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Cerca de 14 milhões de pessoas no Iêmen – metade da população do país – enfrentam “condições pré-epidemia de fome”, disse o chefe humanitário da ONU ao Conselho de Segurança na terça-feira (23).
Embora seja difícil confirmar quantas pessoas estão morrendo de fome, ou doenças relacionadas à fome, Mark Lowcock disse que agentes de saúde apontam para um número crescente de mortes ligadas a fatores relacionados à alimentação, com uma agência de ajuda estimando no final de 2017 que 130 pessoas estavam morrendo todos os dias de fome extrema e doenças – quase 50 mil durante um ano.
Cerca de 14 milhões de pessoas no Iêmen – metade da população do país – enfrentam “condições pré-epidemia de fome”, disse o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, durante reunião no Conselho de Segurança na terça-feira (23).
Mark Lowcock, chefe humanitário da organização, disse que a avaliação da ONU, que revisa a estimativa de setembro de 11 milhões de pessoas em risco, tem base em pesquisas e análises recentes e categoriza “condições de pré-epidemia de fome”, no que diz respeito àqueles que são inteiramente dependentes de auxilio externo para sobrevivência.
A fome, disse Lowcock, é uma raridade no mundo moderno e, embora seja um sinal positivo de progresso, também deixa a situação no Iêmen tão revoltante.
Embora seja difícil confirmar quantas pessoas estão morrendo de fome, ou doenças relacionadas à fome, o chefe humanitário disse que agentes de saúde apontam para um número crescente de mortes ligadas a fatores relacionados à alimentação.
Uma agência de ajuda humanitária calculou no final de 2017 que 130 pessoas estavam morrendo todos os dias de fome extrema e doenças: quase 50 mil durante um ano.
No entanto, muitas mortes são encobertas: “Somente metade das instalações de saúde está funcionando e muitos iemenitas são pobres demais para acessar as que estão abertas. Incapazes de receber ajuda, pessoas frequentemente morrem em casa. Poucas famílias relatam estas mortes; suas histórias não são registradas”.
Lowcock disse que a situação no Iêmen está bem mais séria do que em 2017, quando alertas de fome levaram a uma ampliação acentuada dos esforços de alívio coordenados pela ONU por conta do grande número de pessoas em risco.
Além das pessoas que estão em risco de fome, a assistência alimentar de emergência, da qual milhões dependem há anos, é o suficiente apenas para sobrevivência, disse Lowcock.
Ele acrescentou que seus sistemas imunológicos estão literalmente em colapso, tornando-os – especialmente crianças e idosos – mais prováveis de sucumbirem à desnutrição, cólera e outras doenças.
O enviado especial relatou poucos progressos em duas questões essenciais exacerbando a crise: confrontos em torno da cidade de Hodeida – a quarta maior cidade do país, também grafada como “Al Hudaydah” –, que está sufocando operações comerciais e de ajuda, e o colapso da economia.
No primeiro ponto, confrontos intensos, tiroteios e ataques aéreos continuavam atingindo Hodeida nos dias recentes, fazendo com que mais de meio milhão de pessoas tivessem que deixar suas casas. Mais de 5 mil violações distintas de leis humanitárias internacionais por todas as partes do conflito foram registradas desde maio, incluindo mortes em massa de civis.
A ajuda humanitária tem sido severamente enfraquecida por atrasos na emissão de vistos, restrições em importações de equipamentos e cargas e outras obstruções. Lowcock alertou que esforços de alívio serão simplesmente soterrados se confrontos não cessarem.
A situação econômica é tensa, com o Produto Interno Bruto (PIB) cortado pela metade desde 2015, mais de 600 mil empregos perdidos e mais de 80% da população vivendo abaixo da linha da pobreza.
Lowcock pediu uma entrada urgente e substancial de moeda estrangeira, e que pagamentos para pensionistas e funcionários públicos essenciais sejam retomados.
O representante das Nações Unidas pediu ação urgente em cinco áreas: uma cessação de hostilidades dentro e nos arredores de infraestruturas e instalações das quais operações de ajuda e importações comerciais dependem; proteção de suprimentos de alimentos e bens essenciais em todo o país; uma injeção maior e mais rápida de moeda estrangeira na economia; aumento em financiamentos em apoio para a operação humanitária; e, finalmente, para todas as partes se engajarem plenamente com a ONU para encerrar o conflito.