O prelado falava à margem de uma visita pastoral a algumas paróquias de Bragança, que iniciou em setembro, e que durante quatro anos o levará às 634 aldeias da diocese de Bragança-Miranda.
No contacto com as pessoas, ao longo do ano e meio que está em funções e sobretudo nestas visitas pastoreais, José Cordeiro tem visto "mesmo já nas aldeias, uma pobreza presente fruto da conjuntura que o país está a viver".
O bispo teme que os novos cortes "agravem ainda mais o sofrimento" que bate à porta das instituições sociais ligadas à Igreja nesta região do Distrito de Bragança, sobretudo da Cáritas, mas também dos centros sociais e paroquiais, fundações e instituições de solidariedade social católicas.
"Temos notado sobretudo as pessoas que pela primeira vez recorrem aos serviços paroquiais diocesanos, nomeadamente à Cáritas diocesana, e isso começa a ser muito preocupante e muito alarmante", apontou.
Apesar das dificuldades que também estas instituições enfrentam, o bispo garantiu que "conseguem atender e a forma de atender é acompanhar as pessoas, não é apenas dar coisas e muito menos dar dinheiro, mas procurando pagar a fatura do gás, da farmácia, da eletricidade, das rendas de casa, e ajudando na medida do que é possível as pessoas a sair da situação de pobreza".
José Cordeiro recordou que "a pessoa humana, o bem comum e a solidariedade são as bases do primado da doutrina social da Igreja".
"Nós somos chamados ao desenvolvimento e à paz, ao progresso. É para aí que a humanidade caminha, não é um crescimento feroz desta economia de mercado e do lucro pelo lucro, mas é um crescimento em ordem ao desenvolvimento integral da pessoa", acrescentou.
O bispo de Bragança-Miranda, José Cordeiro, defendeu, esta sexta-feira, que os mais recentes cortes anunciados pelo Governo na despesa pública devem ser feitos "olhando ao bem comum e não apenas aos interesses de alguns".
O mais jovem bispo de Portugal afirmou, em declarações à Lusa, encarar "com alguma preocupação" as medidas anunciadas que lhe merecem "um apelo veemente àquelas pessoas que têm a responsabilidade política, económica e social do país para que o façam com responsabilidade, com seriedade".
"O façam ultrapassando todos os interesses político partidários, olhando ao bem comum e o bem comum é o interesse de todos, não é só o interesse de alguns, e que atenda às reais necessidades pelas quais nós vivemos", sublinhou.
José Cordeiro reiterou ainda aquilo que já a Conferência Episcopal portuguesa disse sobre medidas anteriores e o apelo dos bispos portugueses "à esperança a todas as pessoas e, sobretudo àqueles que mais precisam".
O prelado falava à margem de uma visita pastoral a algumas paróquias de Bragança, que iniciou em setembro, e que durante quatro anos o levará às 634 aldeias da diocese de Bragança-Miranda.
No contacto com as pessoas, ao longo do ano e meio que está em funções e sobretudo nestas visitas pastoreais, José Cordeiro tem visto "mesmo já nas aldeias, uma pobreza presente fruto da conjuntura que o país está a viver".
O bispo teme que os novos cortes "agravem ainda mais o sofrimento" que bate à porta das instituições sociais ligadas à Igreja nesta região do Distrito de Bragança, sobretudo da Cáritas, mas também dos centros sociais e paroquiais, fundações e instituições de solidariedade social católicas.
"Temos notado sobretudo as pessoas que pela primeira vez recorrem aos serviços paroquiais diocesanos, nomeadamente à Cáritas diocesana, e isso começa a ser muito preocupante e muito alarmante", apontou.
Apesar das dificuldades que também estas instituições enfrentam, o bispo garantiu que "conseguem atender e a forma de atender é acompanhar as pessoas, não é apenas dar coisas e muito menos dar dinheiro, mas procurando pagar a fatura do gás, da farmácia, da eletricidade, das rendas de casa, e ajudando na medida do que é possível as pessoas a sair da situação de pobreza".
José Cordeiro recordou que "a pessoa humana, o bem comum e a solidariedade são as bases do primado da doutrina social da Igreja".
"Nós somos chamados ao desenvolvimento e à paz, ao progresso. É para aí que a humanidade caminha, não é um crescimento feroz desta economia de mercado e do lucro pelo lucro, mas é um crescimento em ordem ao desenvolvimento integral da pessoa", acrescentou.
Suicídio subiu 54% no norte do país
Dina Margato, in Jornal de Notícias
83 pessoas puseram termo à vida neste trimestre no Norte, 29 mortos a mais do que em 2012. Desemprego cria desesperança e pode estar a alterar perfil das vítimas, alertam os especialistas.
Os registos do Instituto Nacional de Medicina Legal dão conta de 235 suicídios no primeiro trimestre deste ano. Só no Norte, a soma chega às 83 vítimas. No Sul e Centro perderam-se 80 e 72 vidas.
O número de vítimas no Norte surpreende por ser a mais elevada do país em termos absolutos e traduzir um aumento acentuado face ao ano anterior. Em período idêntico, no ano passado, houve 54. Este ano são mais 29 suicídios, mais 53,7%. No resto do território diminuíram. Comparando trimestres, houve mais dois.
83 pessoas puseram termo à vida neste trimestre no Norte, 29 mortos a mais do que em 2012. Desemprego cria desesperança e pode estar a alterar perfil das vítimas, alertam os especialistas.
Os registos do Instituto Nacional de Medicina Legal dão conta de 235 suicídios no primeiro trimestre deste ano. Só no Norte, a soma chega às 83 vítimas. No Sul e Centro perderam-se 80 e 72 vidas.
O número de vítimas no Norte surpreende por ser a mais elevada do país em termos absolutos e traduzir um aumento acentuado face ao ano anterior. Em período idêntico, no ano passado, houve 54. Este ano são mais 29 suicídios, mais 53,7%. No resto do território diminuíram. Comparando trimestres, houve mais dois.
Jovem usa papel higiénico para procurar emprego
in Jornal de Notícias
"Por favor, antes de limpar o rabo na minha cara leia o meu currículo". É assim que começam os 20 rolos de papel higiénico que Nuno Fonseca, jovem de Felgueiras, mandou fabricar nos Estados Unidos da América. Com mestrado em publicidade, viu-se sem emprego aos 22 anos e decidiu ser ousado para contornar o panorama. A ideia custou-lhe os únicos dois meses que trabalhou.
"Por favor, antes de limpar o rabo na minha cara leia o meu currículo". É assim que começam os 20 rolos de papel higiénico que Nuno Fonseca, jovem de Felgueiras, mandou fabricar nos Estados Unidos da América. Com mestrado em publicidade, viu-se sem emprego aos 22 anos e decidiu ser ousado para contornar o panorama. A ideia custou-lhe os únicos dois meses que trabalhou.
Escolas suspendem lanche por falta de verbas
por Lusa, texto publicado por Paula Mourato, in Diário de Notícias
Algumas escolas foram obrigadas a suspender visitas de estudo e deixar de dar lanches aos alunos do desporto escolar por causa do despacho do ministro das Finanças, que impede a realização de novas despesas, alertaram professores.
Numa escola EB2/3 de Viseu, dezenas de alunos que na semana passada participaram no campeonato promovido pelo desporto escolar não receberam lanche no final da prova, contou à Lusa Manuela Antunes, professora daquele estabelecimento de ensino.
"Foi recusado o pedido de lanche, por causa do despacho do ministro Vitor Gaspar. Neste caso estamos a falar de 30 alunos, mas imagino que isto esteja a acontecer em outras escolas também. Estamos a falar de uma situação em que os alunos fazem exercício físico intenso e, no final, a escola não lhes dá nenhum reforço alimentar, porque não tem autorização superior", alertou Manuela Antunes.
A docente acredita que várias escolas estejam já a sofrer as consequências do despacho emitido a 8 de abril pelo ministro das Finanças e que veio impedir ministérios e serviços públicos de realizar novas despesas.
Contactado pela Lusa, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Adalmiro Botelho da Fonseca, disse ter conhecimento de uma escola onde foi cancelada uma visita de estudo, por causa da decisão do ministro das Finanças.
"Espero que o despacho deixe de produzir efeitos muito em breve. É que, se a proibição for apenas durante uns dias, os diretores conseguem fazer a gestão das escolas. Pode haver um caso ou outro, de escolas mais isoladas que tiveram mais dificuldades, mas a maioria não teve, até agora, qualquer problema, além de que pode contar com a solidariedade das escolas vizinhas", contou Adalmiro Fonseca.
O vice-presidente da ANDAEP, Filinto Lima, alertou, no entanto, que caso a decisão se mantenha "para além dos 15 dias irá causar problemas. A medida SOS tem de ser desbloqueada".
A agência Lusa questionou o Ministério da Educação e Ciência (MEC) sobre os efeitos nas escolas da medida de Vitor Gaspar, para não obteve qualquer resposta até ao momento.
Era esperado que o despacho do ministro das Finanças fosse suspenso na passada quinta-feira, na reunião de Conselho de Ministros, mas a decisão foi, para já, adiada para a próxima terça-feira.
Algumas escolas foram obrigadas a suspender visitas de estudo e deixar de dar lanches aos alunos do desporto escolar por causa do despacho do ministro das Finanças, que impede a realização de novas despesas, alertaram professores.
Numa escola EB2/3 de Viseu, dezenas de alunos que na semana passada participaram no campeonato promovido pelo desporto escolar não receberam lanche no final da prova, contou à Lusa Manuela Antunes, professora daquele estabelecimento de ensino.
"Foi recusado o pedido de lanche, por causa do despacho do ministro Vitor Gaspar. Neste caso estamos a falar de 30 alunos, mas imagino que isto esteja a acontecer em outras escolas também. Estamos a falar de uma situação em que os alunos fazem exercício físico intenso e, no final, a escola não lhes dá nenhum reforço alimentar, porque não tem autorização superior", alertou Manuela Antunes.
A docente acredita que várias escolas estejam já a sofrer as consequências do despacho emitido a 8 de abril pelo ministro das Finanças e que veio impedir ministérios e serviços públicos de realizar novas despesas.
Contactado pela Lusa, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Adalmiro Botelho da Fonseca, disse ter conhecimento de uma escola onde foi cancelada uma visita de estudo, por causa da decisão do ministro das Finanças.
"Espero que o despacho deixe de produzir efeitos muito em breve. É que, se a proibição for apenas durante uns dias, os diretores conseguem fazer a gestão das escolas. Pode haver um caso ou outro, de escolas mais isoladas que tiveram mais dificuldades, mas a maioria não teve, até agora, qualquer problema, além de que pode contar com a solidariedade das escolas vizinhas", contou Adalmiro Fonseca.
O vice-presidente da ANDAEP, Filinto Lima, alertou, no entanto, que caso a decisão se mantenha "para além dos 15 dias irá causar problemas. A medida SOS tem de ser desbloqueada".
A agência Lusa questionou o Ministério da Educação e Ciência (MEC) sobre os efeitos nas escolas da medida de Vitor Gaspar, para não obteve qualquer resposta até ao momento.
Era esperado que o despacho do ministro das Finanças fosse suspenso na passada quinta-feira, na reunião de Conselho de Ministros, mas a decisão foi, para já, adiada para a próxima terça-feira.
Rede Europeia Anti-Pobreza promove sessão de sensibilização no Bairro da Esperança
in Rádio Pax
A Igreja Paroquial do Bairro da Esperança, em Beja, recebe esta tarde uma sessão de sensibilização intitulada “Flores de Esperança” sobre “Quais as vantagens de transformar o Bairro da Esperança no Bairro mais florido da cidade de Beja?".
Esta sessão é organizada pelo Núcleo Distrital de Beja da EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza e pelo Centro Social Cultural e Recreativo do Bairro da Esperança.
Com esta iniciativa, a organização pretende apresentar um conjunto de ideias e uma abordagem inovadora que permita potenciar a actividade económica já existente naquele Bairro, bem como criar condições para o desenvolvimento de novos produtos e serviços a partir de uma nova imagem a associar ao Bairro da Esperança.
João Martins, coordenador do Núcleo Distrital de Beja da EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza, refere que o Bairro tem hoje uma marca “muito forte chamada esperança”. Desta forma, segundo o mesmo responsável, vai ser lançado o desafio à comunidade de poder florir as suas ruas como forma de inverter a imagem menos positiva associada àquele Bairro.
A sessão está agendada para as 15 horas, na Igreja Paroquial do Bairro da Esperança.
A Igreja Paroquial do Bairro da Esperança, em Beja, recebe esta tarde uma sessão de sensibilização intitulada “Flores de Esperança” sobre “Quais as vantagens de transformar o Bairro da Esperança no Bairro mais florido da cidade de Beja?".
Esta sessão é organizada pelo Núcleo Distrital de Beja da EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza e pelo Centro Social Cultural e Recreativo do Bairro da Esperança.
Com esta iniciativa, a organização pretende apresentar um conjunto de ideias e uma abordagem inovadora que permita potenciar a actividade económica já existente naquele Bairro, bem como criar condições para o desenvolvimento de novos produtos e serviços a partir de uma nova imagem a associar ao Bairro da Esperança.
João Martins, coordenador do Núcleo Distrital de Beja da EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza, refere que o Bairro tem hoje uma marca “muito forte chamada esperança”. Desta forma, segundo o mesmo responsável, vai ser lançado o desafio à comunidade de poder florir as suas ruas como forma de inverter a imagem menos positiva associada àquele Bairro.
A sessão está agendada para as 15 horas, na Igreja Paroquial do Bairro da Esperança.
Andaluzia vai dar três refeições a crianças pobres
por Ana isabel Machado, editado por Patrícia Viegas, in Diário de Notícias
Com o impacto da crise financeira em Espanha, a região da Andaluzia tornou-se uma das mais afectadas do país vizinho. Porém, parece haver agora boas notícias. A região, localizada no sul de Espanha, prepara-se para introduzir uma nova legislação que garante a todas as crianças pelo menos três refeições por dia, numa altura em que a divisão social é cada vez maior (estima-se que a diferença entre o rendimento média dos ricos e dos mais pobres tenha aumentado em 30% desde 2006).
À estação de rádio Cadena Ser, a Ministra Regional para a Igualdade Susana Diaz disse: "As estatísticas mostram que cerca de seis em cada 100 crianças na Andaluzia estão em situação de extrema pobreza", sendo esta a principal razão para a implementação da nova lei. A ministra acrescentou que as refeições serão dadas durante a semanas nas escolas, ONG's e centros de actividades infantis.
Com oito milhões de pessoas, a Andaluzia é a região mais populosa de Espanha e tem uma taxa de desemprego de 35,86%, colocando-se acima da média nacional de 26,02%.
Esta medida insere-se num projeto de lei que visa lutar contra a "exclusão social". Também as ilhas Canárias tomaram medidas semelhantes em março passado: cerca de 130 escolas estarão abertas neste verão para receber e alimentar as crianças mais pobres, um número que ronda os oito mil estudantes.
Com o impacto da crise financeira em Espanha, a região da Andaluzia tornou-se uma das mais afectadas do país vizinho. Porém, parece haver agora boas notícias. A região, localizada no sul de Espanha, prepara-se para introduzir uma nova legislação que garante a todas as crianças pelo menos três refeições por dia, numa altura em que a divisão social é cada vez maior (estima-se que a diferença entre o rendimento média dos ricos e dos mais pobres tenha aumentado em 30% desde 2006).
À estação de rádio Cadena Ser, a Ministra Regional para a Igualdade Susana Diaz disse: "As estatísticas mostram que cerca de seis em cada 100 crianças na Andaluzia estão em situação de extrema pobreza", sendo esta a principal razão para a implementação da nova lei. A ministra acrescentou que as refeições serão dadas durante a semanas nas escolas, ONG's e centros de actividades infantis.
Com oito milhões de pessoas, a Andaluzia é a região mais populosa de Espanha e tem uma taxa de desemprego de 35,86%, colocando-se acima da média nacional de 26,02%.
Esta medida insere-se num projeto de lei que visa lutar contra a "exclusão social". Também as ilhas Canárias tomaram medidas semelhantes em março passado: cerca de 130 escolas estarão abertas neste verão para receber e alimentar as crianças mais pobres, um número que ronda os oito mil estudantes.
Centros de emprego registaram 85 novos desempregados por hora em março
in Sicnotícias
Cerca de 63 mil pessoas inscreveram-se em março nos centros de emprego, que já contam com 734 mil desempregados, revela o Instituto de Emprego, que registou uma diminuição de cinco mil desempregados em relação a fevereiro.
Segundo os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), em março inscreveram-se nos centros de emprego 63.494 desempregados, ou seja, uma média de 85 pessoas por hora.
No final do mês, estavam inscritas 734.448 pessoas, mais 11% do que há um ano.
Apesar dos números elevados, as contas do IEFP mostram que houve uma diminuição de menos 5.163 desempregados em relação a fevereiro.
Um em cada três desempregados recorreu aos centros de empregos porque tinha chegado ao "fim o trabalho não permanente", seguindo-se os "despedidos" (15,6% do total de inscritos em março).
O número de pessoas que está há mais de um ano à procura de emprego aumentou 30,2% em relação a março de 2012.
Os dados do IEFP revelam que o aumento do desemprego verificou-se na procura do primeiro emprego (mais 22,7% que em 2012) mas também entre quem procurava um novo emprego (+10,1%).
No que se refere à escolaridade dos inscritos e comparando com o ano anterior, verifica-se um agravamento da situação em todos os níveis, com especial destaque para o ensino superior (mais 31,9%).
O desemprego aumentou no último ano em todas as regiões do país e ilhas.
Já numa comparação com o mês anterior, verifica-se uma diminuição do desemprego em todas as regiões, à exceção do Alentejo e Açores (mais 0,2% e 0,8% respetivamente).
Mais de metade dos desempregados pertencem a cinco grupos profissionais: "pessoal dos serviços de proteção e segurança" (88.789), "trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio" (80.132), "operários e trabalhadores similares da indústria extrativa e construção civil" (68.959), "empregados de escritório" (68.453) e "trabalhadores não qualificados das minas, construção civil e indústria transformadora" (59.065).
Foi entre os "quadros superiores da administração pública", um grupo pouco expressivo no total do desemprego, e entre os "docentes do ensino secundário, superior e profissões similares" que se registou um maior aumento de desemprego no último ano. Os professores desempregados aumentaram 73,7% em relação a 2012.
A maioria das pessoas que recorreu aos centros para encontrar um novo emprego tinha trabalhado em atividades do sector dos "serviços", com maior relevância para as "atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio" e o "comércio por grosso e a retalho", indica o relatório divulgado no site do IEFP.
Em março houve um aumento de ofertas de emprego. No final do mês, havia 11.789 ofertas de emprego por satisfazer (mais 26,8% face a igual período de 2012 e mais 7,9% em relação ao mês anterior).
Só em março chegaram aos centros de emprego 9.650 novas ofertas de emprego (mais 28,4% do que há um ano e mais 26,0% do que em fevereiro).
Mais de metade das ofertas era para trabalhar nas áreas das atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio, alojamento e restauração, administração pública, educação, atividades de saúde e apoio social assim como comércio por grosso e a retalho e construção.
Março foi também um mês em que 6.029 pessoas arranjaram trabalho através dos centros de emprego (mais 47,6% relativamente ao mês homólogo de 2012 e mais 26,6% do que em fevereiro).
A maioria conseguiu emprego na área de "trabalhadores não qualificados das minas, construção civil e indústria transformadora", "pessoal dos serviços, de proteção e segurança", "outros operários, artífices e trabalhadores similares", "operadores de máquinas e trabalhadores de montagem" e "trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio".
Em fevereiro de 2013, a taxa de desemprego em Portugal situou-se nos 17,5%, a terceira taxa mais alta na União Europeia, segundo dados do Eurostat.
O Governo prevê que a taxa de desemprego atinja os 18,2% este ano e uma recessão de 2,3%.
Cerca de 63 mil pessoas inscreveram-se em março nos centros de emprego, que já contam com 734 mil desempregados, revela o Instituto de Emprego, que registou uma diminuição de cinco mil desempregados em relação a fevereiro.
Segundo os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), em março inscreveram-se nos centros de emprego 63.494 desempregados, ou seja, uma média de 85 pessoas por hora.
No final do mês, estavam inscritas 734.448 pessoas, mais 11% do que há um ano.
Apesar dos números elevados, as contas do IEFP mostram que houve uma diminuição de menos 5.163 desempregados em relação a fevereiro.
Um em cada três desempregados recorreu aos centros de empregos porque tinha chegado ao "fim o trabalho não permanente", seguindo-se os "despedidos" (15,6% do total de inscritos em março).
O número de pessoas que está há mais de um ano à procura de emprego aumentou 30,2% em relação a março de 2012.
Os dados do IEFP revelam que o aumento do desemprego verificou-se na procura do primeiro emprego (mais 22,7% que em 2012) mas também entre quem procurava um novo emprego (+10,1%).
No que se refere à escolaridade dos inscritos e comparando com o ano anterior, verifica-se um agravamento da situação em todos os níveis, com especial destaque para o ensino superior (mais 31,9%).
O desemprego aumentou no último ano em todas as regiões do país e ilhas.
Já numa comparação com o mês anterior, verifica-se uma diminuição do desemprego em todas as regiões, à exceção do Alentejo e Açores (mais 0,2% e 0,8% respetivamente).
Mais de metade dos desempregados pertencem a cinco grupos profissionais: "pessoal dos serviços de proteção e segurança" (88.789), "trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio" (80.132), "operários e trabalhadores similares da indústria extrativa e construção civil" (68.959), "empregados de escritório" (68.453) e "trabalhadores não qualificados das minas, construção civil e indústria transformadora" (59.065).
Foi entre os "quadros superiores da administração pública", um grupo pouco expressivo no total do desemprego, e entre os "docentes do ensino secundário, superior e profissões similares" que se registou um maior aumento de desemprego no último ano. Os professores desempregados aumentaram 73,7% em relação a 2012.
A maioria das pessoas que recorreu aos centros para encontrar um novo emprego tinha trabalhado em atividades do sector dos "serviços", com maior relevância para as "atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio" e o "comércio por grosso e a retalho", indica o relatório divulgado no site do IEFP.
Em março houve um aumento de ofertas de emprego. No final do mês, havia 11.789 ofertas de emprego por satisfazer (mais 26,8% face a igual período de 2012 e mais 7,9% em relação ao mês anterior).
Só em março chegaram aos centros de emprego 9.650 novas ofertas de emprego (mais 28,4% do que há um ano e mais 26,0% do que em fevereiro).
Mais de metade das ofertas era para trabalhar nas áreas das atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio, alojamento e restauração, administração pública, educação, atividades de saúde e apoio social assim como comércio por grosso e a retalho e construção.
Março foi também um mês em que 6.029 pessoas arranjaram trabalho através dos centros de emprego (mais 47,6% relativamente ao mês homólogo de 2012 e mais 26,6% do que em fevereiro).
A maioria conseguiu emprego na área de "trabalhadores não qualificados das minas, construção civil e indústria transformadora", "pessoal dos serviços, de proteção e segurança", "outros operários, artífices e trabalhadores similares", "operadores de máquinas e trabalhadores de montagem" e "trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio".
Em fevereiro de 2013, a taxa de desemprego em Portugal situou-se nos 17,5%, a terceira taxa mais alta na União Europeia, segundo dados do Eurostat.
O Governo prevê que a taxa de desemprego atinja os 18,2% este ano e uma recessão de 2,3%.
20.4.13
Desemprego em Felgueiras diminuiu quase 14% desde 2008
in Público on-line
O segredo está no calçado, kiwis e vinhos.
O desemprego em Felgueiras diminuiu 13,75% desde Fevereiro de 2008, em contraste com o aumento médio de 91% verificado no conjunto dos 12 municípios do Tâmega e Sousa, revelam dados oficiais.
De acordo com elementos constantes no site do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), nos últimos cinco anos, no concelho de Felgueiras, onde predomina a indústria de calçado, o número de pessoas inscritas no centro de emprego diminuiu de 3.805 (2008), para 3.282 (2013).
Contudo, apesar de os números serem ainda positivos, nota-se que o desemprego neste município está a aumentar, ainda que ligeiramente, desde Fevereiro de 2011, quando se verificou a menor taxa dos últimos anos. Em Fevereiro desse ano estavam inscritas 2.963 pessoas.
É entre as mulheres de Felgueiras que se verifica uma maior diminuição no desemprego, afectando actualmente menos 672 pessoas do que em 2008. Já entre os homens, a evolução é negativa, tendo crescido em 10,18% o número de inscritos no centro de emprego local.
Este dado indicia, segundo a Associação Empresarial de Felgueiras, que a diminuição do desemprego é explicada com o bom momento do calçado, sector que tradicionalmente emprega mais mão-de-obra feminina.
Para o presidente da Câmara de Felgueiras, o bom desempenho da economia local, traduzido na diminuição do desemprego no concelho, “demonstra a competência e excelência dos empresários, que procuram, num mercado global, colocar os seus produtos, sobretudo calçado, kiwis e vinhos”.
Inácio Ribeiro disse desejar que o resto do país consiga atingir os mesmos resultados, apelando ao Governo no sentido de olhar para o exemplo de Felgueiras.
Para o presidente de câmara, urge que o Governo trabalhe no incentivo à economia e ao emprego, apoiando empresas com potencial exportador como as que existem no Tâmega e Sousa.
No resto da região, a evolução do desemprego nos últimos cinco anos tem sido muito negativa. Em Paços de Ferreira, o número de inscritos aumentou mais de 176% e em Paredes 169%.
As taxas de crescimento mais elevadas verificam-se nos concelhos industrializados do Vale do Sousa, excepto em Felgueiras. Nos municípios do Baixo Tâmega, menos dependentes das indústrias transformadoras, a subida tem ocorrido num ritmo mais lento. Apesar disso, no Marco de Canaveses, muito afectado pela crise da construção civil, o desemprego aumentou 108%, mais do dobro da subida verificada no vizinho concelho de Amarante (46,2%), que tem resistido melhor à crise.
Para o presidente do Conselho Empresarial do Tâmega e Sousa, Luís Miguel Ribeiro, “o caso de Felgueiras é uma excepção”.
Por isso, afirmou à Lusa, a região e o país devem “aprender com o exemplo de Felgueiras”.
“Vamos, nos outros concelhos desta região, fazer a mesma aposta na qualidade, em novos mercados e, certamente, vamos conseguir inverter esta tendência do desemprego”, prevê o empresário.
O segredo está no calçado, kiwis e vinhos.
O desemprego em Felgueiras diminuiu 13,75% desde Fevereiro de 2008, em contraste com o aumento médio de 91% verificado no conjunto dos 12 municípios do Tâmega e Sousa, revelam dados oficiais.
De acordo com elementos constantes no site do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), nos últimos cinco anos, no concelho de Felgueiras, onde predomina a indústria de calçado, o número de pessoas inscritas no centro de emprego diminuiu de 3.805 (2008), para 3.282 (2013).
Contudo, apesar de os números serem ainda positivos, nota-se que o desemprego neste município está a aumentar, ainda que ligeiramente, desde Fevereiro de 2011, quando se verificou a menor taxa dos últimos anos. Em Fevereiro desse ano estavam inscritas 2.963 pessoas.
É entre as mulheres de Felgueiras que se verifica uma maior diminuição no desemprego, afectando actualmente menos 672 pessoas do que em 2008. Já entre os homens, a evolução é negativa, tendo crescido em 10,18% o número de inscritos no centro de emprego local.
Este dado indicia, segundo a Associação Empresarial de Felgueiras, que a diminuição do desemprego é explicada com o bom momento do calçado, sector que tradicionalmente emprega mais mão-de-obra feminina.
Para o presidente da Câmara de Felgueiras, o bom desempenho da economia local, traduzido na diminuição do desemprego no concelho, “demonstra a competência e excelência dos empresários, que procuram, num mercado global, colocar os seus produtos, sobretudo calçado, kiwis e vinhos”.
Inácio Ribeiro disse desejar que o resto do país consiga atingir os mesmos resultados, apelando ao Governo no sentido de olhar para o exemplo de Felgueiras.
Para o presidente de câmara, urge que o Governo trabalhe no incentivo à economia e ao emprego, apoiando empresas com potencial exportador como as que existem no Tâmega e Sousa.
No resto da região, a evolução do desemprego nos últimos cinco anos tem sido muito negativa. Em Paços de Ferreira, o número de inscritos aumentou mais de 176% e em Paredes 169%.
As taxas de crescimento mais elevadas verificam-se nos concelhos industrializados do Vale do Sousa, excepto em Felgueiras. Nos municípios do Baixo Tâmega, menos dependentes das indústrias transformadoras, a subida tem ocorrido num ritmo mais lento. Apesar disso, no Marco de Canaveses, muito afectado pela crise da construção civil, o desemprego aumentou 108%, mais do dobro da subida verificada no vizinho concelho de Amarante (46,2%), que tem resistido melhor à crise.
Para o presidente do Conselho Empresarial do Tâmega e Sousa, Luís Miguel Ribeiro, “o caso de Felgueiras é uma excepção”.
Por isso, afirmou à Lusa, a região e o país devem “aprender com o exemplo de Felgueiras”.
“Vamos, nos outros concelhos desta região, fazer a mesma aposta na qualidade, em novos mercados e, certamente, vamos conseguir inverter esta tendência do desemprego”, prevê o empresário.
Évora já tem 345 talhões em duas hortas comunitárias, e a autarquia quer abrir mais
in Público on-line
No sábado são entregues mais 138 lotes, mas a procura excede a oferta criada pelo município.
A Câmara de Évora anunciou hoje que vai entregar mais 138 talhões para hortas urbanas a outros tantos habitantes do concelho para contribuir para a sustentabilidade ambiental e para o aumento da autonomia alimentar das famílias.
Trata-se da segunda fase do projecto “Hortas Urbanas de Évora”, que decorre do processo da Agenda XXI e que visa “aproveitar os terrenos disponíveis para a criação de hortas comunitárias” que funcionem como “espaços de produção”, mas também de “socialização e convívio”.
Um ano após a entrega dos primeiros dos actuais 207 lotes, o município alentejano avança para uma segunda fase do projeto com a entrega, no sábado, de mais 138, desta vez junto ao Forte de Santo António, na periferia da cidade.
De acordo com a Câmara de Évora, os futuros 138 “hortelãos”, que terão de assinar o “acordo de utilização”, correspondendo a um manual de boas práticas, vão usufruir de 45 metros quadrados de um terreno no qual poderão cultivar os mais diversos produtos.
A autarquia realça que, tal como na primeira fase, foi feito um “investimento considerável” para infraestruturar o terreno, disponibilizando “vedação, depósito de água, rede de distribuição de água com colocação de torneiras de utilização coletiva, construção de caminhos e marcação dos talhões”.
Por existir “uma constante procura”, o município revela que está a trabalhar, em parceria com as juntas de freguesia, para que brevemente sejam criadas novas hortas noutros terrenos da cidade.
Segundo os promotores, o projecto visa contribuir para o aumento da autonomia alimentar das famílias, fomentar práticas de consumo mais equilibradas, ampliar a biodiversidade e alicerçar a consciência da necessidade do desenvolvimento sustentável.
São também objectivos da iniciativa potenciar a convivência familiar e comunitária e contribuir para uma melhor consciência ambiental.
No sábado são entregues mais 138 lotes, mas a procura excede a oferta criada pelo município.
A Câmara de Évora anunciou hoje que vai entregar mais 138 talhões para hortas urbanas a outros tantos habitantes do concelho para contribuir para a sustentabilidade ambiental e para o aumento da autonomia alimentar das famílias.
Trata-se da segunda fase do projecto “Hortas Urbanas de Évora”, que decorre do processo da Agenda XXI e que visa “aproveitar os terrenos disponíveis para a criação de hortas comunitárias” que funcionem como “espaços de produção”, mas também de “socialização e convívio”.
Um ano após a entrega dos primeiros dos actuais 207 lotes, o município alentejano avança para uma segunda fase do projeto com a entrega, no sábado, de mais 138, desta vez junto ao Forte de Santo António, na periferia da cidade.
De acordo com a Câmara de Évora, os futuros 138 “hortelãos”, que terão de assinar o “acordo de utilização”, correspondendo a um manual de boas práticas, vão usufruir de 45 metros quadrados de um terreno no qual poderão cultivar os mais diversos produtos.
A autarquia realça que, tal como na primeira fase, foi feito um “investimento considerável” para infraestruturar o terreno, disponibilizando “vedação, depósito de água, rede de distribuição de água com colocação de torneiras de utilização coletiva, construção de caminhos e marcação dos talhões”.
Por existir “uma constante procura”, o município revela que está a trabalhar, em parceria com as juntas de freguesia, para que brevemente sejam criadas novas hortas noutros terrenos da cidade.
Segundo os promotores, o projecto visa contribuir para o aumento da autonomia alimentar das famílias, fomentar práticas de consumo mais equilibradas, ampliar a biodiversidade e alicerçar a consciência da necessidade do desenvolvimento sustentável.
São também objectivos da iniciativa potenciar a convivência familiar e comunitária e contribuir para uma melhor consciência ambiental.
Investimento na Educação abaixo de 4% do PIB coloca Portugal ao nível da Indonésia, diz CNE
in Público on-line
A presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) disse nesta terça-feira no parlamento que reduzir o investimento público na Educação abaixo de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), “é colocar Portugal ao nível da Indonésia”.
Ana Maria Bettencourt esteve na Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República, acompanhada de outros conselheiros do órgão a que preside, para apresentar aos deputados as conclusões do relatório “Estado da Educação 2012 – Autonomia e Descentralização”, divulgado na passada semana.
Sublinhando perante os deputados que as contas relativas ao investimento na Educação são difíceis de fazer, porque à redução percentual em relação ao PIB é preciso também ter em conta a diminuição que o PIB tem sofrido nos últimos anos, Ana Maria Bettencourt defendeu que “este é o momento de olharmos para o futuro das crianças e defender aquilo que já ganhámos”.
À saída da sua audição pela comissão parlamentar, que aconteceu um dia antes da reunião Conselho de Ministros na qual devem ser discutidas as medidas que estão a ser negociadas de com a troika para compensar as que foram chumbadas pelo Tribunal Constitucional, a presidente do CNE disse acreditar que “as pessoas percebem que o futuro passa pela educação”, e frisou que “estamos a comprometer o futuro se baixarmos muito o investimento”.
“Tendo em conta os resultados e o caminho muito bom que temos vindo a fazer penso que se quisermos estar ao nível dos países europeus tem que haver alguma estabilidade ao nível do investimento”, declarou a presidente do CNE.
Para Ana Maria Bettencourt há “dois extremos” intocáveis na manutenção do investimento: a escolaridade obrigatória e os apoios para reduzir repetências e abandono escolar, e o desenvolvimento da educação de adultos, sendo que este último ponto está a ser acompanhado pelo CNE, que deverá emitir em breve uma recomendação sobre o assunto.
Ainda sobre financiamento, a presidente do CNE defendeu perante os deputados que “há limites para a dimensão das turmas”, até porque há constatações de que há turmas de tal forma grandes que não cabem nas salas de aula, e, continuou, ainda que perceba que a crise obriga a racionalizações, Ana Maria Bettencourt realçou que “há coisas que é preciso ver”.
A responsável defendeu ainda que o momento de crise deve ser encarado como uma oportunidade, sobretudo no que diz respeito à qualificação dos adultos, afirmando-se preocupada com o facto de haver muitos adultos jovens com níveis de escolarização muito baixa.
“Hoje há tendência para se achar que, como há mais desemprego, então, não vale a pena estudar. É preciso convencer as pessoas de que mais qualificações é mais emprego, os estudos apontam para aí. Valia a pena apostar nas pessoas que estão em casa, desempregadas”, disse.
A presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) disse nesta terça-feira no parlamento que reduzir o investimento público na Educação abaixo de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), “é colocar Portugal ao nível da Indonésia”.
Ana Maria Bettencourt esteve na Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República, acompanhada de outros conselheiros do órgão a que preside, para apresentar aos deputados as conclusões do relatório “Estado da Educação 2012 – Autonomia e Descentralização”, divulgado na passada semana.
Sublinhando perante os deputados que as contas relativas ao investimento na Educação são difíceis de fazer, porque à redução percentual em relação ao PIB é preciso também ter em conta a diminuição que o PIB tem sofrido nos últimos anos, Ana Maria Bettencourt defendeu que “este é o momento de olharmos para o futuro das crianças e defender aquilo que já ganhámos”.
À saída da sua audição pela comissão parlamentar, que aconteceu um dia antes da reunião Conselho de Ministros na qual devem ser discutidas as medidas que estão a ser negociadas de com a troika para compensar as que foram chumbadas pelo Tribunal Constitucional, a presidente do CNE disse acreditar que “as pessoas percebem que o futuro passa pela educação”, e frisou que “estamos a comprometer o futuro se baixarmos muito o investimento”.
“Tendo em conta os resultados e o caminho muito bom que temos vindo a fazer penso que se quisermos estar ao nível dos países europeus tem que haver alguma estabilidade ao nível do investimento”, declarou a presidente do CNE.
Para Ana Maria Bettencourt há “dois extremos” intocáveis na manutenção do investimento: a escolaridade obrigatória e os apoios para reduzir repetências e abandono escolar, e o desenvolvimento da educação de adultos, sendo que este último ponto está a ser acompanhado pelo CNE, que deverá emitir em breve uma recomendação sobre o assunto.
Ainda sobre financiamento, a presidente do CNE defendeu perante os deputados que “há limites para a dimensão das turmas”, até porque há constatações de que há turmas de tal forma grandes que não cabem nas salas de aula, e, continuou, ainda que perceba que a crise obriga a racionalizações, Ana Maria Bettencourt realçou que “há coisas que é preciso ver”.
A responsável defendeu ainda que o momento de crise deve ser encarado como uma oportunidade, sobretudo no que diz respeito à qualificação dos adultos, afirmando-se preocupada com o facto de haver muitos adultos jovens com níveis de escolarização muito baixa.
“Hoje há tendência para se achar que, como há mais desemprego, então, não vale a pena estudar. É preciso convencer as pessoas de que mais qualificações é mais emprego, os estudos apontam para aí. Valia a pena apostar nas pessoas que estão em casa, desempregadas”, disse.
APAV lança campanha de sensibilização sobre o stalking
Mariana Dias, in Público on-line
Novo sítio de Internet e brochura lançados a pretexto do Dia Nacional de Sensibilização para o fenómeno de assédio persistente, que se assinala amanhã.
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) lançou nesta quarta-feira a campanha "Levar o Stalking/Assédio Persistente a sério", que tem como objectivo sensibilizar os portugueses para esta forma de violência. Para o efeito, a associação disponibiliza, a partir de hoje, um site e uma brochura com informação sobre o fenómeno.
O stalking (assédio persistente) traduz-se numa forma de violência na qual uma pessoa impõe sobre outra uma série de comportamentos de assédio indesejados ou intrusivos, de forma insistente.
“O site, bem como esta brochura, oferecem informação a vítimas ou potenciais vítimas de stalking, uma forma de vitimação que não é reconhecida em Portugal como crime”, explica Mafalda Valério, da APAV. A informação foca qual o perfil das vítimas, dos agressores e contém ainda algumas estratégias de acção para pessoas que acreditem estar a ser alvo deste tipo de agressão.
As mulheres em idade jovem são o grupo mais vulnerável a este tipo de assédio. No entanto, a associação frisa que qualquer pessoa pode ser vítima. Ao contrário da crença comum, os agressores são maioritariamente conhecidos da vítima: podem ser colegas, amigos, ex-parceiros ou vizinhos.
O assédio persistente pode assumir várias proporções. Os casos mais comuns são os mais subtis e de cortejo da vítima, que se desenrolam pelo contacto repetido, recolha de informação e tentativas sucessivas de aproximação física. Em casos mais extremos e menos recorrentes, o agressor pode mesmo recorrer a ameaças ou comportamentos de intimidação que poderão depois originar agressões e tentativas de homicídio.
"Este é um tipo de vitimação que tem normalmente um crescendo, um agravamento ao longo do tempo", explica a responsável da APAV.
O acesso às redes sociais veio introduzir uma nova frente de acção ao nível do assédio persistente, sendo um meio muito utilizado no ciberstalking, como é conhecido. “Através das redes sociais, o agressor pode ir apertando o cerco à vítima.”
Denúncias crescem
Estes meios possibilitam ao ofensor publicar informações falsas sobre a vítima, que rapidamente se espalham, ou ainda tentar obter informações sobre ela junto de amigos e conhecidos.
Regra geral, o que a associação aconselha é que a vítima “não enfrente o agressor”. No entanto, o curso de acção vai depender da fase em que a situação se encontra. “Se for inicial, deve-se mostrar, de facto, que não há interesse no agressor por parte da vítima”, refere Mafalda Valério, frisando que, se a situação for avançada e já houver ameaças ou agressões, se deve contactar a polícia.
“Em qualquer das fases, procurar a APAV, que poderá ajudar a tomar decisões e planear o caminho para lidar com a situação”, conclui a técnica da associação. A APAV dispõe de uma rede nacional de gabinetes de apoio à vítima que oferecem aos vitimados “um plano de segurança e apoio especializado jurídico, psicológico, emocional e social”.
A APAV tem vindo a notar um aumento de pedidos de ajuda relativamente a este tipo de situações, num número que, segundo Mafalda Valério, “começa a ser mais significativo”. Em Portugal, tal como noutros países europeus, este fenómeno não é ainda reconhecido como uma forma de vitimização, facto que a APAV atribui à “falta de conhecimento, sensibilização e consenso” sobre a terminologia que descreve os comportamentos e actos desta natureza.
Dados de um estudo realizado, em 2010, pela Universidade do Minho apontam que 19,5% dos inquiridos já tinham sido vítimas de stalking, sendo que em 40,2% das situações os agressores eram conhecidos, colegas, familiares ou vizinhos.
Há ainda o registo de que, destes casos, quatro em cinco eram casos de assédio persistente de carácter diário ou semanal e que, em mais de metade das situações, o perseguidor aparecia em locais habitualmente frequentados pela vítima.
Novo sítio de Internet e brochura lançados a pretexto do Dia Nacional de Sensibilização para o fenómeno de assédio persistente, que se assinala amanhã.
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) lançou nesta quarta-feira a campanha "Levar o Stalking/Assédio Persistente a sério", que tem como objectivo sensibilizar os portugueses para esta forma de violência. Para o efeito, a associação disponibiliza, a partir de hoje, um site e uma brochura com informação sobre o fenómeno.
O stalking (assédio persistente) traduz-se numa forma de violência na qual uma pessoa impõe sobre outra uma série de comportamentos de assédio indesejados ou intrusivos, de forma insistente.
“O site, bem como esta brochura, oferecem informação a vítimas ou potenciais vítimas de stalking, uma forma de vitimação que não é reconhecida em Portugal como crime”, explica Mafalda Valério, da APAV. A informação foca qual o perfil das vítimas, dos agressores e contém ainda algumas estratégias de acção para pessoas que acreditem estar a ser alvo deste tipo de agressão.
As mulheres em idade jovem são o grupo mais vulnerável a este tipo de assédio. No entanto, a associação frisa que qualquer pessoa pode ser vítima. Ao contrário da crença comum, os agressores são maioritariamente conhecidos da vítima: podem ser colegas, amigos, ex-parceiros ou vizinhos.
O assédio persistente pode assumir várias proporções. Os casos mais comuns são os mais subtis e de cortejo da vítima, que se desenrolam pelo contacto repetido, recolha de informação e tentativas sucessivas de aproximação física. Em casos mais extremos e menos recorrentes, o agressor pode mesmo recorrer a ameaças ou comportamentos de intimidação que poderão depois originar agressões e tentativas de homicídio.
"Este é um tipo de vitimação que tem normalmente um crescendo, um agravamento ao longo do tempo", explica a responsável da APAV.
O acesso às redes sociais veio introduzir uma nova frente de acção ao nível do assédio persistente, sendo um meio muito utilizado no ciberstalking, como é conhecido. “Através das redes sociais, o agressor pode ir apertando o cerco à vítima.”
Denúncias crescem
Estes meios possibilitam ao ofensor publicar informações falsas sobre a vítima, que rapidamente se espalham, ou ainda tentar obter informações sobre ela junto de amigos e conhecidos.
Regra geral, o que a associação aconselha é que a vítima “não enfrente o agressor”. No entanto, o curso de acção vai depender da fase em que a situação se encontra. “Se for inicial, deve-se mostrar, de facto, que não há interesse no agressor por parte da vítima”, refere Mafalda Valério, frisando que, se a situação for avançada e já houver ameaças ou agressões, se deve contactar a polícia.
“Em qualquer das fases, procurar a APAV, que poderá ajudar a tomar decisões e planear o caminho para lidar com a situação”, conclui a técnica da associação. A APAV dispõe de uma rede nacional de gabinetes de apoio à vítima que oferecem aos vitimados “um plano de segurança e apoio especializado jurídico, psicológico, emocional e social”.
A APAV tem vindo a notar um aumento de pedidos de ajuda relativamente a este tipo de situações, num número que, segundo Mafalda Valério, “começa a ser mais significativo”. Em Portugal, tal como noutros países europeus, este fenómeno não é ainda reconhecido como uma forma de vitimização, facto que a APAV atribui à “falta de conhecimento, sensibilização e consenso” sobre a terminologia que descreve os comportamentos e actos desta natureza.
Dados de um estudo realizado, em 2010, pela Universidade do Minho apontam que 19,5% dos inquiridos já tinham sido vítimas de stalking, sendo que em 40,2% das situações os agressores eram conhecidos, colegas, familiares ou vizinhos.
Há ainda o registo de que, destes casos, quatro em cinco eram casos de assédio persistente de carácter diário ou semanal e que, em mais de metade das situações, o perseguidor aparecia em locais habitualmente frequentados pela vítima.
Metade dos jovens de alto risco volta à delinquência dois anos após medidas tutelares
in Público on-line
12 meses depois da aplicação das medidas tutelares, cerca de um quarto dos jovens considerados de alto risco volta à delinquência. Passados 26 meses, o número de reincidentes aumenta para quase metade.
Metade dos jovens de alto risco acolhidos pela Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) voltam à delinquência 26 meses depois de aplicadas medidas tutelares, conclui um estudo apresentado no âmbito do II Encontro Internacional Brasil-Portugal sobre Violência na Contemporaneidade, nesta quarta-feira, na Maia.
A conclusão resulta da aplicação pela DGRSP de “uma forma padronizada de avaliação de jovens ofensores” que contém 42 factores de risco, explicou Alberto Pimentel, técnico da entidade, durante o encontro que terminou hoje. Entre estes factores estão o rendimento escolar, a tolerância à frustração, a participação em actividades organizadas, os tempos livres e a própria família.
O instrumento de avaliação do risco criminógeno em jovens ofensores foi aplicado entre Maio de 2010 e Maio de 2011 e abrangeu todos os 2363 indivíduos que chegaram à DGRSP nesse período.
Ao nível da reincidência em 12 meses, o estudo conclui que 24% dos jovens considerados de alto risco voltam à delinquência. O valor sobe para os 48,6% em 26 meses. Já relativamente a jovens deliquentes de baixo risco são 2,4% os que reincidem passados 12 meses, aumentando, aos 26 meses, para 6,6%.
Estes números revelam a necessidade de avaliar os factores de prevenção, na mesma medida em que são tidos em conta os factores de risco.
O Programa Escolhas, criado em 2001 para promover a inclusão social de crianças e jovens provenientes de contextos socioeconómicos mais vulneráveis, é um dos projectos que apostam precisamente na prevenção, tendo conseguido a reintegração de 9776 jovens na sua última edição que decorreu entre Janeiro de 2010 e Dezembro de 2012.
Pedro Calado, director do programa desde 2007, frisa que “a delinquência é filha da frustração”, pelo que as potencialidades dos jovens devem ser devidamente analisadas e canalizadas.
Posição idêntica tem Nilton Formiga, investigador e docente do Centro Universitário Maurício de Nassau, no Brasil, para quem “um dos programas mais graves não é o acto delinquente” mas a falta de actividade de prevenção que, quando existe, “é muito inibida ou tímida”.
12 meses depois da aplicação das medidas tutelares, cerca de um quarto dos jovens considerados de alto risco volta à delinquência. Passados 26 meses, o número de reincidentes aumenta para quase metade.
Metade dos jovens de alto risco acolhidos pela Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) voltam à delinquência 26 meses depois de aplicadas medidas tutelares, conclui um estudo apresentado no âmbito do II Encontro Internacional Brasil-Portugal sobre Violência na Contemporaneidade, nesta quarta-feira, na Maia.
A conclusão resulta da aplicação pela DGRSP de “uma forma padronizada de avaliação de jovens ofensores” que contém 42 factores de risco, explicou Alberto Pimentel, técnico da entidade, durante o encontro que terminou hoje. Entre estes factores estão o rendimento escolar, a tolerância à frustração, a participação em actividades organizadas, os tempos livres e a própria família.
O instrumento de avaliação do risco criminógeno em jovens ofensores foi aplicado entre Maio de 2010 e Maio de 2011 e abrangeu todos os 2363 indivíduos que chegaram à DGRSP nesse período.
Ao nível da reincidência em 12 meses, o estudo conclui que 24% dos jovens considerados de alto risco voltam à delinquência. O valor sobe para os 48,6% em 26 meses. Já relativamente a jovens deliquentes de baixo risco são 2,4% os que reincidem passados 12 meses, aumentando, aos 26 meses, para 6,6%.
Estes números revelam a necessidade de avaliar os factores de prevenção, na mesma medida em que são tidos em conta os factores de risco.
O Programa Escolhas, criado em 2001 para promover a inclusão social de crianças e jovens provenientes de contextos socioeconómicos mais vulneráveis, é um dos projectos que apostam precisamente na prevenção, tendo conseguido a reintegração de 9776 jovens na sua última edição que decorreu entre Janeiro de 2010 e Dezembro de 2012.
Pedro Calado, director do programa desde 2007, frisa que “a delinquência é filha da frustração”, pelo que as potencialidades dos jovens devem ser devidamente analisadas e canalizadas.
Posição idêntica tem Nilton Formiga, investigador e docente do Centro Universitário Maurício de Nassau, no Brasil, para quem “um dos programas mais graves não é o acto delinquente” mas a falta de actividade de prevenção que, quando existe, “é muito inibida ou tímida”.
Portugal é exemplo europeu nas acessibilidades, garante Instituto Cidades e Vilas com Mobilidade
João Pedro Pincha, in Público on-line
De 2003, Ano Europeu da Pessoa com Deficiência, a 2013, o tema das acessibilidades foi objecto de vários programas. Resultados só agora começam a surgir.
No espaço de dez anos, Portugal passou de local onde "o tema [das acessibilidades] começava a florir" a "bom exemplo europeu", mas tardam em aparecer no terreno os resultados dos sucessivos programas públicos e privados com vista à melhoria da mobilidade para pessoas com deficiência. Quem o assume é Paula Teles, presidente do Instituto Cidades e Vilas com Mobilidade (ICVM), responsável pelo livro Acessibilidade e Mobilidade para Todos, que é lançado em Lisboa esta quinta-feira. O trabalho dos municípios portugueses neste âmbito "ainda não é visível mas está a aparecer", garante.
Tal como o PÚBLICO noticiou no domingo, quem se desloca em cadeira de rodas ou sofre de outro tipo de deficiência física depara-se ainda com inúmeras dificuldades na sua vida diária, seja no acesso a serviços, aos transportes ou simplesmente à via pública. Isto apesar de os centros cívicos de um terço das cidades portuguesas já serem plenamente acessíveis e, de 2008 até hoje, metade dos municípios (154) ter já começado a trabalhar em prol das acessibilidades para todos, aponta o livro.
Em 2003, lê-se no prefácio, "a sociedade civil ganhava força e preparava-se para o combate da democratização dos territórios e do direito à mobilidade". Actualmente, Portugal é apontado como um exemplo de mobilidade a nível europeu.
Apesar de os resultados práticos ainda serem poucos, de acordo com o livro as boas práticas começam a surgir por todo o país. É por isso que a publicação apresenta 50 exemplos concretos que abrangem o trabalho de câmaras municipais, entidades privadas e comunicação social. A ideia é "mostrar com alegria, numa altura de crise, que temos ainda bons trabalhos em Portugal", diz Paula Teles.
A crise é, aliás, para a responsável, uma oportunidade. "Algumas destas boas práticas são de baixo custo. Estamos a debater onde investir o nosso pouco dinheiro, vamos aproveitar para que tudo o que fazemos seja bem feito." E, para o ICVM, foram bem feitas as requalificações urbanas de Valença, São João da Madeira, Palmela e Vilamoura, entre outras.
À procura de mais acessibilidade
"Estamos em baixo de forma e deprimidos" com a situação actual, explica a fundadora do ICMV, e este livro vem "criar adrenalina" na sociedade e "vai ser importante na campanha para as autárquicas". Isto porque, acredita Paula Teles, o tema das acessibilidades vai estar presente na retórica política das candidaturas ao poder local. "Os municípios são muito importantes para [o desenvolvimento] [d]esta questão", até porque, para além de um direito humano, a acessibilidade é hoje também um factor de competitividade.
"O turismo acessível está na ordem do dia. Temos dados que evidenciam que as famílias procuram municípios mais acessíveis", explica Paula Teles, que é ainda presidente da Comissão Técnica de Acessibilidade e Design Inclusivo do Instituto Português da Qualidade (IPQ). Uma das boas práticas divulgadas no livro no âmbito do turismo é mesmo relativa ao IPQ e ao Turismo de Portugal, que têm colaborado numa Comissão para a Normalização no Domínio do Turismo.
Os 50 exemplos de práticas acessíveis apresentados em livro serão agraciados com um diploma em Maio, numa cerimónia a realizar na Fundação Serralves, no Porto. Além disto, o livro – que é co-financiado pelo Instituto Nacional para a Reabilitação – conta também com 13 entrevistas a autarcas e outros responsáveis de entidades públicas e privadas e depoimentos. A cerimónia de lançamento decorre esta quinta-feira, às 17h00, na sede do Instituto Nacional para a Reabilitação, em Lisboa.
De 2003, Ano Europeu da Pessoa com Deficiência, a 2013, o tema das acessibilidades foi objecto de vários programas. Resultados só agora começam a surgir.
No espaço de dez anos, Portugal passou de local onde "o tema [das acessibilidades] começava a florir" a "bom exemplo europeu", mas tardam em aparecer no terreno os resultados dos sucessivos programas públicos e privados com vista à melhoria da mobilidade para pessoas com deficiência. Quem o assume é Paula Teles, presidente do Instituto Cidades e Vilas com Mobilidade (ICVM), responsável pelo livro Acessibilidade e Mobilidade para Todos, que é lançado em Lisboa esta quinta-feira. O trabalho dos municípios portugueses neste âmbito "ainda não é visível mas está a aparecer", garante.
Tal como o PÚBLICO noticiou no domingo, quem se desloca em cadeira de rodas ou sofre de outro tipo de deficiência física depara-se ainda com inúmeras dificuldades na sua vida diária, seja no acesso a serviços, aos transportes ou simplesmente à via pública. Isto apesar de os centros cívicos de um terço das cidades portuguesas já serem plenamente acessíveis e, de 2008 até hoje, metade dos municípios (154) ter já começado a trabalhar em prol das acessibilidades para todos, aponta o livro.
Em 2003, lê-se no prefácio, "a sociedade civil ganhava força e preparava-se para o combate da democratização dos territórios e do direito à mobilidade". Actualmente, Portugal é apontado como um exemplo de mobilidade a nível europeu.
Apesar de os resultados práticos ainda serem poucos, de acordo com o livro as boas práticas começam a surgir por todo o país. É por isso que a publicação apresenta 50 exemplos concretos que abrangem o trabalho de câmaras municipais, entidades privadas e comunicação social. A ideia é "mostrar com alegria, numa altura de crise, que temos ainda bons trabalhos em Portugal", diz Paula Teles.
A crise é, aliás, para a responsável, uma oportunidade. "Algumas destas boas práticas são de baixo custo. Estamos a debater onde investir o nosso pouco dinheiro, vamos aproveitar para que tudo o que fazemos seja bem feito." E, para o ICVM, foram bem feitas as requalificações urbanas de Valença, São João da Madeira, Palmela e Vilamoura, entre outras.
À procura de mais acessibilidade
"Estamos em baixo de forma e deprimidos" com a situação actual, explica a fundadora do ICMV, e este livro vem "criar adrenalina" na sociedade e "vai ser importante na campanha para as autárquicas". Isto porque, acredita Paula Teles, o tema das acessibilidades vai estar presente na retórica política das candidaturas ao poder local. "Os municípios são muito importantes para [o desenvolvimento] [d]esta questão", até porque, para além de um direito humano, a acessibilidade é hoje também um factor de competitividade.
"O turismo acessível está na ordem do dia. Temos dados que evidenciam que as famílias procuram municípios mais acessíveis", explica Paula Teles, que é ainda presidente da Comissão Técnica de Acessibilidade e Design Inclusivo do Instituto Português da Qualidade (IPQ). Uma das boas práticas divulgadas no livro no âmbito do turismo é mesmo relativa ao IPQ e ao Turismo de Portugal, que têm colaborado numa Comissão para a Normalização no Domínio do Turismo.
Os 50 exemplos de práticas acessíveis apresentados em livro serão agraciados com um diploma em Maio, numa cerimónia a realizar na Fundação Serralves, no Porto. Além disto, o livro – que é co-financiado pelo Instituto Nacional para a Reabilitação – conta também com 13 entrevistas a autarcas e outros responsáveis de entidades públicas e privadas e depoimentos. A cerimónia de lançamento decorre esta quinta-feira, às 17h00, na sede do Instituto Nacional para a Reabilitação, em Lisboa.
30 anos, trabalhador activo e solteiro: assim são os brasileiros em Portugal
João Pedro Pincha, in Público on-line
Em Portugal vivem 110 mil brasileiros, a maior comunidade estrangeira no país. Instituto Nacional de Estatística ajuda-nos a conhecê-los melhor.
Em 2011, eram perto de 110 mil os brasileiros a residir em Portugal, o que faz desta nacionalidade a maior das comunidades estrangeiras a viver no país. Segundo dados revelados nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), é nos concelhos de Lisboa, Sintra e Cascais que habita a maioria desta população.
Face a 2001, ano em que a comunidade brasileira em Portugal era a 7.ª maior população imigrante, houve um crescimento de 244,5%, o que significa que os brasileiros correspondem já a 1% do total da população residente no território nacional.
São exactamente 109.787 os cidadãos do Brasil a viver actualmente em Portugal, mais 70 mil que os cabo-verdianos, o segundo maior grupo de estrangeiros no país.
Os dados do INE revelam que os brasileiros estão espalhados por todo o território português, mas é na região de Lisboa que se concentra mais de metade desta população (56,7%), em especial nos concelhos de Lisboa (10%), Sintra (7,9%), Cascais (6,1%) e Almada (4,2%).
Altas qualificações
Quanto ao seu perfil, estes imigrantes têm uma idade média de 30,9 anos — abaixo dos 34,2 apresentados pelo total dos estrangeiros no país — e são maioritariamente solteiros (54,2%, face a 37,5% de casados). Ainda assim, 57% vivem em união de facto ou são casados — e há perto de 23 mil a partilharem a vida com portugueses.
Do total de brasileiros que estão empregados (57,4%), a maior parte trabalha em limpeza de casas particulares, hotéis e restaurantes (15,9%), enquanto 10% são vendedores em lojas. Isto apesar de 41% dos membros desta população imigrante ter o ensino secundário ou pós-secundário — campo em que batem os portugueses, que em apenas 19,9% dos casos têm igual nível de escolaridade.
Em Portugal vivem 110 mil brasileiros, a maior comunidade estrangeira no país. Instituto Nacional de Estatística ajuda-nos a conhecê-los melhor.
Em 2011, eram perto de 110 mil os brasileiros a residir em Portugal, o que faz desta nacionalidade a maior das comunidades estrangeiras a viver no país. Segundo dados revelados nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), é nos concelhos de Lisboa, Sintra e Cascais que habita a maioria desta população.
Face a 2001, ano em que a comunidade brasileira em Portugal era a 7.ª maior população imigrante, houve um crescimento de 244,5%, o que significa que os brasileiros correspondem já a 1% do total da população residente no território nacional.
São exactamente 109.787 os cidadãos do Brasil a viver actualmente em Portugal, mais 70 mil que os cabo-verdianos, o segundo maior grupo de estrangeiros no país.
Os dados do INE revelam que os brasileiros estão espalhados por todo o território português, mas é na região de Lisboa que se concentra mais de metade desta população (56,7%), em especial nos concelhos de Lisboa (10%), Sintra (7,9%), Cascais (6,1%) e Almada (4,2%).
Altas qualificações
Quanto ao seu perfil, estes imigrantes têm uma idade média de 30,9 anos — abaixo dos 34,2 apresentados pelo total dos estrangeiros no país — e são maioritariamente solteiros (54,2%, face a 37,5% de casados). Ainda assim, 57% vivem em união de facto ou são casados — e há perto de 23 mil a partilharem a vida com portugueses.
Do total de brasileiros que estão empregados (57,4%), a maior parte trabalha em limpeza de casas particulares, hotéis e restaurantes (15,9%), enquanto 10% são vendedores em lojas. Isto apesar de 41% dos membros desta população imigrante ter o ensino secundário ou pós-secundário — campo em que batem os portugueses, que em apenas 19,9% dos casos têm igual nível de escolaridade.
“Esposas de Viseu” querem acabar com prostituição
Sandra Rodrigues, in Público on-line
Blogue está a divulgar as matrículas dos carros que se dirigem à Quinta do Grilo, que é conhecida como o “bairro vermelho” de Viseu.
Um blogue intitulado “esposasdeviseu” está a divulgar as matrículas e marcas de viaturas de pessoas que recorrem ao serviço de prostitutas na Quinta do Grilo, em Viseu. A página está online desde 9 de Abril e são já mais de 240 as matrículas expostas. Segundo os autores, anónimos, o site existe para que se “saiba quem são os homens porcos de Viseu que enganam as conterrâneas”.
O caso da prostituição na Quinta do Grilo ganhou maior expressão no início deste ano com a divulgação da revolta dos moradores. O local até ficou conhecido como o “bairro vermelho” de Viseu por as prostitutas se exibirem nas janelas dos andares onde moram e recebem os clientes.
Depois de abaixos-assinados e queixas na PSP por causa do “mau ambiente”, chegou agora a vez do “combate” à prostituição ser feito através das redes sociais. Uma “arma” que nem todos concordam ser a mais “eficaz”. “Não me chateia haver uma lista que divulgue esses dados, embora seja de ressalvar que a origem da mesma não é de fonte fidedigna”, disse Nuno Silva. Na sua opinião, é preciso haver algum cuidado, pois “poderá servir de vingança pessoal e a exposição prejudicar alguém que nem sabe do que se trata”.
Isabel Machado vive há três anos na Quinta do Grilo e admitiu que chega a ser “embaraçoso” sair do carro para entrar no prédio onde habita. “Já me aconteceu algumas vezes as pessoas que estão dentro de carros olharem para mim. É vergonhoso, mas ultimamente o bairro está mais calmo”, sublinhou. A moradora compreende a revolta quer de quem mora no bairro, quer das alegadas “esposas”, mas é da opinião que a divulgação das matrículas chega a ser “ridícula”. “Faz-me lembrar a história das mães de Bragança”, recordou.
“Parece-me abusiva esta iniciativa de pessoas que partem de uma atitude de preconceito”, começou por afirmar Carlos Vieira, da Olho Vivo, uma associação que tem prestado apoio a muitas prostitutas e cidadãs ilegais de Viseu. “Não me parece que esta seja a forma ideal para resolver os problemas. Há uma série de dispositivos legais aos quais os moradores podem recorrer e não é com esta exposição pública que eles vão acabar”. Para Carlos Vieira, um exemplo a seguir vem da Suécia, país que optou por “penalizar os clientes”.
A divulgação das matrículas numa página online levanta questões legais sobre a privacidade. A PSP de Viseu explicou que neste caso não se pode falar em “crime público” e que só poderá actuar se houver denúncia. “Nessa altura, investigamos e remetemos para o Ministério Público que depois se pronunciará”, disse o comandante Victor Rodrigues e confirmou que até esta sexta-feira nenhuma queixa tinha sido apresentada.
A polícia reforçou a sua presença no bairro depois das notícias que deram conta das queixas dos moradores, mas só pode actuar em situações de atentado ao pudor ou quando se vislumbram casos de lenocínio.
Blogue está a divulgar as matrículas dos carros que se dirigem à Quinta do Grilo, que é conhecida como o “bairro vermelho” de Viseu.
Um blogue intitulado “esposasdeviseu” está a divulgar as matrículas e marcas de viaturas de pessoas que recorrem ao serviço de prostitutas na Quinta do Grilo, em Viseu. A página está online desde 9 de Abril e são já mais de 240 as matrículas expostas. Segundo os autores, anónimos, o site existe para que se “saiba quem são os homens porcos de Viseu que enganam as conterrâneas”.
O caso da prostituição na Quinta do Grilo ganhou maior expressão no início deste ano com a divulgação da revolta dos moradores. O local até ficou conhecido como o “bairro vermelho” de Viseu por as prostitutas se exibirem nas janelas dos andares onde moram e recebem os clientes.
Depois de abaixos-assinados e queixas na PSP por causa do “mau ambiente”, chegou agora a vez do “combate” à prostituição ser feito através das redes sociais. Uma “arma” que nem todos concordam ser a mais “eficaz”. “Não me chateia haver uma lista que divulgue esses dados, embora seja de ressalvar que a origem da mesma não é de fonte fidedigna”, disse Nuno Silva. Na sua opinião, é preciso haver algum cuidado, pois “poderá servir de vingança pessoal e a exposição prejudicar alguém que nem sabe do que se trata”.
Isabel Machado vive há três anos na Quinta do Grilo e admitiu que chega a ser “embaraçoso” sair do carro para entrar no prédio onde habita. “Já me aconteceu algumas vezes as pessoas que estão dentro de carros olharem para mim. É vergonhoso, mas ultimamente o bairro está mais calmo”, sublinhou. A moradora compreende a revolta quer de quem mora no bairro, quer das alegadas “esposas”, mas é da opinião que a divulgação das matrículas chega a ser “ridícula”. “Faz-me lembrar a história das mães de Bragança”, recordou.
“Parece-me abusiva esta iniciativa de pessoas que partem de uma atitude de preconceito”, começou por afirmar Carlos Vieira, da Olho Vivo, uma associação que tem prestado apoio a muitas prostitutas e cidadãs ilegais de Viseu. “Não me parece que esta seja a forma ideal para resolver os problemas. Há uma série de dispositivos legais aos quais os moradores podem recorrer e não é com esta exposição pública que eles vão acabar”. Para Carlos Vieira, um exemplo a seguir vem da Suécia, país que optou por “penalizar os clientes”.
A divulgação das matrículas numa página online levanta questões legais sobre a privacidade. A PSP de Viseu explicou que neste caso não se pode falar em “crime público” e que só poderá actuar se houver denúncia. “Nessa altura, investigamos e remetemos para o Ministério Público que depois se pronunciará”, disse o comandante Victor Rodrigues e confirmou que até esta sexta-feira nenhuma queixa tinha sido apresentada.
A polícia reforçou a sua presença no bairro depois das notícias que deram conta das queixas dos moradores, mas só pode actuar em situações de atentado ao pudor ou quando se vislumbram casos de lenocínio.
Segurança Social precisa de dinheiro para pagar aos desempregados
in RR
Ministério de Pedro Mota Soares está sem dinheiro para pagar subsídios
A Segurança Social prepara-se para pedir mais dinheiro ao ministro das Finanças, Vitor Gaspar. O ministério de Pedro Mota Soares identificou uma derrapagem nas verbas para o pagamento das prestações sociais.
De acordo com o “Diário Económico”, o subsídio de desemprego é a prestação que mais está a pressionar as contas.
No Ministério da Segurança Social já se admite que o dinheiro não chegue para pagar os subsídios, caso não sejam reforçadas as verbas.
Ministério de Pedro Mota Soares está sem dinheiro para pagar subsídios
A Segurança Social prepara-se para pedir mais dinheiro ao ministro das Finanças, Vitor Gaspar. O ministério de Pedro Mota Soares identificou uma derrapagem nas verbas para o pagamento das prestações sociais.
De acordo com o “Diário Económico”, o subsídio de desemprego é a prestação que mais está a pressionar as contas.
No Ministério da Segurança Social já se admite que o dinheiro não chegue para pagar os subsídios, caso não sejam reforçadas as verbas.
Um milhão de portugueses fez voluntariado em 2012
in RR
Número representa 368,2 milhões de horas de trabalho voluntário. Estudo do INE revela que as mulheres participam mais do que os homens e que é na na faixa dos 25 aos 44 anos que há mais voluntários.
Um milhão de portugueses com 15 ou mais anos realizou em 2012 trabalho voluntário, dedicando, em média, 29 horas por mês a esta actividade. Os dados dados são do Instituto Nacional de Estatística (INE), que desenvolveu um inquérito piloto para caracterizar o trabalho voluntário nacional.
Os dados estimam que, em 2012, 11,5% da população com 15 ou mais anos (1.040.000) tenha participado em, pelo menos, uma actividade formal ou informal de voluntariado, o que representou 368,2 milhões de horas de trabalho voluntário.
"Tendo como referência o total de horas trabalhadas das Contas Nacionais Portuguesas pode concluir-se que as horas de trabalho voluntário equivaleram a 4,1% do total de horas trabalhadas", sublinha o documento.
A percentagem de mulheres a fazer voluntariado foi superior à dos homens, 57,3% e 42,7%, respectivamente. E a maior parte é casada (56,8%).
O INE refere que "a distribuição etária do voluntariado reflecte, de certa forma, a estrutura da população, não havendo grandes diferenças" no que respeita à taxa de voluntariado: 11,6% na faixa dos 15-24 anos, 13,1% dos 25 aos 44 anos, 12,7% dos 45 aos 64 anos e 7,3% com 65 ou mais anos.
Considerando a taxa de voluntariado por região, o INE refere que o Centro (12,3%) e Lisboa (12,0%) apresentaram taxas acima da média do país (11,5%).
Pouco mais de metade do total de voluntário (51,6%) realizou uma actividade voluntária através de uma organização ou instituição, refere o estudo, acrescentando que 51,4% dos voluntários desempenharam actividades a título ocasional e 48,5% numa base regular.
O Inquérito ao Trabalho Voluntário 2012 refere que "o trabalho voluntário constitui um recurso crucial de resolução de muitos problemas sociais, económicos e ambientais da actualidade", mas ainda tem "pouca visibilidade estatística".
Número representa 368,2 milhões de horas de trabalho voluntário. Estudo do INE revela que as mulheres participam mais do que os homens e que é na na faixa dos 25 aos 44 anos que há mais voluntários.
Um milhão de portugueses com 15 ou mais anos realizou em 2012 trabalho voluntário, dedicando, em média, 29 horas por mês a esta actividade. Os dados dados são do Instituto Nacional de Estatística (INE), que desenvolveu um inquérito piloto para caracterizar o trabalho voluntário nacional.
Os dados estimam que, em 2012, 11,5% da população com 15 ou mais anos (1.040.000) tenha participado em, pelo menos, uma actividade formal ou informal de voluntariado, o que representou 368,2 milhões de horas de trabalho voluntário.
"Tendo como referência o total de horas trabalhadas das Contas Nacionais Portuguesas pode concluir-se que as horas de trabalho voluntário equivaleram a 4,1% do total de horas trabalhadas", sublinha o documento.
A percentagem de mulheres a fazer voluntariado foi superior à dos homens, 57,3% e 42,7%, respectivamente. E a maior parte é casada (56,8%).
O INE refere que "a distribuição etária do voluntariado reflecte, de certa forma, a estrutura da população, não havendo grandes diferenças" no que respeita à taxa de voluntariado: 11,6% na faixa dos 15-24 anos, 13,1% dos 25 aos 44 anos, 12,7% dos 45 aos 64 anos e 7,3% com 65 ou mais anos.
Considerando a taxa de voluntariado por região, o INE refere que o Centro (12,3%) e Lisboa (12,0%) apresentaram taxas acima da média do país (11,5%).
Pouco mais de metade do total de voluntário (51,6%) realizou uma actividade voluntária através de uma organização ou instituição, refere o estudo, acrescentando que 51,4% dos voluntários desempenharam actividades a título ocasional e 48,5% numa base regular.
O Inquérito ao Trabalho Voluntário 2012 refere que "o trabalho voluntário constitui um recurso crucial de resolução de muitos problemas sociais, económicos e ambientais da actualidade", mas ainda tem "pouca visibilidade estatística".
Novo modelo de portagens vai ter tarifas mais baratas para regiões desfavorecidas
in RR
Secretário de Estado assegura que Governo ouviu os apelos das populações e "está a trabalhar para ter um sistema mais justo".
O secretário de Estado dos Transportes garantiu que ainda este ano entrará em vigor um novo sistema de cobrança de portagens nas antigas SCUT, discriminando positivamente as regiões mais desfavorecidas do país.
O novo modelo está a ser preparado pela empresa Estradas de Portugal (EP) e, garantiu Sérgio Monteiro, prevê a "equidade na cobrança" e uma tarifa "mais barata" nas vias do interior, com a definição de um valor máximo em função do índice de desenvolvimento.
"Desde o primeiro ao último quilómetro vai ser cobrado o mesmo e não como com o sistema actual, em que umas zonas [na mesma auto-estrada] pagavam muito mais para que outras zonas não pagassem", explicou o governante.
Reforçou ainda que as tarifas do sistema a implementar nas antigas SCUT (vias Sem Custos para o Utilizador) "ainda este ano" serão definidas em função do desenvolvimento de cada região.
"Haverá equidade na cobrança. O valor máximo cobrado em cada um das vias via ter em conta o seu índice de desenvolvimento económico", disse ainda.
O governante falava durante uma visita de trabalho a Valença e Vila Nova de Cerveira, em que acertou com o homólogo Rafael Catalã, secretário de Estado das Infra-estruturas e Transportes de Espanha, os novos modelos de pagamento para estrangeiros nas antigas Scut.
"Hoje, as vias do interior e aquelas que estão em zonas mais desfavorecidas, queixam-se que o preço por quilómetro é caro e que as pessoas e empresas que lá desenvolvem a sua actividade não têm capacidade para fazer esse pagamento. O Governo ouviu esse apelo e está a trabalhar para ter um sistema mais justo", sublinhou.
Secretário de Estado assegura que Governo ouviu os apelos das populações e "está a trabalhar para ter um sistema mais justo".
O secretário de Estado dos Transportes garantiu que ainda este ano entrará em vigor um novo sistema de cobrança de portagens nas antigas SCUT, discriminando positivamente as regiões mais desfavorecidas do país.
O novo modelo está a ser preparado pela empresa Estradas de Portugal (EP) e, garantiu Sérgio Monteiro, prevê a "equidade na cobrança" e uma tarifa "mais barata" nas vias do interior, com a definição de um valor máximo em função do índice de desenvolvimento.
"Desde o primeiro ao último quilómetro vai ser cobrado o mesmo e não como com o sistema actual, em que umas zonas [na mesma auto-estrada] pagavam muito mais para que outras zonas não pagassem", explicou o governante.
Reforçou ainda que as tarifas do sistema a implementar nas antigas SCUT (vias Sem Custos para o Utilizador) "ainda este ano" serão definidas em função do desenvolvimento de cada região.
"Haverá equidade na cobrança. O valor máximo cobrado em cada um das vias via ter em conta o seu índice de desenvolvimento económico", disse ainda.
O governante falava durante uma visita de trabalho a Valença e Vila Nova de Cerveira, em que acertou com o homólogo Rafael Catalã, secretário de Estado das Infra-estruturas e Transportes de Espanha, os novos modelos de pagamento para estrangeiros nas antigas Scut.
"Hoje, as vias do interior e aquelas que estão em zonas mais desfavorecidas, queixam-se que o preço por quilómetro é caro e que as pessoas e empresas que lá desenvolvem a sua actividade não têm capacidade para fazer esse pagamento. O Governo ouviu esse apelo e está a trabalhar para ter um sistema mais justo", sublinhou.
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