Daniela Filipe, in Público on-line
Alta comissária dos Direitos Humanos defende uma operação humanitária de procura e resgate de migrantes no Mediterrâneo.
A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, anunciou que vai enviar equipas para Itália, perante a vaga de violência contra imigrantes, africanos e ciganos no país. Matteo Salvini, líder do partido de extrema-direita Liga e ministro do Interior, disse que a medida é "desadequada, infundada e injusta".
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Durante a reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, a antiga Presidente do Chile aludiu ao facto de que o governo italiano tem negado entrada a navios de resgate de migrantes no Mediterrâneo, como o Aquarius, declarando que "esta postura política tem consequências devastadoras para as pessoas, muitas delas já vulneráveis".
Face às denúncias de violência racial contra imigrantes, africanos e ciganos, a alta comissária da ONU anunciou o envio de equipas para Itália, com o intuito de avaliar a situação.
O ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, que ameaçou rever o financiamento à União Europeia caso nada seja feito quanto aos migrantes que procuram Itália como porto seguro, disse no Twitter que "a Itália recebeu 700.000 imigrantes nos últimos anos, incluindo ilegais, e nunca teve qualquer ajuda de outros países europeus".
"Não aceitaremos lições de ninguém, muito menos das Nações Unidas", disse ainda Salvini, aconselhando a ONU a concentrar-se em Estados-membros onde os direitos são violados todos os dias.
Na sequência da proibição da saída de qualquer pessoa do navio de resgate Diciotti, Salvini foi formalmente investigado por "sequestro de pessoas, detenções ilegais e abuso de poder", por ter mantido mais de 100 pessoas dentro da embarcação até que tivesse garantias de que outros países europeus os acolhessem.
Segundo a oposição e os grupos anti-racismo em Itália, houve um aumento no número de ataques a imigrantes desde a entrada em funções do novo Governo, em Junho. Desde então já foram registados 14 tiroteios, dois assassínios e 56 agressões físicas, aparentemente com motivações racistas, de acordo com os media italianos.
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O ministro foi também acusado pela oposição de propiciar um clima de ódio após os ataques, ao partilhar no Twitter, em Julho, a frase "Muitos inimigos, muita honra" – usada como propaganda pelo regime de Benito Mussolini.
Salvini também já disse que quer fazer o recenseamento dos ciganos em Itália, afirmando na altura que "os estrangeiros em situação irregular [seriam] expulsos". "Quanto aos ciganos italianos, talvez tenhamos de ficar com eles", disse também, em entrevista à televisão italiana Telelombardia.