Samuel Silva, Público on-line
Diferença no desempenho na leitura cresceu na última década, mostram os dados do PISA. Apenas 2% de alunos de origens desfavorecidas conseguem estar entre os melhores.
A diferença de desempenho na leitura entre os alunos ricos e pobres aumentou, na última década, em Portugal, mostram os resultados dos PISA (Programme for International Student Assessment), que são divulgados nesta terça-feira. Apenas 2% dos estudantes de origens desfavorecidas conseguem estar entre os melhores no estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE).
Os dados de 2018 mostram que os estudantes provenientes de contexto privilegiados têm uma pontuação média superior em 95 pontos aos colegas de origens desfavorecidas, na avaliação das competências de leitura. Essa diferença não só é superior à média dos países que integram o estudo da OCDE (89 pontos), como representa um aumento significativo face a 2009 no que à população portuguesa diz respeito. Há uma década – na última versão do PISA em que a leitura foi o conteúdo em destaque – o desempenho dos alunos mais pobres era inferior em 87 pontos ao dos colegas com maior capital socioeconómico.
O PISA 2018 mostra que apenas 2% dos estudantes desfavorecidos nacionais conseguiram um lugar no grupo dos que tiveram melhor desempenho na avaliação da competências de leitura. Entre os estudantes favorecidos, a percentagem é mais elevada: 16%.
O relatório da OCDE que analisa o desempenho dos jovens de 15 anos, relativo a Portugal, sublinha que estatuto socioeconómico é “um forte preditor da performance” dos alunos nacionais também no que às competências de matemática e ciências diz respeito. A origem dos alunos explica 17% das variações nos resultados em matemática (face a 14% de média nos restantes países do estudo) e 16% das variações em ciências (13% em média).
“Muitos estudantes desfavorecidos e com alto desempenho” apresentam “ambições mais baixas do que seria expectável dado o seu sucesso académico”, aponta também o estudo.
Face a estes resultados, “muitos estudantes desfavorecidos e com alto desempenho” apresentam “ambições mais baixas do que seria expectável dado o seu sucesso académico”, aponta também o estudo. Em Portugal, apenas três em quatro estudantes desfavorecidos e com alto desempenho dizem esperar terminar o ensino superior, ao passo que quase todos os estudantes provenientes de contextos privilegiados e com bom desempenho nos testes PISA esperam concluir um curso universitário.
Avaliação internacional dos alunos de 15 anos. O que é e para que serve o PISA?
Outra diferença apontada pelo estudo é a dos resultados dos alunos com origens exteriores a Portugal. Os estudantes imigrantes (primeira ou segunda geração) têm uma média de desempenho na leitura 32 pontos inferior à dos restantes estudantes. Ainda assim, 17% destes alunos conseguem um lugar entre os 25% com melhores desempenhos, um indicador semelhante à média dos países que integram a análise da OCDE.
De acordo com o PISA 2018, o número de estudantes com origens exteriores a Portugal subiu na última década: são 7%, mais dois pontos do que em 2009. Cerca de um quarto destes é proveniente de um contexto socioeconómico desfavorecido.
O PISA é uma grande avaliação internacional à literacia dos alunos de 15 anos. Incide em três áreas-chave: ciências, matemática e leitura. Cada leva de testes (são feitos a cada três anos em dezenas de países) privilegia uma área em particular. Nesta edição a área em destaque é a leitura.